Gerd Bornheim, introdutor e especialista do pensamento existencialista de Heidegger e Sartre

0
Powered by Rock Convert

Gerd Bornheim, um dos principais filósofos brasileiros

Pensador crítico e homem ético, filósofo brasileiro, foi espectador ideal

Gerd Alberto Bornheim (Caxias do Sul (RS), 19 de novembro de 1929 – Flamengo, Rio de Janeiro (RJ), 5 de setembro de 2002), filósofo sul-rio-grandense, iniciou sua carreira de professor universitário na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde manteve-se até ser expulso pelo regime militar. Exilado na Europa, viveu na França e na Alemanha entre 1970 e 1974. É reconhecido introdutor e especialista do pensamento existencialista de Heidegger e Sartre no Brasil.

De volta ao país, passou a lecionar na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Seus estudos abrangeram a filosofia, as artes e o teatro. Escreveu diversos livros, entre os quais Aspectos filosóficos do romantismo, O sentido e a máscara, O idiota e o espírito objetivo, Sartre: metafísica e existencialismo e Metafísica e Finitude.

Gerd Bornheim era professor ainda em atividade na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tanto da graduação como da pós- graduação, nos cursos de História da Filosofia Contemporânea I e II e Filosofia Geral e Problemas Metafísicos.

Borheim ministrava cursos e participava de conferências por todo o país e no exterior, sobre temas que variavam entre filosofia, teatro e artes plásticas. Gerd Alberto Bornheim, que nasceu em Caxias do Sul, escreveu Páginas da Filosofia da Arte, Brecht ? A Estética do Teatro, Sartre: Metafísica e Existencialismo, entre outros. Em 2000, ele foi finalista do Prêmio Multicultural Estadão Cultura. Bornheim teve uma extensa formação em filosofia. O início de seus estudos foi no Rio Grande do Sul, na PUC de Porto Alegre e na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em seguida, sua primeira experiência internacional no mundo acadêmico foi na Sorbonne de Paris. Depois esteve em Oxford, na Inglaterra, e em Freiburg, Alemanha. Como professor, ele lecionou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul durante o período da ditadura militar, trabalhou nas UFRGS e na Universidade Federal do Rio de Janeiro, antes de se tornar professor da UERJ.

Bornheim também lecionou por um semestre na Universidade de Frankfurt, na Alemanha. Gerd Bornheim foi um divulgadores das idéias de Jean-Paul Sartre no Brasil. Escreveu sobre o criador do Existencialismo em Sartre, que foi editado pela editora Perspectiva na coleção Debates, além de Sartre: Metafísica e Existencialismo. Mas nunca se definiu como sartreano. Falando ao Estado em março de 2000, ele declarou: “meu pensamento está enraizado, sobretudo, em Heiddeger, em Hegel e em Marx”. Outro autor que despertou o interesse de Gerd Bornheim foi o dramaturgo Betolt Brecht. Sobre seu teatro, Bornheim escreveu em Brecht ? A Estética do Teatro. O filósofo era contra o atrelamento simples e mecânico do teatro de Brecht ao marxismo. Em seu livro, chega a afirmar que Brecht não era brechtiano. Tal como o próprio Marx, que disse certa vez não ser marxista. Apesar de se preocupar com problemas estéticos do teatro e da arte em geral, Bornheim se dedicava sobretudo às questões intrínsecas da filosofia. “Minha produção sobre teatro é secundária em face da importância que atribuo às minhas atividades filosóficas”, disse ele.

Gerd Bornheim morreu em 5 de setembro de 2002, aos 72 anos, em sua casa no bairro do Flamengo, em consequência de um tumor no cérebro.

Bornheim era solteiro e tinhas duas irmãs, Gerda e Irmgard. Deixa um filho adotivo, Romildo, e um neto, Anderson, de três anos de idade.

(Fonte: www.digestivocultural.com/colunistas – 30/8/2010 – Introdução ao filosofar, de Gerd Bornheim – Por Ricardo de Mattos)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – GERAL – CULTURA/ Por Agencia Estado, 06 Setembro 2002)

(Fonte: https://www.terra.com.br/istoegente/163/aconteceu – ACONTECEU – TRIBUTO/ por Dirceu Alves Jr. – 16/09/2002)

 

 

Gerd Bornheim, um dos principais filósofos brasileiros

Gerd Bornheim, um dos principais filósofos brasileiros (Foto: Reprodução)

 

 

 

Filósofo brasileiro, deixa obra sobre estética teatral 

Dentre os filósofos brasileiros, Gerd Bornheim, que morreu no dia 5 aos 72 anos, foi o mais querido pela gente de teatro. Tinha como ninguém o prazer do espetáculo, a admiração pela forma transitória da cena, por uma ficção condicionada à presença física dos atores.

