Gustavo Carvalho Baeta Neves, ou apenas Didi, um dos mais importantes compositores de sambas-enredo

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Gustavo Carvalho Baeta Neves, ou apenas Didi, homenageado pela União da Ilha em 1991 com o enredo “De bar em bar, Didi, um poeta”.
Autor de 16 sambas para a Ilha (e quatro para o Salgueiro), Didi passou a infância e a juventude no bairro.

Didi, autor de “É Hoje”, filho de tradicional família alagoana que se transferiu para o Rio de Janeiro, abandonou uma respeitada carreira jurídica para se tornar um dos mais importantes compositores de sambas-enredo da história do carnaval. Encantado com o cotidiano das escolas de samba, brigou com a mãe e terminou um casamento.

“É hoje”, samba entoado pela União da Ilha no ano de 1982: “A minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela…”.

A família de Didi era muito rica, mas sofreu uma derrocada com a morte prematura do pai, aos 35 anos, em 1937.

O futuro sambista tinha apenas dois anos e se mudou com a família do Méier, na zona norte do Rio de Janeiro, onde tinha até motorista particular, para a ilha do Governador, na mesma região, onde chegou a morar em um porão.

Quando venceu pela primeira vez uma disputa de samba-enredo, na União da Ilha, em 1955, o compositor de apenas 19 anos preferiu assinar com o pseudônimo de Didi. Era uma forma de evitar broncas em casa, pois a família via ressabiada seu envolvimento com o samba.

Durante a década de 1960 a carreira jurídica deslanchou e Didi tornou-se procurador da República, mas não se afastou das escolas de samba. Em 1967 e 1968, ele venceu as disputas de samba-enredo no Salgueiro. Desta vez, temendo melindrar integrantes da União da Ilha, preferiu não assinar a autoria, atribuída apenas a seu parceiro Aurinho da Ilha.

A intensa rotina profissional e a pressão familiar (sua mulher também criticava o envolvimento dele com o samba) fizeram Didi se afastar do carnaval em 1971. “Mas em 1977 seu ex-parceiro Aurinho compôs “Domingo”, samba de muito sucesso, e Didi não aguentou: decidiu voltar ao samba”. “Aí os atritos com a mãe aumentaram e eles se afastaram.” Ele voltou à ala de compositores da União da Ilha, mas, segundo as regras do grupo, só poderia concorrer um ano após o retorno. Como não fazia questão de figurar como autor, compôs “O Amanh㔠(“A cigana leu o meu destino… eu sonhei…), que foi assinada apenas pelo parceiro João Sérgio. “Quem acompanhou aquela disputa de samba sabe que foi Didi quem compôs”.

No carnaval de 1983 Didi inscreveu sambas na Ilha e no Salgueiro, escolas concorrentes. Embora não figurasse como autor no Salgueiro, a notícia se espalhou e Didi foi desclassificado pela Ilha, mas venceu no Salgueiro. Nos dois anos seguintes ganhou novamente na Ilha. Seu último samba a embalar a Sapucaí foi entoado pelo Salgueiro em 1987.

Vítima de derrame e portador de cirrose, não pode ir à escola na noite da escolha do samba. Morreu em abril de 1987, sem deixar filhos, aos 52 anos.

(Fonte: http://blogs.estadao.com.br/carnaval-2013 – Fábio Grellet, O Estado de S. Paulo – 04.fevereiro.2013)

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