Geraldo Sarno, diretor do clássico ‘Viramundo’, o primeiro a trazer uma nova imagem da classe operária brasileira, a do camponês de origem nordestina corrido da seca e da fome

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Cineasta Geraldo Sarno, diretor do clássico ‘Viramundo’

 

Geraldo Sarno (Bahia, em 1938 – Copa D’Or, no Rio de Janeiro, 22 de fevereiro de 2022), cineasta baiano, foi diretor de ‘Viramundo’ e ‘Sertânia’, diretor que deixa marcas importantes na história do cinema brasileiro. Tais como Viramundo (1965), Iaô (1976), Coronel Delmiro Gouveia (1977) e Sertânia (2021), entre outras obras. Sarno teve intensa produção, mas estes são os marcos fundamentais, que definem uma trajetória no momento em que ela se encerra.

 

Como diretor, ele comandou 17 filmes, e como roteirista, cinco. Em 2008, Sarno recebeu o prêmio de melhor direção no Festival de Brasília, pelo filme “Tudo isto me parece um sonho”, sobre a história do general pernambucano Ignácio Abreu e Lima, que, ao lado de Simon Bolívar, participou de batalhas que resultaram na libertação da Colômbia, Venezuela e Peru da Coroa Espanhola no século 19.

 

“Viramundo”, primeiro filme de Geraldo, foi filmado em São Paulo e faz parte da história do cinema brasileiro.

“Viramundo” foi pioneiro ao trazer a nova imagem da classe operária brasileira, a do camponês de origem nordestina corrido da seca e da fome, e do surgimento de um sistema religioso neopentecostal, hoje hegemônico no Brasil.

 

© Acervo Estadão Cena do filme Viramundo, dirigido por Sarno.

O filme tem imagens preciosas da cidade em 1964 e foi lançado semanas antes do Golpe Militar.

Seu filme, “Viramundo”, foi filmado em São Paulo e virou um clássico do cinema brasileiro. O curta-metragem foi o primeiro a trazer uma nova imagem da classe operária brasileira, a do camponês de origem nordestina corrido da seca e da fome, e do surgimento de um sistema religioso neopentecostal, hoje hegemônico no Brasil.

 

Geraldo Sarno nasceu em 6 de março de 1938 na cidade de Poções, no interior da Bahia. Filho de comerciantes italianos, ele cresceu em convívio com uma comunidade de imigrantes, no meio do sertão, e essa ligação pautou muito do seu trabalho como diretor – que abordava temas como o movimento migratório brasileiro, religiões e cultura popular de uma maneira reflexiva e emblemática.

O cineasta ficou conhecido por abordar temas como o movimento migratório brasileiro (em especial o nordestino), as religiões e cultura populares. Em 2008, recebeu o prêmio de melhor direção no Festival de Brasília, pelo filme “Tudo isto me parece um sonho”, sobre a história do general pernambucano Ignácio Abreu e Lima, que, ao lado de Simon Bolívar, participou de batalhas que resultaram na libertação da Colômbia, Venezuela e Peru da Coroa Espanhola no século XIX.

 

De acordo com o Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da FGV, Sarno cresceu em convívio com uma comunidade de imigrantes, no meio do sertão.

 

“O cinema já estava presente em sua infância, quando frequentava as três salas de cinema de sua cidade, assistindo filmes e, principalmente, séries com amigos, inclusive Glauber Rocha, com quem colecionava fotogramas e fazia projeções em casa”, relata o CPDOC.

 

Em 1964, após uma passagem por Cuba, onde estudou cinema, Sarno começa a se relacionar com outros nomes do cinema, como Maurice Capovilla e Vladimir Herzog.

 

Nos anos seguintes, lançou seus primeiros filmes, “Viramundo” (1965) e “Auto da Vitória” (1966).

 

O cineasta passou a se aprofundar no trabalho de temas populares da cultura do sertão nordestino. O resultado dessa pesquisa está retratado nos filmes “Os Imaginários” (1965) e “O Engenho” (1970).

 

“Nos anos 1970, a reflexão a partir dos filmes-verbetes, como ficaram conhecidos esses filmes, se estendeu à cultura negra do litoral, com Iaô (1976) e à ficção, com Coronel Delmiro Gouveia (1978)”, informou o CPDOC.

 

Nos anos 1990, passa a ministrar cursos de cinema, realiza a série documental “A Linguagem do Cinema” e trabalha na revista Cinemais com outros diretores brasileiros, como Walter Salles, Júlio Bressane e Ruy Guerra.

 

“É reconhecido como um diretor que aborda a cultura popular, a história nacional e suas problemáticas de uma maneira reflexiva e emblemática”, relembra o CPDOC.

 

Filho de imigrantes italianos, ele nasceu no sertão baiano e fez da região tema de seus filmes. Foram mais de 15, do curta “Viramundo” (1965) ao longa “Sertânia” (2020), que abordaram o movimento migratório nordestino, as religiões e cultura populares.

