Foi um dos precursores da literatura esotérica dirigida às grandes massas

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Lobsang Rampa (Plympton, 8 de abril de 1910 – Ontário, Canadá, 25 de janeiro de 1981), escritor cujo nome verdadeiro era Cyril Henry Hoskins. Pretendendo assumir a personalidade de um lama tibetano, ele escreveu seu livro mais conhecido, “A Terceira Visão”, em 1957 – uma biografia romanceada.

Quase todas as obras de Rampa, em que procurava ensinar como conhecer a mente, foram traduzidas para o português. Rampa foi um dos escritores esotéricos que mais vendeu nos anos 60, e pode ser considerado um precursor da literatura do gênero. Rampa faleceu em 25 de janeiro de 1981, aos 90 anos, no Canadá.
(Fonte: Veja, 4 de fevereiro de 1981 – Edição n° 648 – DATAS – Pág; 74)

A Terceira Visão (The Third Eye), escrito por Lobsang Rampa foi publicado pela primeira vez pela editora britânica Secker & Paula Calloni de Souza Warburg, foi um best-seller, com 80 mil livros vendidos em seis edições na Inglaterra, e 100 mil na Alemanha, além de edições com vendagens similares em toda a Europa e América do Norte.

Com todos os ingredientes de uma empolgante autobiografia, A Terceira Visão conta a vida de Tuesday Lobsang Rampa e sua formação como monge budista, até se tornar um lama e abade especialista em medicina cirúrgica. Aos sete anos, filho de um membro dos altos postos do governo tibetano, o pequeno Lobsang tem seu destino decidido por uma comissão de sacerdotes-astrólogos, que solenemente profetizam seu futuro durante uma grande festa realizada em sua casa em Lhasa, no Tibete. O menino deveria ser encaminhado ao mosteiro de Chakpori e passar por um severo preparo ético, teórico, religioso e aguçado através de provas de resistência física e mental. Ele deveria estar apto não apenas para exercer seu papel de médico, mas também para enfrentar um destino marcado por dificuldades, privações e sofrimento no Ocidente. Tendo como mestre o lama Mingyar Dondup, por quem nutre respeito e carinho quase filiais, Lobsang passa por inúmeras provações e conta tudo com detalhismo impressionante. Sua convivência com o décimo terceiro Dalai-Lama, suas experiências de quase morte, viagens astrais, clarividência; as expedições ao Planalto de Chang Tang a fim de conhecer e colher ervas medicinais; sua visita à “cidade morta” de uma civilização perdida, suas elucubrações quanto às diferenças culturais, sua fiel descrição de um ambiente carregado de mistério, inatingível à maioria das pessoas comuns, tudo isso faz da obra o tipo de livro que não se consegue mais parar de ler. A narrativa também é permeada por mensagens contra o preconceito: “É uma pena que tenhamos essa tendência para julgar outros povos segundo nossos próprios padrões”. E de consolo: “A morte não existe. É um nascimento. Simplesmente o ato de nascer num outro plano de existência”.

A história do menino tibetano que se torna um lama marcou época é foi um dos precursores da literatura esotérica dirigida às grandes massas. A linguagem, quase poética, de com preensão fácil, detalhista e cheia de prosopopéia, conquistou um público ávido pela necessidade de sonhar com uma realidade distante, misteriosa e praticamente inacessível.

Cenário Turbulento

Quase nada se sabia a respeito do Tibete, e o cenário sócio-cultural no Ocidente era tão nebuloso quanto a atmosfera impregnada de incenso dos mosteiros budistas. Na Europa do pós-guerra, a apreensão quanto ao domínio comunista dos chineses no Himalaia chamava a atenção para aquela região desconhecida do Oriente. Nos Estados Unidos, o livro de Rampa fez sucesso particularmente nos anos 60, em pleno movimento da contracultura.

A sociedade foi tomada por fortes sentimentos antibeligerantes. Os hippies pregavam paz e amor, o uso de drogas era estimulado como forma de reação aos vícios da sociedade conservadora. No Brasil, a primeira edição foi lançada em 1968, pela Editora Record. Era o ano da rebelião estudantil contra o regime militar, uma época em que o espírito revolucionário criava campo fértil e receptivo a tudo o que significasse a ruptura do status quo. O interesse por tudo o que fosse oposto sublinhou as diferenças entre Ocidente e Oriente, e este último, com seu misticismo e religião, passou a representar o inatingível e o paradisíaco. Os livros de Lobsang Rampa encontraram ali um nicho perfeito, e o resultado foi a conquista de um público em sua maioria leigo, porém fiel, que reagiu e ainda reage ferozmente diante das dúvidas que cercam a figura do autor, morto em 1981 em Ontário, no Canadá. Curiosamente, como fora previsto em A Terceira Visão.

(Fonte: http://www.ippb.org.br – O Polêmico Médico de Lhasa – Revista Sexto Sentido – Número 35)

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