Julia Child, apresentadora de programa de culinária.

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Julia Child teve parte de sua vida contada no filme “Julie & Julia”, no qual Meryl Streep interpreta a chef americana que popularizou a gastronomia francesa na TV.

Julia Child (15 de agosto de 1912 – 13 de agosto de 2004), apresentadora de programa de culinária.

Julia Child poderia ter sido apenas mais uma apresentadora de programa de culinária. Mas foi com seu jeito original e bem-humorado, saudando sua audiência com um largo sorriso e um sonoro “Bon Appétit”, que ela conquistou de “simples mortais”, ávidos por aprender a cozinhar, a célebres nomes da gastronomia mundial.

Embora tenha falecido no ano de 2004, dois dias antes de completar 92 anos de idade, a chef californiana continua sendo atual e, diga-se de passagem, muito bem citada pelos entendidos do assunto. “Julia Child foi a figura mais importante, influente e com poder de mudança da história da gastronomia americana. Tudo se volta para ela”, disse o renomado chef americano Anthony Bourdain, do programa de TV de culinária Anthony Bourdain: No Reservations, ao jornal Huffington Post. “Ela será lembrada pelo que ela fez nessa terra, que era inspirar milhares de pessoas a cozinhar – e comer – melhor”, acrescentou.

Neste dia 15 de agosto Julia completaria 100 anos de idade. Em 2009, seu encontro com a culinária foi retratado no filme Julie & Julia, protagonizado pela atriz Meryl Streep. Desafiando a própria inabilidade na cozinha, ela começou a se aventurar nas panelas tardiamente. “Eu tinha 32 anos quando comecei a cozinhar. Até então eu só comia”, disse, certa vez.

Após se mudar para França, para acompanhar o marido militar, resolveu afastar o tédio se matriculando nas aulas de culinária oferecidas pela escola Le Cordon Bleu – decisão que acabou mudando a sua vida. Com bom humor e persistência, ela se entendeu muito bem com as técnicas francesas e acabou por compartilhar o que aprendeu com milhares de pessoas por meio de seus programas de TV e livros, entre ele, a “bíblia” Mastering the Art of French Cooking (em tradução livre, Dominando a Arte da Culinária Francesa).

“Ela influenciou completamente a forma como me aproximo e preparo comida. Ela ajudou a mudar a forma como os americanos enxergam o ato de cozinhar e de jantar”, afirmou o chef americano Emeril Lagasse, que tem programas de TV de culinária e livros sobre o assunto.

Yes, you can

Incentivar aqueles que não nasceram com o dom para a cozinha, mostrando que todos são capazes, é uma das marcas de Julia. Não por acaso, a Julie (Amy Adams) do filme Julie & Julia (2009) se aventurou a fazer as 524 receitas do livro da chef e postar a experiência em um blog. Na vida real, Julia continua inspirado blogueiras no Brasil e no mundo.

O principal mérito de Julia foi mostrar que qualquer um poderia cozinhar, que isso não era simplesmente um dom divino restrito a poucos sortudos. Ela começou tarde, se dedicou muito, aprendeu e virou referência. O jeito dela era incomparável. Uma mulher daquele tamanho, um tanto desengonçada, completamente diferente das mocinhas prendadas da época, e fazendo pratos tão ricos, tão vistosos.

Democratizar uma culinária tão refinada foi um dos aspectos que a elevou ao status de ícone. Ela teve a oportunidade de conhecer e estudar a gastronomia francesa direto da fonte, em uma época em que poucas pessoas podiam e tinham interesse em fazer isso.

Francês para não-franceses

Julia tinha um jeitão todo irreverente de mostrar suas receitas – era capaz de virar uma panqueca de forma desajeitada, deixando cair metade para fora da massa, após acabar de falar, em rede nacional, que “para virar qualquer coisa, é preciso ter coragem”.

E foi justamente essa simplicidade que acabou se tornando uma de suas marcas registradas, uma vez que popularizou a então inacessível culinária francesa. Julia foi inovadora. Ela é atual e continuará sendo, pois não se resume a ser uma chef. Ela nos ensinou o valor da simplicidade e nos deu lições para encarar a vida com leveza, curtindo cada momento por mais simples e pequeno que ele seja.

Ela foi a fundo, pesquisou, entendeu os processos de cozimento e revelou o maravilhoso mundo da gastronomia francesa para quem quisesse prepará-la em casa. Ela se propunha a descomplicar as coisas, a mostrar que a tão purista culinária francesa era acessível e possível a todos.

Julia foi a grande responsável por inserir na América a cozinha francesa de forma popular, numa época em que a informação não transitava com tanta velocidade. Ela comprou uma briga intensa para isso. E se hoje temos tanto da cozinha francesa em nosso dia a dia, devemos a Julia, que popularizou isso. Ela traz principalmente o amor pela comida, a vontade de aprender a cozinhar e de repassar esse aprendizado. Além disso, ela estudou numa das escolas de gastronomia mais conceituadas do mundo até hoje, a Le Cordon Bleu. Numa época em que só homens faziam isso. Precisou de muita coragem e ousadia e conseguiu.

Homenagens ao ícone

Em homenagem ao centenário de Julia Child, 100 chefs americanos criarão menus e eventos especiais em diferentes pontos do país, segundo informa o jornal USA Today. Nomes como Barbara Lynch, de Boston, Traci Des Jardins, de San Francisco, Emeril Lagasse (com nove restaurantes em quatro cidades), Michel Richard em Washington, D.C. e Alice Waters em Berkeley, participam da ação, inspirados na chef e apresentadora de TV. Além disso, o Museu Nacional da História Americana, localizado em Washington, irá reabrir a exposição A Cozinha de Julia Child, de 15 de agosto a 3 de setembro. O local exibirá também episódios raros do programa The French Chef (em tradução literal, A Chef Francesa).

Curiosidades
Confira alguns dados curiosos e importantes da vida de Julia Child, com informações da rede americana de televisão PBS.
Em 1963, a chef francesa estreou o primeiro programa culinário de TV na rede americana PBS. Ela teve outros programas ao longo das próximas cinco décadas.
A chef doou sua casa em Cambridge para o Smith College, em Massachusetts, onde jogou basquetebol. Também doou sua cozinha para a Smithsonian Institution.
Enquanto gravou os episódios de Beking with Julia (em tradução livre, Cozinhando com Julia), ela usou cerca de 340 kg de manteiga.
Em 2003, Julia foi premiada com a Medalha Presidencial da Liberdade, considerada a maior homenagem cívica americana, pelas mãos do presidente George W. Busch.
Na infância, ela era chamada pelos apelidos Juke, Juju e Jukies.
Ela foi indicada para oito Emmys e ganhou três deles.
Julie sobreviveu a um câncer de mama.
Ela morreu apenas dois dias antes de completar 92 anos. Sua última refeição foi uma sopa francesa de cebolas preparada em casa.
Em 2009, teve parte de sua vida contada no filme Julie & Julia, protagonizado por Meryl Streep.

(Fonte: http://culinaria.terra.com.br/receitas/chef/julia-child – CULINÁRIA – GOURMET/ Por DANIELLE BARG – 15 de agosto de 2012)

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