José Louzeiro, jornalista e escritor foi autor de mais de 50 livros, foi pioneiro do romance-reportagem no Brasil

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O jornalista e escritor foi autor de mais de 50 livros, foi pioneiro do romance-reportagem no Brasil

 

José Louzeiro em uma cena do documentário “José Louzeiro: Depois da Luta”, que estreou em 2018 – (Foto: Divulgação / Agência O GLOBO)

 

 

José de Jesus Louzeiro (São Luís do Maranhão, 19 de setembro de 1932 – Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 2017), escritor, roteirista e jornalista maranhense.

Autor de mais de 50 livros, além de telenovelas e roteiros para o cinema, José Louzeiro trabalhou em diversos veículos de comunicação, como nos já extintos “Manchete”, “Última Hora” e “Correio da Manhã”.

Nascido na periferia de São Luís do Maranhão, em setembro de 1932, José de Jesus Louzeiro ingressou no jornalismo aos 16 anos de idade, como estagiário no jornal “O Imparcial”, na capital maranhense. Com 21 anos, foi para o Rio de Janeiro, onde se radicou e trabalhou por mais de 20 anos como repórter policial, em importantes jornais e revistas como Diário Carioca, Correio da Manhã, Última Hora e Manchete.

Radicado no Rio desde 1954, aprendeu a contar histórias trabalhando como jornalista policial — atividade que exerceu durante 20 anos. A experiência, aliás, foi importante para que ele se tornasse um dos pioneiros no país do romance-reportagem (gênero consagrado pelo americano Truman Capote com a obra “A Sangue Frio”) e uma fonte preciosa para diretores de cinema. Um exemplo é seu o livro “Lucio Flavio, o passageiro da agonia”, de 1976, sobre o famoso ladrão, mais tarde foi adaptado para o cinema com sucesso.

A estreia na literatura foi em 1958, com o conto Depois da Luta, mas o reconhecimento veio mesmo em 1976, quando Louzeiro lançou “Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia”, o primeiro título no gênero literário que o consagrou, o romance-reportagem, narrativas biográficas baseadas em casos famosos da crônica policial. Foram quase 40 livros no gênero, entre os quais destacam-se “Infância dos Mortos”, que mais tarde serviu de argumento para o filme Pixote, a Lei do Mais Fraco, de Hector Babenco, que teve Louzeiro como roteirista; “Aracelli, Meu Amor”, e “Em Carne Viva”, que reviveu o drama da estilista Zuzu Angel e de seu filho Stuart Angel, morto pela ditadura militar, na década de 70.

Outro romance-reportagem marcante foi “Aracelli, meu amor”, sobre o assassinato da menina Aracelli Crespo, aos 8 anos de idade, em Vitória, no ano de 1973. Ao esmiuçar o crime, Louzeiro chegou à conclusão que os culpados eram membros da alta sociedade da cidade. Por causa disso, o livro acabou proibido pela censura.

Não foi a única obra censurada do autor. Baseada na vida do ex-presidente Fernando Collor de Melo, sua telenovela “O marajá”, de 1993, foi proibida de ir ao ar. Louzeiro escreveu ainda as novelas “Corpo Santo” (1987) e “Guerra sem Fim” (1993). É autor também dos infantojuvenis “A Gang do Beijo”, “Praça das Dores”, “A Hora do Morcego” e “Gugu Mania”.

No cinema, além de Pixote, Louzeiro assinou o roteiro de outros nove filmes, entre os quais O Homem da Capa Preta, de Sergio Rezende, Os Amores da Pantera, de Jece Valadão, e Amor Bandido, de Jeff Nichols. Foi também autor de telenovelasm como Qorpo Santo, Guerra sem Fim e O Marajá. Esta última, uma comédia inspirada no governo de Fernando Collor, foi censurada antes de ir ao ar.

Alguns dos principais filmes brasileiros dos anos 1980 foram inspirados em livros de Loureiro, como “Pixote, a lei do mais fraco” (1980) (baseado na obra “Infância dos mortos”), de Hector Babenco, e “O homem da capa preta” (1986), de Sergio Rezende.

Dirigido por Maria Thereza Soares e com pesquisa de Bruna Castelo Branco, “José Louzeiro: Depois da Luta”, um curta-metragem documentário sobre a trajetória do jornalista e escritor, estreou nos cinemas em fevereiro de 2018.

José Louzeiro, de 85 anos, morreu em sua residência no Rio de Janeiro, em 29 de dezembro de 2017. Ele enfrentava há anos problemas de saúde, em função do diabetes.

—Talvez tenha sido ele que começou a moda do Novo Jornalismo por aqui, já que ele tinha uma verve de jornalismo e se interessava por fazer ficção — destaca o cineasta José Joffily, amigo do autor. — Acho que era por isso que ele exercia essa atração tão grande sobre os cineastas, que adaptavam seus livros. Encontrei ele há algumas semanas e não passava recibo da situação em que estava, nem se lamentava nesse destino.

— Louzeiro tinha um faro jornalístico sem igual! — diz a produtora Mariza Leão, que trabalhou com o autor no filme “O homem da capa preta”. — E uma paixão por tudo que fazia.

— José Louzeiro tinha uma vontade infinita para escrever e contar histórias, muitas delas enfatizadas no cinema — diz Maria Thereza Soares. — Saiu da periferia de São Luís, munido de coragem e perseverança para encarar uma carreira sem nenhuma segurança, apenas o talento nato. Uma perda para a humanidade, mas um legado que convida à reflexão sobre o lado mais humanista, de uma visão muito empática sobre as pessoas à margem da sociedade”.
(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA / POR BOLÍVAR TORRES (* Colaborou Alessandro Gianini) – 29/12/2017)(Fonte: http://www.correiodopovo.com.br/ArteAgenda/Variedades/Literatura/2017/12 – ANO 122 – N° 90 – Arte & Agenda – Variedades – Literatura – 29/12/2017)

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