Tinha também um gosto muito pessoal pela crise. Pelo teatro como experiência crítica, em que os valores não estão mais dados. E tudo precisa ser construído na relação entre o palco e a plateia.

Não são poucos os filósofos que se interessaram pela reflexão estética. A dignificação ontológica do sensível foi quase uma justa imposição da fenomenologia a todo pensamento do século passado. Mais raros são aqueles que, na vida de todos os dias, fazem com que de fato o “olho produza”, na expressão de Brecht sobre a arte do espectador da era científica.

Gerd Bornheim foi um amoroso do teatro, espectador ideal porque sempre em atividade interpretativa, um descontente. Era quando deixava de ser o professor cativante, tecedor de sistemas, e se punha como o aluno assistemático, de perspectivas móveis.

Tendo estudado Marx, não guardou dele o combate anticapitalista, mas a crítica à alienação do trabalho. Acredito que enxergava no teatro essa dupla possibilidade, de vislumbre do desacerto atual e de resgate de algum sentido de totalidade. Todos os autores de seu interesse estavam distantes ou se distanciaram, por razões diversas, do mundo da especialização burguesa. Dos pré-socráticos que traduziu, na fronteira entre o mito e a palavra filosófica, ao Hegel das “manifestações sensíveis da Ideia”. De Heidegger e sua nostalgia do Ser (antes o poeta dos “caminhos que não levam a lugar nenhum” que o pensador irracionalista) a Sartre, não só o filósofo, mas o escritor de teatro.

Talvez seus melhores estudos teatrais sejam ligados ao romantismo alemão, mas todos os grandes temas, afora o Brasil, lhe foram próximos: os trágicos gregos, Shakespeare, Brecht. Teatro e teoria eram para ele atividades dos sentidos. Nos últimos anos, em que parecia andar mais cansado dos acidentes da vida, e como que numa recusa a perder o prazer de viver, falava muito de uma Grécia originária, estética e hedonista, em que o teatro não se distinguia de seus outros, a música, a dança, o ritmo. Essa saudade regressiva lhe impregnou de um wagnerianismo incerto, quase melancólico nos comentários estéticos.

Dialético que era, seu livro sobre Brecht ensaia uma oposição a isso: Brecht é lido como o poeta da “separação”, da ruptura às fusões da ópera, o anti-wagneriano cuja perspectiva totalizante não era espiritualizante, pedia distinções e pontos de vista de classe. Mas é como se Gerd Bornheim, repetindo o que fez com Marx, se encantasse apenas com um lado de Brecht, o da pesquisa formal, que de fato é o mais inovador se não lhe abstrairmos sua busca de objetividade material e histórica.

Sua imagem estética de Brecht pode ser comparada àquela feita por um “artista que se põe a pintar Lênin, e cujo retrato lembra sem dúvida Lênin, mas cuja técnica de luta não recorda de modo nenhum a técnica de luta de Lênin”. Talvez este meu esboço do pensador crítico e homem ético do teatro que foi Gerd Bornheim sofra do mesmo limite, perdoável aos que muito lhe admiraram e com ele tanto aprenderam.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada – FOLHA DE S.PAULO – TEATRO – MEMÓRIA /Por SÉRGIO DE CARVALHO ESPECIAL PARA A FOLHA – São Paulo, 21 de setembro de 2002)

Sérgio de Carvalho é dramaturgo e diretor integrante da Cia. do Latão.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados.

 

 

 

 

 

 

O professor gaúcho, que foi um dos nomes mais representativos da reflexão sobre a filosofia no Brasil, busca as implicações metafísicas do pensamento sartriano, a fim de elucidar as raízes e o alcance de seus dois conceitos básicos: o Ser e o Nada. Com os dois textos suplementares, que abordam a concepção sartriana da linguagem e o problema de Deus, esta edição proporciona ao leitor uma das mais lúcidas e metódicas exposições dos pontos essenciais do universo filosófico de Sartre, ao mesmo tempo que lhe permite mapear a extraordinária influência de suas idéias na aventura espiritual de nossa época.
(Fonte: www.travessa.com.br)

“A repetição mecaniza o homem e a inércia reduz a inação”.
Gerd Bornheim (1929-2002), filósofo sul-rio-grandense.
(Fonte: Zero Hora – ano 43 – n.° 15. 147 – Almanaque Gaúcho – 16/02/2007 – Pág; 54)

(Fonte: http://www.terra.com.br/istoegente/163/aconteceu – ACONTECEU – por Mariana Kalil – 16/09/2002)

Powered by Rock Convert
Share.