Afrânio Peixoto, médico, político e membro da Academia Brasileira de Letras

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Afrânio Peixoto (Foto: Divulgação)

Afrânio Peixoto (Foto: Divulgação)

Júlio Afrânio Peixoto (Lençóis, 17 de dezembro de 1876 – Rio de Janeiro, 12 de janeiro de 1947), médico, político e membro da Academia Brasileira de Letras

Afrânio Peixoto diplomou-se na Faculdade de Medicina da Bahia, em 1897. Mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1902, onde foi diretor do Hospital Nacional de Alienados e catedrático de Higiene da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Foi deputado federal pela Bahia de 1924 a 1930, professor de História da Educação do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (1932) e reitor da Universidade do Distrito Federal, em 1935.

Autor de várias obras científicas na área de Medicina Legal e Higiene. Defendia, por exemplo, que doenças tropicais não existem, mas que precárias condições sanitárias, existentes em vários países tropicais, podem causar doenças, um ponto de vista inovador, na época.

Iniciou sua carreira de escritor com o drama Rosa Mística, publicado em 1900, em Leipzig. Eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 1910. O sucesso literário chegou com o romance A Esfinge (1911). Seguiu-se Maria Bonita (1914), Fruta do Mato (1920), Bugrinha (1922), As Razões do Coração (1925), Uma Mulher como as Outras (1928) e Sinhazinha (1929).

Em 1923, criou a Biblioteca de Cultura Nacional.

Como historiador, escreveu História do Brasil (1940), Camões e o Brasil, Os Judeus na História do Brasil (1936), o Breviário da Bahia (1945), entre outras obras.

Acima, Breviário da Bahia, segunda edição, 1946, entre as várias obras de Afrânio Peixoto, como historiador.

Breviário da Bahia, segunda edição, 1946, entre as várias obras de Afrânio Peixoto, como historiador.

 

Um psiquiatra na Academia Brasileira de Letras

Introdução

Seria muita pretensão de minha parte estabelecer verdades sobre o passado apenas com as publicações que chegaram ao meu alcance. As biografias, quando existem, são limitadas a elogios ou ataques desproporcionados. Afrânio Peixoto foi um homem de idéias e opiniões apaixonadas. A lucidez, o espírito crítico e a independência de pensamentos foram algumas das qualidades de Afrânio Peixoto. Em certos momentos foi feliz, quando criticou idéias de Lombroso relacionando epilepsia ao crime ou de Legrand du Saulle sobre a graduação penal dos epilépticos. Seu livro Elementos de Medicina Legal de 1911 sistematizou e aplicou as aquisições da psicopatologia geral e da clínica psiquiátrica ao estudos dos doentes mentais. Seu livro de Psicopatologia Forense editado pela Francisco Alves, teve 7 edições em duas décadas e vendeu cerca de 23 mil exemplares. Como presidente da Academia Brasileira de Letras negociou a doação do “Petit Trianon” da França para ABL. Um momento infeliz foi sua disputa com Carlos Chagas ao qual prejudicou diminuindo e desacreditando seu trabalho de pesquisa que redundou na descoberta da Doença de Chagas.

Dados biográficos

No dia 14 de dezembro de 1876 nascia em Lençóis, nas Lavras Diamantinas da Bahia, Júlio Afrânio Peixoto. Na foto aparece a casa onde nasceu e que hoje, é o Museu Afrânio Peixoto. Formou-se em Medicina na Faculdade de Medicina da Bahia e sua tese de doutoramento foi Epilepsia e Crime. O Prof. Isaías Paim em artigo publicado na revista Brasiliense de Psiquiatria Vol.1 (1) 1971 sob o título Desenvolvimento da Psicopatologia forense no Brasil, considera-o como “fundador da psicopatologia forense em nosso país”.

Nosso biografado foi um homem múltiplo, alienista, médico legista, político, professor, crítico, ensaísta, romancista, historiador literário, acadêmico, polemista.

De várias fontes extraímos dados de sua família. Foram seus pais o capitão Francisco Afrânio Peixoto e Virgínia de Morais Peixoto. O pai, comerciante, autodidata, transmitiu ao filho os conhecimentos que auferiu ao longo de sua vida. Lá no interior da Bahia não poderia sequer imaginar que em 1910 o filho seria eleito para a Academia Brasileira de Letras na cadeira de Euclides da Cunha.

Na Faculdade de Medicina da Bahia aproximou-se de Juliano Moreira e em 1902 foi por ele convidado para mudar-se para o Rio de Janeiro. Sua vida, como de tantos outros médicos, oscilava entre a prática clínica e os pendores literários.

