As lições de Konosuke Matsushita

A experiência de Konosuke pode ser uma lição para as lideranças de hoje, onde as situações estão tão desafiantes como o foram para Konosuke Matsushita e onde a economia é tão competitiva como o foi para ele.

Konosuke Matsushita (Wakayama, 27 de novembro de 1894 – Osaka, 27 de abril de 1989), foi um dos maiores nomes da história da indústria, foi sinônimo de empreendedorismos, competência e realização.

 

Konosuke Matsushita é um dos símbolos do poderio japonês no século XX. Sua história tem todos os ingredientes das sagas dos empreendedores. Começou a trabalhar em troca de comida com apenas 9 anos, foi um operário com grandes ideias e fundou uma empresa de soquetes elétricos dentro de sua própria casa – dois cômodos menores que uma garagem.

 

Intuitivamente, aplicou os conceitos da produção em série, especializando e dividindo seus funcionários por tarefas. Matsushita não era um criador. Era um aperfeiçoador. Seu lema era fazer melhor, em maior quantidade e mais barato. 

 

Matsushita construiu seu grupo dentro dos princípios japoneses da disciplina e do respeito à coletividade. Todas as manhãs, antes do início do expediente, seus funcionários recitavam o credo e cantavam o hino da companhia. Certa vez usou a água que saía de uma torneira como exemplo do que queria para seus negócios.

 

“Aqui está um produto vital, produzido e distribuído tão barato que quase todos podem comprá-lo”, disse. “É isso o que o empreendedor e o empresário devem ter como objetivo: fazer com que todos os produtos sejam inesgotáveis e baratos como a água da torneira.” 

 

Ao sul de Osaka numa pequena aldeia perto de Wakayama nasceu em novembro de 1894, um dos maiores nomes da história da indústria, Konosuke Matsuschita, sinônimo de empreendedorismos, competência e realização.

 

O pequeno Konosuke começou a trabalhar muito cedo como aprendiz em uma loja “HIBACHI” e devido aos afazeres na loja não sobrava muito tempo para estudar, sendo assim conseguiu estudar somente até o quarto ano do primário.

 

Como começou muito cedo já na adolescência Konosuke conseguiu um emprego de inspetor na Osake Electric Light como assistente técnico de cabos.

 

Como tratava-se de um garoto muito experto e de aprendizado rápido foi promovido em várias ocasiões.

 

Konosuke tinha uma relação muito estreita com seu pai, foi ele quem incentivou-o a abrir seu próprio negócio mostrando-lhe as vantagens de ser um empresário e dono de seu próprio negócio.

 

Sendo assim em 15 de junho de 1917, Konosuke abandou a segurança de um emprego muito bem remunerado e fundou sua própria empresa de manufatura de acessórios elétricos dando-lhe o nome de Matsushita Electric Devices Manufacturing Works.

 

O primeiro produto da empresa foi um adaptador de tomadas, lançado em 1918. Ele trabalhava em sua própria casa em companhia de sua esposa e de seu cunhado. A tomada permitia conectar uma lâmpada e um aquecedor elétrico ao mesmo tempo. Tecnologia avançada para a época, porém, foi um fracasso total, ninguém comprou.

 

Mas, Konosuke não se apavorou e foi em busca de novas alternativas e começou a comercializar placas isoladoras cujos diferenciais em relação a seus concorrentes eram a qualidade elevada e, principalmente, entregas dentro do prazo acordado.

 

Assim, Konosuke conseguiu ganhar algum dinheiro e em 1923 ele inventou um novo tipo de lâmpada de para faróis de bicicleta.

 

O negócio deu tão certo que cinco anos depois, em 1922 Konosuke foi obrigado a construir uma nova fábrica.

 

Em 1929, Konosuke mudou o nome da empresa para Matsushita Electric Manufacturing Works definindo a filosofia básica da administração, os sete princípios e o lema corporativo, que serviriam de base para o crescimento da Matsushita.

 

Nesta época, Konosuke adoeceu e ficou afastado da empresa e em 20 de dezembro de 1929, Toshio Iue e Itsuro Takeshisa, gerentes da empresa foram levar-lhe uma triste notícia a de que as vendas haviam se reduzido para menos da metade acumulando produtos no estoque. Eles estavam convencidos de que era necessário demitir pelo menos 50% dos funcionários para tentar salvar a empresa.

