José Antônio Severo, escritor, líder de equipes jornalísticas, escreveu os livros “Os Senhores da Guerra”, “Cem Anos de Guerra no Continente Americano” e “Rios de Sangue / Cinzas do Sul”

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Em mais de 50 anos de carreira, jornalista era um profissional admirado; foi estagiário e repórter especial do ‘Estadão’

Como repórter, editor e diretor de equipes, ele passou por alguns dos principais veículos de comunicação do país, como as TVs Globo e Bandeirantes e os jornais “O Estado de S. Paulo” e “Gazeta Mercantil”, entre outros veículos

 

 

José Antônio Severo (Caçapava do Sul, 1942 – Brasília, 24 de setembro de 2021), jornalista, escritor, produtor cinematográfico, líder de equipes jornalísticas e um grande contador de histórias.

 

Severo, como era conhecido, atuou por mais de 50 anos na imprensa e se destacou, primeiro, como diretor de redação do extinto jornal Folha da Manhã, que circulou em Porto Alegre na década de 1970 e conhecido pelo jornalismo investigativo e por revelar grandes talentos, como o repórter Caco Barcellos.

 

Em mais de 50 anos de carreira, trabalhou no principais veículos de comunicação do Brasil, como Estadão, VejaRealidadeExameReutersGazeta MercantilTV Bandeirantes e Rede Globo.

 

Era admirado pelo talento e generosidade, foi diretor da Câmara Brasileira do Livro entre 1999 e 2002 – Afetuoso, arguto e reflexivo, Severo tinha uma visão cartesiana do jornalismo. Não perdia tempo com bobagens. Ia direto ao assunto. No comando da sucursal da Gazeta Mercantil, jornal que representava a inteligência da imprensa em Brasília na década de 80, estimulava a equipe a enxergar a conexão entre os interesses da máquina governamental e do cidadão. Formou bons jornalistas e cultivou o sonho de um país melhor.

 

Juntava a ideia industrial de produzir um jornalismo viável comercialmente com o ideal de buscar uma sociedade igualitária. Como se vê, perdeu tempo.

 

Ele também foi editor executivo da revista Exame, editor e diretor da Gazeta Mercantil, editor chefe do Jornal da Globo e diretor geral de jornalismo da Rede Bandeirantes. Foi repórter dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, das revistas Realidade e Veja. Mais recentemente, era articulista do site Os Divergentes, baseado em Brasília.

 

Gaúcho de Caçapava do Sul, Severo mudou-se para Porto Alegre aos 16 anos para estudar na Escola Técnica de Agricultura de Viamão (UFRGS). Por sua facilidade para escrever, passou a produzir o Informativo Rural e Econômico no Serviço de Informação Agrícola.

 

Foi, então, convidado, em 1964, para trabalhar no Jornal do Dia, em Porto Alegre, e, após fazer uma reportagem sobre o preço da carne, chamou a atenção do Estadão, para onde foi convidado para um estágio em São Paulo e onde se tornou repórter especial. Participou ainda da primeira equipe montada em 1968 pela Editora Abril no lançamento da revista Veja. Na sequência, na revista Realidade, ganhou destaque por reportagens sobre esportes radicais.

 

Ainda retornou a Porto Alegre para assumir a direção da Folha da Manhã, mas dois anos depois voltou à imprensa paulista. Em 1979, foi trabalhar na Rede Globo como repórter do Jornal Nacional. Na emissora, foi ainda editor-chefe do Jornal da Globo, do qual foi um dos criadores. Nos últimos dois anos, trabalhou na produção da série “200 Anos da Independência”, da TV Cultura de São Paulo, que será exibida em 2022.

 

Severo escreveu ainda o romance Os Senhores da Guerra General Osório e seu Tempo, sobre a formação do extremo sul da América.

 

Escreveu os livros “Os Senhores da Guerra” e “Cem Anos de Guerra no Continente Americano”, “Rios de Sangue / Cinzas do Sul”, e foi produtor e roteirista de longas-metragens baseados em suas obras.

 

O jornalista era dos grandes contadores da história do Brasil, especialmente da região Sul. Narrava com naturalidade e conhecimento períodos relevantes do povo gaúcho, como lembrou o jornal Correio de Santa Catarina.

