Geraldo Filme, cantou ao lado de Clementina de Jesus e se associou ao diretor Plínio Marcos, em espetáculos teatrais/musicais como “Nas Quebradas do Mundaréu”

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Geraldo Filme (Campos Elíseos (centro de SP), 1927 – Educandário, São Paulo, 5 de janeiro de 1995), nome artístico de Geraldo Filme de Souza, foi o primeiro presidente da União das Escolas de Samba de São Paulo

Personagem fundamental do samba com sotaque paulista, autor de mais de 200 canções, fez parceria com a cantora Marília Medalha, parceira musical de Vinicius de Moraes e Toquinho e intérprete de Ponteio, de Edu Lobo, em 1967.

A interação com o teatro, era uma das características da obra de Geraldo Filme, que foi grande amigo de Gianfrancesco Guarnieri e Plínio Marcos (com quem compôs para as peças Balbina de Iansã e Nas Quebradas do Mundareú).

Ex-integrante da Vai-Vai, da Unidos do Peruche, da Coloração do Brás e da Paulistano da Glória, sempre combateu a elitização do ritmo, com o conceito que Filme tinha do samba. Para ele, o ritmo acabou confinado nas escolas de samba, que privilegiam o espetáculo.

Também ficava furioso quando diziam (na verdade, foi Vinicius de Moraes) que São Paulo era o túmulo do samba. Injuriado, rebatia com a música que compôs no início da carreira: “Eu vou mostrar que o povo paulista/Também sabe sambar / Eu sou paulista / Gosto de samba / São Paulotem gente bamba / Eu sou paulista / Sambo pra cachorro / Para ser sambista / Não precisa ser de morro.”

Ele aprendeu o samba nos núcleos de fundação do batuque paulista, como o extinto Largo da Banana, na Barra Funda, e nas festas do município de Pirapora do Bom Jesus, que transformaram uma procissão religiosa em uma manifestação profana, com as pessoas dançando e cantando pela madrugada.

Filme representava um lado mais genuíno do samba paulista, enquanto o Adoniran Barbosa era mais pitoresco e Paulo Vanzolini, mais técnico.

Geraldo Filme só gravou seu primeiro disco individual em 1980, quando estava com 52 anos, pelo selo Eldorado.

O primeiro samba Filme compôs aos 10: “Eu vou mostrar/ que o povo paulista/ também sabe sambar. Eu sou paulista/ gosto de samba/ na Barra Funda/ também tem gente bamba. Somos paulistas/ e sambamos pra cachorro/ pra ser sambista/ não precisa ser do morro”. 

Aprendeu o samba nos núcleos de fundação do batuque paulista: o extinto largo da Banana, na Barra Funda (região oeste da cidade), e o município de Pirapora do Bom Jesus, 50 km a oeste de São Paulo. 

Ajudou a organizar os cordões e blocos que mais tarde se transformariam nas escolas de samba da cidade -foi o primeiro presidente da União das Escolas de Samba de São Paulo, diretor, conselheiro e compositor (vencedor, com “Solano Trindade, Moleque do Recife”) da Vai-Vai. 

Gravou pouco, mas fincou pé num lado mais obscuro da história do samba, cantando ao lado de Clementina de Jesus e se associando ao sempre marginal diretor Plínio Marcos, em espetáculos teatrais/musicais como “Nas Quebradas do Mundaréu” (que teatralizava as biografias de Filme, Toniquinho Batuqueiro e Zeca da Casa Verde) e “Balbina de Iansã”. 

Solo mesmo, foi só um disco, “Geraldo Filme”, lançado em 1980 pela Eldorado. A gravadora embarca na “ola” do documentário e promete relançar em abril o produto, assim como “O Canto dos Escravos”, que ele gravou com as cantoras Clementina e Doca. 

Foi feito o documentário Geraldo Filme – Crioulo Cantando Samba Era Coisa Feia, dirigido por Carlos Cortez em 1997.

Plínio Marcos briga -mais uma vez- com a imprensa ao falar de Filme. “A imprensa é mal informada. Se vocês pesquisassem as coisas, não teriam que vir aqui fazer pergunta idiota. Descobrem que fui amigo do Geraldão, e aí é só perguntar para o Plínio.” 

Mais calmo, acaba falando do amigo: “Nos conhecemos no grupo do grande poeta popular Solano Trindade, no Embu, que era um verdadeiro núcleo de cultura negra, não a cidade da arte que é hoje. A polícia sempre baixava e espantava todo mundo. Geraldão não era sambista, era fundamentalmente um historiador das coisas de São Paulo, da praça da Sé, das rodas de tiririca”. 

Geraldo Filme, nasceu em 1927, nos Campos Elíseos (centro de SP), e morreu em São Paulo, dia 5 de janeiro de 1995, no conjunto habitacional Educandário (periferia oeste de SP), sem nenhum reconhecimento fora dos círculos locais em que se movia. 

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq30039803 – FOLHA DE S. PAULO – ILUSTRADA/ Por PEDRO ALEXANDRE SANCHES da Reportagem Local – 30 de março de 1998)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/musica – 20050203p3816 – CULTURA – MÚSICA – AGENCIA ESTADO – 3 Fevereiro 2005)

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