Foi o primeiro músico de jazz moderno a aparecer na capa da revista Time

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Dave Brubeck (Concord, Califórnia, 6 de dezembro de 1920 – Hartford, Connecticut, 5 de dezembro de 2012), músico de jazz, compositor e pianista.

Grande inovador do jazz, o compositor e pianista Dave Brubeck

Obras do The Dave Brubeck Quartet como “Take five” conquistaram os ouvidos dos fãs com sua mistura de ritmos exóticos e desafiadores, que se tornaram clássicos da música americana. “Time out”, álbum de 1959 lançado pelo músico e seu quarteto foi o primeiro disco de jazz a vender mais de um milhão de cópias.

A carreira de Brubeck perspassou quase todos os estilos de jazz americano desde a Segunda Guerra Mundial. Ele montou o Dave Brubeck Quartet em 1951, foi o primeiro músico de jazz moderno a aparecer na capa da revista Time — em 8 de novembro de 1954 — e ajudou a definir os ritmos dos clubes de jazz nos anos 1950 e 1960.

O álbum “Time out” abre com a música “Blue Rondo a la Turk”, em compasso de 9/8. Um furacão de piano e saxofone inspirado em uma peça de Mozart, “Blue Rondo” eventualmente se intercala entre o piano de Brubeck e um mais tradicional ritmo 4/4 de jazz.

O álbum também traz “Take five” — em 5/4 — que se tornou a assinatura do quarteto e até mesmo chegou a Billboard em 1961. Ela foi composta pelo saxofonista de Brubeck, Paul Desmond.

“Quando você estabelece objetivos — os meus eram tocar de forma politonal e polirrítmica — você nunca se cansa”, disse Brubeck em 1995, “Eu comecei a fazer isso em 1940. Ainda é um desafio o que pode ser feito apenas com esses dois elementos.”

Após servir na Segunda Guerra Mundial e estudar no colégio Mills, em Oakland, Califórnia,Brubeck formou um grupo que incluia Desmond no sax alto e Dave van Kreidt no tenor, Cal Tjader na bateria e Bill Smith no clarinete. A banda tocava músicas originais de Brubeck e sucessos de outros compositores, entre eles algumas experimentações em compassos pouco usuais. O inovador álbum “Dave Brubeck Octet” foi gravado em 1946.

O grupo evoluiu para um quarteto, tocando em colégios e universidades. O primeiro album dessa formação, “Jazz at Oberlin”, foi gravado no Oberlin College, em Ohio, em 1953. Dez anos depois, Joe Morello assumiu a bateria e Eugene Wright o baixo para gravar “Time Out”.

Nos anos seguintes, Brubeck compôs para óperas, balés e até mesmo uma missa contemporânea. Em 1988 ele tocou para Mikhail Gorbachev, durante um jantar em Moscou no qual o então líder soviético recebeu o presidente americano, Ronald Reagan.

“Não entendo russo, mas entendo linguagem corporal”, disse, após ver Gorbachev batendo os pés no ritmo da música.

No fim dos anos 1980, compôs a trilha de um episódio em uma série de TV em oito partes chamada “This Is America, Charlie Brown”. Sua música aparece em um episódio envolvendo a Nasa e a estação espacial. Ele trabalhou com tês de seus filhos — Chris no trombone e no baixo elétrico, Dan na bateria e Matthew no violoncelo — e incluiu trechos da missa “To Hope! A Celebration”, de “A Light in the Wilderness” e de uma canção que ainda era inédita “Quiet As the Moon”.

“Essa é a beleza da música”, disse em 1992, “Você pode pegar um tema de um coro sagrado de Bach e improvisar. Não importa de onde vem o tema, você pode dar um tratamento de jazz nele.”

Em 2006, a Universidade de Notre Dame deu a Brubeck a medalha Laetare, oferecida anualmente a um católico “cujo gênio enobreceu as artes e ciências, ilustrando os ideais da igreja e enriquecendo a humanidade”.

Aos 88 anos, em 2009, ainda fazia turnês, apesar de uma infecção virtal que ameaçava seu coração eo fez perder um show em abril em sua universidade. Mas já em junho do mesmo ano estava tocando em Chicago, quando um crítico do Tribune escreveu que “Brubeck tirava do piano um liricismo mais encontrado na música de Chopin”.

Mais homenagens vieram quando ele foi indicado ao prêmio do Kennedy Center, em 2009. Brubeck disse que o anúncio teria agradado sua falecida mãe, Elizabeth Ivey Brubeck, uma pianista clássica que inicialmente ficou desapontada pelo interesse do filho mais novo por jazz. (Ela viveu tempo o bastante para aprender a apreciar sua música)

Nascido em Concord, Califórnia, em 6 de dezembro de 1920, Brubeck planejava se tornar um fazendeiro, como o paí. Ele estudou na Universidade do Pacífico em 1938, com a intenção de se formar em medicina veterinária e voltar para a fazenda da família.

Mas em apenas um ano ele foi atraído pela música. Se formou em 1942 e foi chamado para o exército, onde serviu — quase sempre como músico — sob o general George S. Patton, na Europa. Na época, sua banda era a única com músicos de raças diferentes nas Forças Armadas.

Numa entrevista para a minissérie “Jazz”, da PBS, Brubeck conta como tocava para os soldados com sua banda racialmente integrada, para depois ver seus colegas negros sendo expulsos de restaurantes no Texas, ao voltar da guerra.

Brubeck e sua eposa, Iola, teve cinco filhos e uma filha. Quatro de seus filhos — Chris no trombone e baixo elétrico, Dan na bateria, Darius nos teclados e Matthew no violoncelo — tocaram num tributo da Orquestra Sinfônica de Londres a Brubeck, em dezembro de 2000.

“Nunca tivemos diferenças”, disse Chris Brubeck, sobre viver e tocar com o pai, “Acho que a música sempre foi uma boa ferramenta de comunicação, então não tínhamos diferenças. Sempre tivemos a música em comum.”

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura – HARTFORD, Connecticut – CULTURA – 5/12/12)

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