 

Um revolucionário no jornalismo da tevê

 

Essa inquietação levou-o de volta a Porto Alegre, onde assumiu a direção da Folha da Manhã, mas a experiência não durou dois anos e retornou à imprensa paulista. Nessa época surgiram os primeiros textos mais longos. Pretendia que se tornassem roteiros de séries para a TV.

 

A Guerra dos Cachorros, editado pela LPM, transpunha para São Paulo o fenômeno das matilhas de cães selvagens que assolavam os campos nos tempos do Rio Grande primitivo. No cenário urbano, os cães simbolizavam uma revolta dos animais pelo tratamento que recebem dos humanos. Ele considerava um projeto frustrado. A Invasão, de 1978, também publicada pela LPM, é uma “reportagem-ficção” sobre uma mudança de regime político no Brasil.

 

Um outro desafio, porém, se apresentou e, em 1979, foi trabalhar na Rede Globo. Primeiro como repórter do Jornal Nacional e, pouco depois, como editor-chefe do Jornal da Globo, do qual foi um dos criadores.

 

Ainda era uma época em que os profissionais do jornalismo impresso resistiam ao telejornalismo. Ali nasceu o formato existente hoje, com bancadas compostas por jornalistas — até então, eram locutores que liam as notícias no ar.

 

Mesmo em outras funções, sempre se considerou “um repórter 24 horas por dia”, rigoroso em relação aos fatos. “Não tenho apego ao texto, sempre dei total liberdade aos editores para que mexessem. Só me fixo na precisão dos dados”, dizia. Sempre jovial e entusiasmado, gostava de conversar com os mais jovens e dava conselhos: “Não se levem muito a sério. Levem a sério a notícia” ou “O leitor não é abstrato. Tem que escrever para o leitor”.

 

Paixão pelo cinema

 

A experiência na TV, também reavivou uma paixão da infância, o cinema. “Quando vínhamos para Porto Alegre, eu e meus irmãos emendávamos uma sessão na outra”, lembrava. Do encontro com o escritor e cineasta Tabajara Ruas nasceu o produtor e roteirista. Escreveu Os senhores da guerra, romance histórico, pensando na versão cinematográfica. No drama de dois irmãos em conflito, resume o período sangrento no início do século XX, em que o Rio Grande do Sul se dividiu entre “Chimangos” e “Maragatos”.

 

A pesquisa para essa obra levou-o a uma incursão pelas guerras pela conquista do extremo sul da América, Percorreu a região por um ano e, por um ano e meio, isolou-se com uma pequena biblioteca numa casa na praia do Santinho em Florianópolis, onde produziu General Osório e seu Tempo, obra de quase mil páginas, painel impressionista da formação do extremo sul da América.

 

Nos últimos dois anos, trabalhou na pesquisa para o roteiro da série 200 Anos da Independência, produzido pela TV Cultura de São Paulo, para exibição em 2022. Da pesquisa resultou um livro com o mesmo título que será editado na data.

Severo faleceu em Brasília, em 24 de setembro de 2021, aos 79 anos. Ele sofreu uma parada cardíaca durante uma cirurgia.

Severo contraiu a covid-19 no começo do ano. Recuperou-se, mas a sua saúde ficou instável. Diabético, perdeu imunidade e precisou ser internado várias vezes, passando por uma cirurgia para extrair a vesícula. Mesmo internado, continuou a escrever. Diagnosticado com uma hemorragia no pulmão, voltou ao hospital para uma nova cirurgia, à qual não resistiu. Era casado com a cantora Célia Mazzei.
Em nota, a Câmara Brasileira do Livro comentou seu legado: “Amigo dos livros, defendeu com paixão e esmero as causas dos direitos autorais e da disseminação da leitura no Brasil”.
(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por ESTADÃO CONTEÚDO – 25/09/2021)
(Fonte: https://www.conjur.com.br/2021-set-24 – Revista Consultor Jurídico – 24 de setembro de 2021)
(Fonte: https://blogs.correiobraziliense.com.br – Economia / por Vicente Nunes – 24/09/2021)
(Fonte: https://valor.globo.com/politica/noticia/2021/09/24 – POLÍTICA / NOTÍCIA / Por Valor — São Paulo – 24/09/2021)
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