Heinrich Böll, o mais destacado escritor alemão do pós-guerra. Agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1972

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“Uma catástrofe mundial pode servir para vários fins. Inclusive para encontrar um álibi perante Deus.”

Heinrich Theodor Böll (Colônia, 21 de dezembro de 1917 – Bornheim-Mertem, Kreuzau, 16 de julho de 1985), foi o mais destacado escritor alemão do pós-guerra. Foi agraciado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1972. Seu livro mais célebre, “A Honra Perdida de Katharina Blum”, disseca as desventuras de pessoas perseguidas por jornalistas inescrupulosos e sensacionalistas.

Foi um escritor que se caracterizou por nunca se rebaixar a concessões nem pretextos na busca de uma ética de conduta entre os seres humanos, tanto na paz como na guerra.

Católico, ativista do antimilitarismo, Böll hospedou em sua casa o escritor soviético Alexander Soljenítsin logo depois de sua expulsão da Rússia em 1974.

Heinrich Böll formou com Günter Grass (1927-2015), autor de O Tambor, romance que o celebrizou mundo afora, a dupla de escritores de primeira linha da Alemanha Ocidental.

Böll morreu no dia 16 de julho de 1985, aos 68 anos, de distúrbios circulatórios, em Bornheim-Mertem, Alemanha.

(Fonte: Veja, 24 de julho de 1985 –Edição 881 –DATAS – Pág; 91)

(Fonte: Veja, 20 de julho de 1983 – Edição 776 – LIVROS/ Por José Paulo Paes – Pág: 108/109)

(Fonte: Veja, 5 de dezembro de 1973 – Edição 274 – LITERATURA / Por Leo Gilson Ribeiro – “Onde Estiveste, Adão?”, de Heinrich Böll – Pág: 105/106)

 

 

 

 

Um Nobel cheio de culpas

Em 1972, o Prêmio Nobel de Literatura foi concebido a um escritor que divide honrosamente o escárnio da esquerda e o ódio da direita através dos seus 41 volumes de contos, romances, ensaios e peças radiofônicas.

O romancista e contista católico da Renânia, antimilitarista, o acusador do povo alemão de complacência na morte de 6 milhões de judeus, considerava a Alemanha do Leste oprimida por um regime tão castrador da liberdade quanto o nazista. Mas a próspera Alemanha Ocidental també, é para ele território inimigo – sua riqueza foi adubada pelo ouro e pelo sangue de milhões de mortos na Segunda Guerra Mundial.

Aos 55 anos de idade, Heinrich Böll é um cristão engajado politicamente com o Partido Social Democrático e um escritor que detesta a estética literária afastada dos problemas sociais e morais do homem comum.

Alistado compulsoriamente na Wehrmacht (Exército) nazista aos vinte anos de idade, ferido várias vezes, servindo na Infantaria na Rússia, na França, na Polônia, presidente do Pen Club internacional, não considera o Prêmio Nobel o término da sua carreira.

Böll foi fiel ao inventor da dinamite, ao reconhecer na palavra seu valor potencial explosivo. Cita Dickens como um reformador das prisões e dos orfanatos ingleses pela força que sua compaixão humana transmitiu às suas palavras.

E reconheceu os escombros de uma Alemanha arrasada que brotaram das palavras bombásticas e lunáticas do “Minha Luta” de Hitler.

Por isso utilizou a palavra no sentido bíblico, quando a linguagem humana se torna o equivalente espiritual do pão de que o homem vive: “No princípio e no fim há o  Verbo, que liberta, conforta e mantém a dignidade do homem.”

(Fonte: Veja, 26 de outubro de 1972 – Edição 216 – LITERATURA/ Por L. G. R – Pág: 88/89)

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