 

Surpreendentemente, Konosuke os fez levantar-se de sua prostração e encontrar forças em meio a desolação, ordenando-lhes que reduzissem a produção e a jornada de trabalho pela metade.

 

Solicitou que todos os funcionários se preocupassem em vender o excesso de estoque da empresa e com isso não seria reduzido o salário de ninguém e muito menos autorizou a demissão de qualquer funcionário.

 

Foi uma decisão surpreendente, uma vez que a filosofia de não demitir foi adotada por outros empresários japoneses somente depois da Segunda Guerra Mundial e muito menos pedir para que um operário da produção se dedique a vendas.

 

Ações como estas fazia de Konosuke um empresário especial, longe de pertencer ao grupo daqueles que tomavam decisões e realizavam ações convencionais.

 

O fato é que nenhuma empresa no Japão naquela época mantinha uma orientação tão clara dirigida para o cliente, que tivesse os custos tão baixos, que mantivessem relações de trabalho ou um marketing tão audaz.

 

Nem mesmo a crise de 1929 conseguiu abalar as estratégias da Matushita e sua atuação nesta época foi totalmente fora do comum.

 

Em 1932, Konosuke já empregava mais de 1000 pessoas, tinha 10 fábricas e 280 patentes, produzia seiscentos diferentes tipos de produtos ampliando suas vendas para os mercados internacionais.

 

Em 1942, Matsushita tornou-se o primeiro fabricante de rádios do Japão.

 

Apesar do grande crescimento da empresa, Konosuke fazia questão de manter presente seus princípios, colocando as necessidades dos seus clientes e colaboradores em primeiro lugar.

 

Na 2.ª Guerra Mundial fabricou navios e aviões. Em princípios da década de 50, Konosuke inicia a produção de lavadoras elétricas e televisores devido a explosiva popularidade dos aparelhos elétricos. Em 1952 ele começou a comercializar televisores preto e branco em 1960 os coloridos.

 

Matsushita Electric Co. é sem dúvida uma das maiores e mais bem sucedidas companhias do mundo.

 

Cresceu de apenas três para 290 mil funcionários e representa um faturamento de mais de 50 bilhões de dólares.

 

Continua seguindo a filosofia de seu fundador, derrubando barreiras tecnológicas e colocando as necessidades de seus clientes e colaboradores acima de todas as coisas, dando enfoque à eficiência e qualidade da produção.

 

Konosuke era um homem do mundo que pensava no mundo. Em 1932 já pregava a seus funcionários que “a missão do dono de uma manufatura, é contornar a pobreza, para aliviar a sociedade como um todo desse flagelo e trazer-lhe riqueza. Os negócios e a produção não foram destinados a enriquecer apenas as lojas e as fábricas do empreendimento em questão, mas igualmente o resto da sociedade”.

 

Em 1917 ele dava conselhos que ainda hoje são totalmente válidos:

• Trate as pessoas com as quais você tem negócios como se fossem parte de sua família.

 

• A prosperidade nos negócios depende muito de quanta compreensão se recebe das pessoas com as quais se faz negócios.

 

• O serviço pós-venda é mais importante do que a assistência pré-venda. É com esse tipo de serviço que se consegue clientes permanentes.

 

• Não venda produtos para os quais os clientes se sintam atraídos, venda-lhes aqueles que lhes trarão benefícios.

 

• Qualquer desperdício, mesmo de uma folha de papel, aumentará o preço do produto na mesma proporção.

 

• Falta de estoque é desleixo. Se isso acontecer, peça desculpas ao cliente, anote seu endereço e diga-lhe que você entregará o produto imediatamente.

A experiência de Konosuke pode ser uma lição para as lideranças de hoje, onde as situações estão tão desafiantes como o foram para Konosuke Matsushita e onde a economia é tão competitiva como o foi para ele.

(Fonte: http://exame.abril.com.br/revista-exame/edicoes/703/noticias – NOTÍCIAS – 14/12/1999)

(Fonte: http://www.administradores.com.br/artigos/marketing – Artigos – Marketing/ Por Rubens Fava – 20 de setembro de 2007)