“A sua estréia na literatura se deu dentro da atmosfera do simbolismo, com a publicação, em 1900, de Rosa mística, curioso e original drama em cinco atos, luxuosamente impresso em Leipzig, com uma cor para cada ato. O próprio autor renegou essa obra, anotando, no exemplar existente na Biblioteca da Academia, a observação: “incorrigível. Só o fogo.”

No Rio de Janeiro, foi inspetor de Saúde Pública (1902).Diretor do Hospital Nacional de Alienados (1904). Após concurso, foi nomeado professor de Medicina Legal da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1907) e assumiu os cargos de professor extraordinário da Faculdade de Medicina (1911); diretor da Escola Normal do Rio de Janeiro (1915); diretor da Instrução Pública do Distrito Federal (1916); deputado federal pela Bahia (1924-1930); professor de História da Educação do Instituto de Educação do Rio de Janeiro (1932). No magistério, chegou a reitor da Universidade do Distrito Federal, em 1935. Após 40 anos de relevantes serviços à formação das novas gerações de seu país, aposentou-se. Faleceu no Rio de Janeiro em 12 de janeiro de 1947.

Entre 1904 e 1906 viajou por vários países da Europa, com o propósito de ali aperfeiçoar seus conhecimentos no campo de sua especialidade, aliando também a curiosidade de arte e turismo ao interesse do estudo. Nessa primeira viagem à Europa travou conhecimento, a bordo, com a família de Alberto de Faria, da qual viria a fazer parte, sete anos depois, ao casar-se com Francisca de Faria Peixoto. Em 1906, submeteu-se às provas do concurso em que ganharia as cadeiras de Medicina Legal e Higiene. Quando da morte de Euclides da Cunha (1909), foi Afrânio Peixoto quem examinou o corpo do escritor assassinado e assinou o laudo respectivo.

Ao vir ao Rio, seu pensamento era de apenas ser médico, tanto que deixara de incursionar pela literatura após a publicação de Rosa mística. Sua obra médico-legal-científica avolumava-se. O romance foi uma implicação a que o autor foi levado em decorrência de sua eleição para a Academia Brasileira de Letras, para a qual fora eleito à revelia, quando se achava no Egito, em sua segunda viagem ao exterior.

Na Academia, teve também intensa atividade. Pertenceu à Comissão de Redação da Revista (1911-1920); à Comissão de Bibliografia (1918) e à Comissão de Lexicografia (1920 e 1922). Presidente da Casa de Machado de Assis em 1923, promoveu, junto ao embaixador da França, Alexandre Conty, a doação pelo governo francês do palácio Petit Trianon, construído para a Exposição da França no Centenário da Independência do Brasil. Ainda em 1923, deu início às publicações da Academia, numa coleção que, em sua homenagem, desde 1931, tem o nome de Coleção Afrânio Peixoto.

Dotado de personalidade fascinante, irradiante, animadora, além de ser um grande causeur e um primoroso conferencista, conquistava pessoas e auditórios pela palavra inteligente e encantadora. Como sucesso de crítica e prestígio popular, poucos escritores se igualaram na época a Afrânio Peixoto.

Afrânio Peixoto procurou resumir sua biografia o seu intenso labor intelectual exercido na cátedra e nas centenas de obras que publicou em dois versos: “Estudou e escreveu, nada mais lhe aconteceu.”

Era membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia das Ciências de Lisboa; da Academia Nacional de Medicina Legal, do Instituto de Medicina de Madri e de outras instituições.

Principais obras: Rosa mística, drama (1900); Lufada sinistra, novela (1900); A esfinge, romance (1911); Maria Bonita, romance (1914); Minha terra e minha gente, história (1915); Poeira da estrada, crítica (1918); Trovas brasileiras (1919); José Bonifácio, o velho e o moço, biografia (1920); Fruta do mato, romance (1920); Castro Alves, o poeta e o poema (1922); Bugrinha, romance (1922); Dicionário dos Lusíadas, filologia (1924); Camões e o Brasil, crítica (1926); Arte poética, ensaio (1925); As razões do coração, romance (1925); Uma mulher como as outras, romance (1928); História da literatura brasileira (1931); Panorama da literatura brasileira (1940); Pepitas, ensaio (1942); Obras completas (1942); Obras literárias, ed. Jackson, 25 vols. (1944); Romances completos (1962). Além dessas, publicou obras de outros autores e numerosos livros de medicina, história, discursos, prefácios.

Faleceu em 12 de janeiro de 1947.

(Fonte: Zero Hora – ANO 51 – Nº 17.988 – 12 de janeiro de 2015 – HOJE NA HISTÓRIA – Pág: 44)

(Fonte: http://www.polbr.med.br – História da Psiquiatria/ Editor: Giovanni Torello – Agosto de 2002)

(Fonte: http://www.historia-bahia.com/bibliografia/afranio-peixoto – Guia Geográfico – História da Bahia, Biografias)

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