Kenneth Arrow, revolucionou a teoria econômica, a ciência política, inaugurou a economia da informação, foi o mais jovem vencedor do Nobel de Economia

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Arrow foi o mais jovem vencedor do Prêmio Nobel da Economia deixando um importante legado e sendo considerado um dos fundadores da economia contemporânea.

 

Kenneth Arrow recebe em Estocolmo, em 10 de dezembro de 1972, aos 51 anos o Prêmio Nobel de Economia. (Foto: Associated Press)

Kenneth Arrow recebe em Estocolmo, em 10 de dezembro de 1972, aos 51 anos o Prêmio Nobel de Economia. (Foto: Associated Press)

 

Kenneth Joseph Arrow (Nova York, 23 de agosto de 1921 – Palo Alto, Califórnia, 21 de fevereiro de 2017), economista norte-americano, foi o mais jovem vencedor do Prêmio Nobel de Economia. Recebeu, junto a John Hicks (1904-1989), o Prêmio de Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel de 1972.

É considerado um dos fundadores da moderna economia neoclássica. Arrow obteve um bacharelato em Ciências Sociais e uma licenciatura em Matemática, naquilo que o próprio considerou uma “combinação paradoxal que foi um prognóstico dos meus futuros interesses”.

A licenciatura de Kenneth Arrow foi interrompida entre os anos de 1942 e 1946 devido à Segunda Guerra Mundial, período em que serviu no departamento meteorológico do exército norte-americano. Foi já em 1947 que se casou com a já falecida Selma Schweitzer, com quem teve os dois filhos, David e Andrew.

“O mais importante teorizador em economia do século XX”

O consagrado Paul A. Samuelson, que foi o primeiro economista americano a conquistar o Nobel da Economia, chegou a considerar Arrow, como recorda o New York Times, “o mais importante teorizador em economia do século XX”.

A justificar a atribuição do Nobel, a Real Academia Sueca de Ciências salientou “as suas contribuições inovadoras para a teoria geral do equilíbrio econômico e para a teoria sobre o Estado-social. Samuelson acrescentaria que “a economia dos seguros, cuidados médicos, e prescrição de testes de medicamentos – para não dizer o bingo e o mercado de ações – nunca mais serão os mesmos depois de Arrow”.

Professor em universidades como Harvard e Stanford, boa parte do trabalho de investigação de Kenneth Arrow foi feito com o objetivo de perceber de que formar a incerteza afeta o equilíbrio geral. “A informação enquanto variável econômica”, nas palavras de Arrow.

Tentou sustentar o equilíbrio geral como um princípio segundo o qual mesmo os lados mais opostos da economia se influenciam mutuamente. Numa entrevista concedida à revista Atlantic, citada pela Bloomberg, explicando a origem do “equilíbrio geral”, Arrow reiterava que “as repercussões podem perdurar durante muito tempo e seguir diferentes vias”.

Arrow revolucionou a teoria econômica, a ciência política, inaugurou a economia da informação, contribuiu para a macroeconomia e para a pesquisa operacional, foi o mais jovem ganhador do Prêmio Nobel em Economia, aos 51 anos, em 1972, recebeu a medalha J. B. Clarke, concedida ao melhor economista com menos de 40 anos, e ganhou o Prêmio Von Neumann pela sua contribuição em pesquisa operacional.

Seu teorema da impossibilidade da razão social talvez seja um dos três grandes resultados formais do século XX, ao lado do Princípio da Incerteza na física quântica enunciado por Heisenberg e do Teorema de Godel.

Cinco de seus alunos ganharam o Prêmio Nobel em Economia, e muitos outros o receberam por trabalhos em que elaboraram sobre suas contribuições originais e incrivelmente profundas.

Kenneth Arrow inventou a economia moderna. Ele provou o teorema do eleitor mediano, mas não publicou o artigo pois acreditava que um resultado tão simples já deveria ser conhecido.

Quase fez o mesmo com a sua revolucionária tese de doutorado.

RAPIDEZ E CRIATIVIDADE

O velho e sutil senhor era doce e generoso. E inacreditavelmente rápido, profundo e criativo.

Eu era jovem professor-assistente no departamento de economia de Stanford e discutíamos a contratação de recém-doutor na área de comércio internacional.

Um gênio, disse um; um novo Paul Krugman, que pouco antes deixara o departamento em que havia muitos economistas que receberam o Prêmio Nobel pelas suas contribuições ou que viriam a recebê-lo nos anos seguintes.

Um velho professou rebateu: gênio por aqui há apenas um: Kenneth Arrow.

O gentil senhor frequentava os seminários de teoria que me cabia conduzir, como recém-contratado.

Arrow invariavelmente chegava atrasado, carregado de papéis e correspondências que recolhia no escaninho do departamento. Os barulhos que causava distraíam a apresentação. Cartas abertas, jornais folheados, eventualmente acompanhados por um eventual levantar dos olhos sobre os óculos para acompanhar as demonstrações dos teoremas.

Em algum momento, interrompia a apresentação com a doçura e humildade que lhe eram peculiar: “Parece-me que você que demonstrar essa conclusão”, antecipando o resultado. “Pois bem, não vai dar certo”, e apontava uma dificuldade inesperada para os demais.

“Mas muito interessante o seu argumento. Caso você o reformule, há uma conclusão que pode ser útil.” E assim seguia Arrow reinventando o argumento proposto e, com a sua generosidade usual, atribuindo a quem fracassara um resultado original.

Assistindo a Arrow nos seminários entendi por que tantos economistas tinham artigos tão criativos em coautoria com ele, apesar de, depois, terem feito tão pouco.

Kenneth Arrow morreu em 21 de fevereiro de 2017, aos 95 anos, em Palo Alto, Califórnia.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/02/1860916- SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – MERCADO/ Por MARCOS LISBOA – 22/02/2017)

(Fonte: http://www.jornaldenegocios.pt/economia – ECONOMIA/ Por David Santiago – 22/02/2017)

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