Foi uma das pioneiras da dramaturgia brasileira

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A rainha do deboche
Dercy Gonçalves uma vida dedicada a irreverência e a autenticidade

Dercy Gonçalves, atriz e comediante, nascida Dolores Costa Gonçalves, adotou o Dercy em 1927 para tentar a carreira de cantora. Nascida na cidade natal, Santa Maria Madalena, interior do Rio de Janeiro.
Foi uma das pioneiras da dramaturgia brasileira, mas tamanha autenticidade e capacidade de improviso só lhe permitia um papel: o de si mesma. Em 70 anos de carreira, passou pelo teatro de revista, pelas chanchadas da Atlantida e pelo nascimento e ascensão da TV. Sua estreia no cinema foi em 1943, com “Samba em Berlim”. Ao todo, foram 30 produções na grande tela, ao lado de ícones como Grande Otelo, Oscarito e Zé Trindade, até o curta-metragem “Célia & Rosita”, de 2000, e o ainda inédito “Nossa vida não Cabe num Opala”, longa de Reinaldo Pinheiro. Na TV, trabalhou na Excelsior e, a partir de meados dos anos 60, na Globo, a frente de programas “Dercy Comédias”, “Dercy Espetacular” e “Dercy de Verdade”, mas não escapou da censura dos anos 70, amargando algum tempo fora do ar por conta de sua irreverência. Debochada, instituiu o palavrão como uma marca depois de assistir a uma trupe de comediantes portugueses. “Ganhei dinheiro pra caramba com palavrão”, lembrou ela em uma entrevista em 2007. Mas, como lembrou o amigo Ary Fontoura, “Dercy era do palavrão carinhoso”. Um dos grandes momentos de sua vida foi o Carnaval de 1991, quando marcou o Grupo Especial do Rio de Janeiro ao desfilar em carro alegórico da Viradouro com os seios a mostra.
Dercy Gonçalves morreu no dia 19 de julho de 2008, aos 101 anos, vítima de uma pneumonia, após ter sido internada no CTI do Hospital São Lucas. O corpo da atriz e comediante foi sepultado na sua cidade natal, dia 22 de julho, dia da padroeira da cidade, no local onde, anos antes, a própria Dercy mandou construir um mausoléu.
O governo do Estado do Rio decretou luto oficial de três dias e o prefeito Cesar Maia declarou que dará o nome da comediante a uma área pública da cidade. Seus 100 anos, em 2007, não passaram em branco, com Dercy distribuindo “selinhos” a La Hebe. Na época, a atriz Jandira Martini sentenciou: Tudo o que acontecer de teatro no Brasil vai ter um pouco de Dercy”.

(Fonte: Correio do Povo – Ano 113 – N° 295 – Arte & Agenda – 21/07/08)

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