José Mindlin, bibliófilo e empresário, organizou a maior biblioteca privada do País

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José Mindlin (São Paulo, 8 de setembro de 1914 – São Paulo, 28 de fevereiro de 2010), apaixonado pelos livros, o bibliófilo e empresário organizou a maior e mais importante biblioteca privada do País
Responsável por organizar a maior e mais relevante biblioteca privada do País, doada em 2006 à Universidade de São Paulo (USP), o também fundador da Metal Leve e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL).
A contribuição à USP e outras importantes atuações, como decisões tomadas durante a ditadura, foram lembradas por amigos do mundo político.

“Muita gente se refere a ele como bibliófilo, mas ele foi mais do que isso”, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) ao deixar o velório. “Foi um resistente ao regime autoritário, fui testemunha disso. Quando fomos postos fora da universidade, em 1969, e fizemos um centro de pesquisa para poder permanecer no Brasil, o Mindlin prestou apoio”, continuou. “Ele é muito mais que um bibliófilo. É uma pessoa preocupada com o futuro do País”, concluiu FHC.
Quando secretário Estadual da Cultura, nos anos 70, Mindlin convidou o jornalista Vladimir Herzog para a diretoria de Jornalismo da TV Cultura. SSabe-se que os torturadores dos jornalistas presos procuravam, também, incriminar a Mindlin. E ele soube se comportar com altivez e dignidade diante das ações que levaram à morte de Herzog.

(Fonte: www.estadão.com.br –- Economia –- Por Fabiane Leite -– 1º de março de 2010)

 

 

O adeus ao bibliófilo José Mindlin
Aos 95 anos, ele tinha em sua casa, em São Paulo, a maior coleção de livros particular do país, que havia sido doada à USP

José Ephim Mindlin ergueu um império literário em sua própria casa. Ele dedicou sua vida à busca por obras raras em viagens pelo Brasil e Exterior. A procura incansável acabou dia 28 de fevereiro de 2010, quando o bibliófilo e empresário morreu em São Paulo, aos 95 anos.

Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Mindlin estava internado havia aproximadamente um mês no Hospital Albert Einstein para tratar uma pneumonia. O enterro ocorreu no Cemitério Israelita da Vila Mariana, zona sul da cidade. Casado por 68 anos com Guita Mindlin, já falecida, teve quatro filhos: a antropologa Betty, a designer Diana, o engenheiro Sérgio e a socióloga Sônia.

Nascido em São Paulo, em 8 de setembro de 1914, era filho de judeus nascidos em Odessa (Ucrânia), que vieram para o Brasil. Estudou Direito na Universidade de São Paulo (USP) e fez cursos de extensão universitária na Universidade de Columbia, em Nova York. Advogou até 1950, quando deixou a atividade para fundar a empresa Metal Leve SA, que se destacou no setor de peças para automóveis e hoje é controlada pela multinacional alemã Mahle. Permaneceu na companhia até 1996.

Aos 32 anos, financiado por um empresário, conseguiu um sócio e fundou a livraria Parthenon, em São Paulo. Iniciou assim seu périplo em busca de obras raras para sua biblioteca particular.

Acervo inclui raridades de autores nacionais

A paixão pela literatura fez com que acumulasse cerca de 40 mil volumes, colecionados desde os anos 30. Era considerado o dono da maior biblioteca privada do país. O acervo inclui raridades, como a primeira edição de Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, documentos do século 16 com as primeiras impressões que padres jesuítas tiveram do Brasil, jornais anteriores à Independência e manuscritos que resgatam a gênese literária de grandes obras, como Sagarana, de Guimarães Rosa, e Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Ele doou grande parte do seu acervo para a USP, transformando-o na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin.

Mindlin ocupou a cadeira 29 da ABL. Foi eleito em 20 de junho de 2006, sucedendo o escritor Josué Montello. É o autor de Uma Vida entre Livros – Reencontros com o Tempo e Memórias Esparsas de uma Biblioteca. Em 2007, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Passo Fundo (UPF).

Em nota, o presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Marcos Vilaça, afirmou que “Mindlin era um emblema do livro, tinha com ele uma relação orgânica”.

 

(Fonte: Zero Hora – Ano 46 – N° 16.261 – 1° de março de 2010 – Gente – Pág; 27)

 

 

 

 

 

 

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