Jeff Buckley, vocalista de folk-rock

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Cantor, que se afogou em Memphis (EUA), era a grande aposta da Sony

Morte trágica de Jeff Buckley acaba com o surgimento do ‘novo Elvis’

Jeffrey Scott Buckley (Anaheim, 17 de novembro de 1966 – Memphis, 29 de maio de 1997), vocalista de folk-rock

Conhecido por seus dotes vocais, Buckley foi considerado pelos críticos umas das mais promissoras revelações musicais de sua época.

O primeiro disco de Buckley, “Grace”, data de agosto de 1994, pela Columbia Records. Sua repercussão foi considerada fraca, recebendo pouco interesse da mídia e do público norte-americano.

Para o segundo disco, cuja gravação estava marcada para 30 de junho, a ideia era montar um enorme esquema de divulgação e fabricar um novo ídolo pop.

Gene Bowen, um dos empresários do cantor nos últimos três anos, organizava com a gravadora Sony a estratégia de marketing do lançamento do novo disco.

“Ele seria um dos grandes investimentos da gravadora em 1997, porque tinha o perfil do jovem dos anos 90, sabia atingir a nova geração”, declarou à Folha.

“Após 20 anos da morte de Presley, poderíamos ter um novo Elvis surgindo. Foi uma lástima o que aconteceu”, comentou Bowen.

Toda segunda, Buckley e sua banda se apresentavam em Memphis, Tennessee, a terra de Elvis.

O último show do cantor foi realizado em 26 de maio, três dias antes de seu desaparecimento.

Como Buckley já havia composto as músicas que fariam parte de seu novo disco, a ideia da família do vocalista é encontrar “um substituto à altura” para levar o projeto adiante.

“São músicas intimistas, de muita reflexão. Elas devem ter ainda mais apelo depois da morte de Jeff”, disse Bowen.

A mãe do cantor espera que o novo disco seja uma celebração à vida de Buckley. “Não podemos ficar chorando o tempo todo. Ele sempre dizia que a vida vale ouro. É a mensagem que deixou para a humanidade, e temos de levá-la adiante”, disse Mary Gilbert.

 

Jeff Buckley, 30 anos que havia desaparecido em 29 de maio e cujo corpo foi encontrado em 29 de maio de 1997, procuram um substituto para gravar as músicas que o cantor compôs para seu novo disco, que seria lançado no segundo semestre.

A morte 
A família e os amigos de Jeff Buckley evitaram falar com a imprensa sobre a morte do cantor.

Ele desapareceu em 29 de maio, quando nadava perto do porto de Memphis. Quando seu corpo foi encontrado, seis dias mais tarde, houve especulações de que ele teria pulado na água por estar sob efeito de álcool ou drogas.

Segundo Keith Foti, 23, que estava com Buckley na noite de seu desaparecimento, o cantor estava muito feliz, cantando e brincando o tempo inteiro.

Ele teria decidido, então, dar um mergulho, com roupa e tudo. “Era o jeito dele. Jeff sempre foi assim, um brincalhão”, disse Foti.

Quando Buckley estava nadando, uma embarcação teria passado no local e produzido ondas que afastaram o vocalista da margem.

“Não consegui mais o ver. Gritei, chamei, mas nada. Ele sumiu, e eu fui logo em seguida avisar a polícia”, explicou Foti.

Depois de seis dias de buscas incessantes, o corpo foi avistado por passageiros do navio American Queen, perto de uma ilha.

De acordo com o tenente Willie Lenson, não houve indícios de ter sido outra coisa se não acidente a morte do cantor.

Tragédia anunciada 
Curiosamente, uma das músicas do cantor norte-americano que seria lançada no próximo disco tinha o nome provisório de “Nightmares on the Sea” (“Pesadelos no Mar”, em português).

“Apesar do título da música, que agora devemos manter, Jeff sempre foi um apaixonado pelo mar, pela água, pela natureza…”, disse Bowen.

Em uma de suas últimas entrevistas, a um jornal de Memphis, Buckley falava sobre a forma como encarava a arte e a fama.

“Quando componho, exploro o que é importante para mim, não para o público. Tento criar alguma coisa para combater o tédio do dia-a-dia, o tédio da vida moderna. Isso, para mim, é que é arte, um fugir da realidade”, afirmou.

A respeito da fama, Buckley havia dito que era uma coisa com a qual não se importava. “As pessoas me vêem em meus shows, mas não me conhecem de verdade, não sabem quem eu sou. Quem me entende são meus amigos. Os outros são os outros e sempre vai ser assim.”

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada – ILUSTRADA – ROCK/ Por JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO – de Nova York – São Paulo, 11 de junho de 1997)

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