José Flores de Jesus, o Zé Keti, lançou Paulinho da Viola, compôs o tema do filme Rio, 40 Graus.

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A VOZ DO MORRO

Zé Keti: último compositor da era áurea do samba

O autor da marchinha “Máscara Negra”

O autor da marchinha "Máscara Negra" - (Foto: Marco Aurelio Olimpio)

O autor da marchinha “Máscara Negra” – (Foto: Marco Aurelio Olimpio)

José Flores de Jesus (Rio de Janeiro, 6 de outubro de 1921 – Rio de Janeiro, 14 de novembro 1999), cantor e compositor, o Zé Keti, foi um dos últimos grandes compositores de uma safra que teve nomes como Cartola, Nelson Cavaquinho e Candeia. Foi ele quem lançou Paulinho da Viola, compôs o tema do filme Rio, 40 Graus e estreou o contestatório show Opinião com Nara Leão e João do Vale, em 1964.

Nascido na Zona Norte do Rio de Janeiro, em 1921, apaixonou-se pela Portela. Nos anos 40, quando servia como soldado da Polícia Militar, compôs sua primeira marcha carnavalesca. Vinte anos depois era um ícone do samba carioca e presença constante nas apresentações do conjunto A Voz do Morro, com Elton Medeiros, Paulinho da Viola e Nelson Sargento.

O sambista conhecido pela timidez, tão quieto que ganhou o apelido Zé Kéti (abreviação de Zé Quietinho), considerado o último dos grandes sambistas da velha guarda, Zé Kéti teve sua primeira composição gravada aos 25 anos, em 1946.

Filiado à escola de samba Portela, Zé Kéti começava uma sequência de sucessos que trouxe à música popular brasileira clássicos como “Máscara Negra”, “Diz que Fui por Aí” e “A Voz do Morro”, além de ter participado do musical Opinião, na década de 60, ao lado de Nara Leão e João do Valle.

Autor de clássicos como Malvadeza Durão, Meu Pecado e Nega Dina, foi Keti quem inverteu os papéis do Arlequim (que representa a alegria) e do Pierrô na música Máscara Negra, cantando: “Arlequim está chorando pelo amor da Colombina, no meio da multidão”, versos que até hoje animam a folia dos salões carnavalescos.

Foram quase 300 composições, que, todavia, não o livraram da miséria. Isso porque, no começo da carreira, era um compositor de morro em uma época em que isso era estigma social. Mais tarde, porque nunca conseguiu coletar os direitos autorais pelas milhares de execuções da marcha-rancho “Máscara Negra” em bailes de Carnaval ao redor do Brasil.

Os repasses de direitos autorais eram em torno de R$ 1,5 mil. “Meu pai morreu pobre, num apartamento minúsculo onde ele não podia mais morar”, diz Geisa, filha de Zé Kéti. Segundo ela, o pai sobrevivia com uma aposentadoria que recebia pela função de escriturário. Hipertenso, debilitado por arteriosclerose, nos últimos anos Zé Kéti ocupava-se vendo tevê o dia todo. Seu corpo foi sepultado no domingo 14, no cemitério de Inhaúma. 

Vítima de parada cardíaca faleceu no dia 14 de novembro 1999, aos 78 anos, foi enterrado ao som de velhos sambas. Sobre o caixão, o inseparável chapéu panamá.

“Sua importância foi juntar o pessoal da zona sul do Rio com o do morro”, explica o amigo e produtor J. C. Botezelli, o Pelão.

(Fonte: Veja, 24 de novembro, 1999 – ANO 32 -– N° 47 – Edição 1625 –-– DATAS/LUPA – Pág; 150/151)

(Fonte: http://www.terra.com.br/istoegente/16/tributo – TRIBUTO – 22 de novembro de 1999)

 

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