 

Amigo de Glauber Rocha desde a infância, Sarno foi engajado antes mesmo de ser cineasta, chegando a participar no Centro Popular de Cultura, iniciativa da UNE (União Nacional dos Estudantes) que reuniu um grupo de intelectuais de esquerda, com o objetivo de criar e divulgar uma “arte popular revolucionária”.

 

O caldeirão cultural da época que antecedeu o golpe militar de 1964 levou Sarno a encontrar o grupo de documentaristas que comporiam a Caravana Farkas (batizada em referência ao produtor húngaro Thomas Farkas) que traria o “cinema direto” ao Brasil.

Depois de estudar cinema em Cuba, ele filmou seu primeiro clássico produzido por Farkas. Com “Viramundo”, retratou a migração nordestina para São Paulo e revelou a nova classe operária brasileira, formada por camponeses de origem nordestina, vindos ao Sudeste em fuga da seca e da fome, além do surgimento de um sistema religioso neopentecostal, que viria a se tornar hegemônico no Brasil com um império de templos, TVs e até partido político.

 

Ele fez vários outros curtas documentais importantes entre os anos 1960 e 1970, alguns produzidos por Farkas, abordando sempre temas nordestinos, desde a economia sertaneja até personalidades como Lampião e Padre Cícero.

 

Mas, curiosamente, sua estreia em longa-metragem e na ficção foi num filme infantil: “O Pica-pau Amarelo” (1973), primeira adaptação cinematográfica da obra de Monteiro Lobato.

 

Sarno fez só mais dois longas de ficção na carreira e um híbrido de documentário e dramatização. A ficção mais importante foi “Coronel Delmiro Gouveia” (1978), sobre o conflito entre duas forças predatórias: o coronelismo nordestino e o imperialismo multinacional. Seu último filme produzido por Farkas venceu o Festival de Havana, em Cuba.

 

Apesar de buscar a ficção nos anos 1970, a ênfase de sua filmografia continuou sendo documental. Sarno buscou traçar, além do Nordeste em todas as suas variações, um mapa da identidade cultural do Brasil, entre o impacto modernista da “Semana de Arte Moderna” (1974) às sequelas do passado escravagista de “Casa-Grande e Senzala” (1978).

 

Em 2008, ele venceu o Candango de Melhor Direção no Festival de Brasília com o docudrama “Tudo Isto me Parece um Sonho”, sobre a história do general pernambucano Ignácio Abreu e Lima, que participou de batalhas que resultaram na libertação da Colômbia, Venezuela e Peru da Coroa Espanhola ao lado de Simon Bolívar no século 19.

 

Em seu último longa, voltou à ficção para abordar o universo dos cangaceiros. “Sertânia” foi exibido na Mostra de Tiradentes de 2020, pouco antes de começar a pandemia, e venceu 12 prêmios em festivais diferentes.

 

Carreira como diretor:

  • 2020 – Sertânia
  • 2010 – Ultimo Romance de Balzac
  • 2008 – Tudo Isto Me Parece Um Sonho
  • 1985 – Deus é um Fogo
  • 1984 – A Terra Queima
  • 1978 – Casa-Grande e Senzala
  • 1977 – Coronel Delmiro Gouveia[2]
  • 1976 – Espaço Sagrado
  • 1976 – Iaô
  • 1974 – Segunda-Feira
  • 1974 – Semana de Arte Moderna
  • 1973 – O Pica-pau Amarelo
  • 1972 – Herança do Nordeste (episódio Casa de Farinha and Padre Cícero)
  • 1969 – Viva Cariri
  • 1968 – Brasil Verdade (episódio Viramundo)
  • 1964 – Viramundo
  • 1963 – Mutirão em novo sol

Carreira como roteirista:

  • 1978 – Coronel Delmiro Gouveia
  • 1976 – Iaô
  • 1973 – O Picapau Amarelo
  • 1968 – Brasil Verdade (episódio Viramundo)
  • 1965 – Roda e Outras Histórias

 

Geraldo Sarno faleceu em 22 de fevereiro de 2022, aos 83 anos. Geraldo Sarno faria 84 anos no próximo dia 6 de março. Ele estava internado no Copa D’Or, no Rio de Janeiro, há um mês em decorrência de complicações da Covid-19. Geraldo tinha tomado as 3 doses da vacina e preparava um retorno para sua cidade natal Vitória da Conquista.

(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2022/02/23 – POP & ARTE / CINEMA / NOTÍCIA / Por g1 – 23/02/2022)

(Fonte: https://www.otempo.com.br/brasil – BRASIL / Por O TEMPO – 23/02/22)

(Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/entretenimento – ENTRETENIMENTO / por Carolina Figueiredo / Léo Lopesda / CNN – 23/02/2022)

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por Pipoca Moderna – 23/02/2022)

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – NOTÍCIAS / BRASIL / por Luiz Zanin Oricchio / ESTADÃO CONTEÚDO – 23/02/2022)

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