Jules Michelet, foi o primeiro historiador a dizer que os agentes de mudanças sociais não eram as grandes personalidades, mas sim as massas

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Ele foi o primeiro a dizer que os agentes de mudanças sociais não eram as grandes personalidades, mas sim as massas

Jules Michelet (Paris, 21 de agosto de 1798 – Hyères, 9 de fevereiro de 1874), historiador republicano francês. Rigoroso e pioneiro em seus métodos de resgate da História, e ao mesmo tempo acessível e convincente como o relato de uma testemunha ocular. Sua obra mais importante, História da França, Michelet reavaliou, em 1855, o que escrevera em 1830 sobre essa fase histórica.

Em setembro de 1846, o historiador Michelet, então com 48 anos de idade, deixou de lado um trabalho que o ocupava desde os 35 – sua monumental História da França, que já reunia àquela altura onze volumes. Num salto de três séculos na historiografia de seu país, Michelet abandonou o reinado de Carlos VIII para se lançar a um projeto tão ou mais ambicioso do que aquele que vinha desenvolvendo – escrever uma história da Revolução Francesa que tivesse como protagonista não este ou aquele revolucionário, mas a própria nação, encarnada na pele de seu povo.

 

O resultado foi a estupenda História da Revolução Francesa, num total de sete volumes, um monumento à República. Michelet faz um retrato romântico do nascimento da democracia moderna. Publicada na França entre 1847 e 1852, História da Revolução Francesa é a primeira grande obra de um historiador republicano sobre o tema. O livro, em sua totalidade, abrange desde o período imediatamente anterior à Tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789, até a queda de Robespierre, em 1794 .

 

Recorrendo a um expediente pouco utilizado naquela época, o levantamento exaustivo de documentos históricos, Michelet, então chefe dos Arquivos Nacionais, escreveu uma versão da Revolução Francesa que enfatiza o papel das ações coletivas, em detrimento da busca de heróis isolados. O livro parte do princípio de que o movimento revolucionário representou o confronto entre uma velha religião, o Cristianismo, e uma nova religião, o Direito.

 

“A Lei, tal como apareceu na Revolução Francesa, é a favor ou contra a ordem religiosa que a precedeu? Em outras palavras: “a Revolução Francesa é cristã ou anticristã?”, indaga o historiador logo na introdução da magistral obra. Para ele, esta é a questão que pela lógica deve preceder a qualquer outra. Isto porque, segundo Michelet, depois da Idade Média, quando a monarquia apenas servia à Igreja, o absolutismo consagrou a figura do rei-Deus. Entender a Revolução Francesa significa, em sua opinião, compreender de que forma a sucessão de eventos que nascem para a História no 14 de julho se relaciona com o estado de coisas anterior – em que medida o continua, ultrapassa-o, subjuga-o ou até o anula.

 

DÍVIDA – O excessivo interesse de Michelet pelo que a revolução teve de “unanimidade nacional” é contestado, a questão central, Cristianismo versus Direito, ainda se mantém na ordem. Também a disposição do historiador em resgatar os eventos a partir da ação de pessoas simples, alçadas à condição de propulsoras dos fatos, prenunciou a chamada história das mentalidades. Muito do que atualmente se faz de história sobre a maior transformação política dos tempos modernos ainda tem uma dívida para com Michelet.

 

A longa sobrevivência do livro é atribuída a seu rigor técnico e também ao estilo em que foi escrito. O livro de Michelet é um convite irrecusável à reflexão sobre um evento que marcou o aparecimento no mundo moderno de uma nova ordem de coisas – aquela que diz que todo o poder emana do povo e em seu nome é exercido.

 

 

(Fonte: Super Interessante –- Ano 6 -– N° 12 -– Dezembro 1992 -– Livros/ A agonia da Idade Média – Pág; 79)

(Fonte: Veja, 27 de setembro de 1989 – ANO 22 – Nº 38 – Edição 1098 – LIVROS/ Por RINALDO GAMA – Pág: 149)

 

 

 

 

 

 

 

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