Farley Granger, lembrado principalmente por sua participação em Festim Diabólico e Pacto Sinistro.

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Farley Granger, ator de Festim Diabólico

Morreu dia 27 de março de 2011, o ator norte-americano Farley Granger, lembrado principalmente por sua participação em Festim Diabólico (1948) e Pacto Sinistro (1951), de Alfred Hitchcock. A carreira de Granger no cinema não teve muitos destaques a partir dos anos 50, mas o ator ainda faria diversos papéis na televisão e no teatro.

Em Pacto Sinistro, Granger ganha papel principal como Guy, um tenista que vê sua vida mudar após um encontro casual, em um trem, com o psicótico Bruno (Robert Walker). Guy está prestes a se divorciar para viver um grande amor, porém sua futura ex-esposa não colabora no processo. Bruno sugere, então, que eles “troquem assassinatos”: Bruno mataria a ex-mulher de Guy, enquanto o tenista ficaria a cargo de assassinar o pai milionário de Bruno. Horrorizado com a proposta, Guy dispensa o estranho. Bruno, no entanto, segue em frente com o plano e passa a perseguir o tenista para que ele cumpra sua parte no acordo.

O roteiro de Raymond Chandler – famoso escritor policial – é mirabolante, mas tem bons momentos de suspense, traduzidos com o costumeiro vigor visual que é marca de Hitchcock. A cena do confronto entre mocinho e bandido no carrossel, em um parque de diversões, é exagerada, mas funciona perfeitamente como o clímax da tensão que Hitchcock constrói nos dois últimos atos do longa.

O melhor papel de Farley Granger, porém, é como um dos assassinos de Festim Diabólico. A trama, vagamente inspirada em uma história verídica, gira em torno de dois amigos que, por capricho, assassinam um colega de faculdade. Não satisfeitos com a selvageria, os assassinos ainda convidam a namorada, o melhor amigo e membros da família da vítima para um jantar no local onde o corpo está escondido. Os planos seguem como o previsto até que um ex-professor (James Stewart), também convidado para o banquete, começa a desconfiar do clima estranho do encontro.

Festim Diabólico é o filme mais experimental de Hitchcock. O objetivo do cineasta era criar a ilusão de que o filme foi gravado em um só plano contínuo – algo que só seria possível fazer de fato com o advento do cinema digital. Cada rolo de filme tinha de 10 a 15 minutos, portanto, o diretor precisou usar artifícios para disfarçar os cortes entre as trocas de rolo. Tudo isso para que o espectador tenha a impressão de que o tempo das ações coincide com o tempo de duração do filme. O resultado é interessante, embora teatral demais para Hitchcock.

Granger brilha no papel do relutante Phillip. Brandon (John Dall), seu parceiro, exulta com o assassinato e conduz o jantar com alegria e afetação. Não há resquício de humanidade nele. Phillip é o oposto de Brandon: tímido, fraco e introspectivo, ele se deixa fascinar pelo entusiasmo delirante do amigo. Porém, ele é o primeiro a perceber a dimensão de suas ações. Sua hesitação compromete o plano perfeito.

(Fonte: www.clicaemcinema.com.br – Cinema/ Por Anna Beatriz Lisbôa – terça-feira, 29 de março de 2011)

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