Erling Lorentzen, foi fundador e presidente da Aracruz, que deu origem à Fibria — incorporada pela Suzano em 2019 —, na década de 70, a que é considerada a primeira fábrica de celulose em linha do Brasil

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Fundador da Aracruz Celulose

Reconhecido como pioneiro por atividade empresarial e socioambiental

 

 

Erling Sven Lorentzen (Oslo, Noruega, 28 de janeiro de 1923 – 9 de março de 2021), industrial norueguês, e fundador da antiga Aracruz Celulose. Reconhecido como pioneiro e visionário na indústria de celulose e papel, criou a maior fábrica de celulose em linha única da década de 70.

 

Após 40 anos à frente da Aracruz (hoje Fibria), aposentou-se do Conselho de Administração em 2004, foi um dos fundadores do Business Council for Sustainable Development (BCSD) e membro do Comitê Executivo do World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) entre 1995 e 2004. Em 1997, foi nomeado presidente de honra do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) e, desde 1996, é membro do conselho da Conservation International do Brasil.

 

O industrial norueguês radicado no Brasil nasceu em 28 de janeiro de 1923, em Oslo. Aos 17 anos, durante a Segunda Guerra Mundial, comandou um pelotão da resistência contra os alemães. Em 1945, ao fim da guerra, Lorentzen foi aceito em Harvard, nos Estados Unidos. Casou-se em 1953 com a princesa Ragnhild da Noruega, filha mais velha do rei Olavo V e da princesa Marta da Suécia, com quem teve três filhos, Haakon, Ingeborg e Ragnhild.

 

Por causa dos negócios da família no setor marítimo, veio ao Brasil e enxergou novas oportunidades de investimento. Comprou a distribuidora de gás de cozinha que pertencia à Esso e montou sua própria companhia de navegação, a Norsul.

 

Lorentzen iniciou em 1960 o percurso de longa contribuição à indústria de celulose e papel. Fundou a Aracruz e deu início ao projeto com o plantio florestal, que previa a exportação de cavaco, para então sugerir o desenvolvimento de uma indústria local de processamento de celulose.

 

“Obstinado, não se intimidou com as desconfianças da época ao idealizar a então maior fábrica, com 400 mil toneladas. Até mesmo Ernesto Geisel, então presidente da República, chegou a questionar o projeto. Segundo anedota que o próprio executivo contou várias vezes, inclusive para a revista “O Papel” de 2015, Geisel teria comentado ‘se devia apoiar esse louco norueguês que está insistindo em fazer uma fábrica de celulose no Espírito Santo’”, conta a Ibá.

 

A Aracruz se consolidou e se tornou a primeira empresa brasileira listada na Bolsa de Valores de Nova York — inicialmente, era a única empresa florestal do mundo a participar do Índice Dow Jones de Sustentabilidade.

 

À Ibá, o executivo Carlos Roxo, ex-diretor de sustentabilidade da Aracruz, disse que Lorentzen foi um dos grandes líderes empresariais do mundo nessa área. Junto com Eliezer Batista, foi um dos pioneiros da criação do Business Council for Sustainable Development (atual WBCSD), que lançou o livro “Change Course” na Conferência do Rio em 1992.

Como membro do Comitê Executivo do WBCSD, foi o inspirador do estudo “Sustainable Paper Cycle”, feito de forma independente pelo IIED (International Institute for Enviroment and Development), que recomendou, entre outras iniciativas, a criação do “Forest Solutions Group” no próprio WBCSD, reunindo as mais importantes empresas florestais do mundo, e o “Forest Dialogue” (TFD), um grupo de diálogo entre empresas florestais e ONGs.

 

No Brasil, Lorentzen e Eliezer criaram o Conselho Empresarial de Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), e embora sem sua participação direta, o TFD serviu de modelo à criação do Diálogo Florestal e da Coalizão Brasil Clima Agricultura e Florestas.

 

Ex-presidente da Aracruz e da Fibria, Carlos Aguiar trabalhou de perto com Lorentzen e destaca sua visão estratégica. “Lorentzen sempre foi um visionário, pioneiro, empreendedor, incansável e, sobretudo, um homem do futuro. Sustentável, íntegro, transparente e humano, levou o nome da Aracruz/Fibria e do Brasil para o mundo”, disse Aguiar, à Ibá. “Ele é dessas pessoas que jamais envelhecem em suas ideias e jamais desistem do progresso para todos”, acrescentou.

 

Do time de profissionais da Aracruz que conviveram com Lorentzen, Walter Lídio, que foi presidente da CMPC (Riograndense), relembra sua importante contribuição à gestão de pessoas. “Exemplo de liderança, Lorentzen sempre teve um olhar para o futuro e isso passava por entender a importância das pessoas, do cuidado com o social, dos colaboradores e da comunidade”, afirmou.

 

Na avaliação do presidente da Suzano Holding e presidente do conselho de administração da Suzano, David Feffer, o industrial Erling Lorentzen gravou seu nome na história do setor de celulose no mundo e na indústria brasileira.

 

Em nota, o empresário lembra que, antes de fundar a Aracruz, Lorentzen já havia contribuído para desenvolver os setores de navegação aquaviária e de gás de cozinha no país. “Mas foi à frente da Aracruz Celulose, com um olhar que unia inovação e sustentabilidade e que viria a ser uma característica da produção de celulose brasileira, que deixou seu nome registrado na história”, diz Feffer.

 

Pioneiro, corajoso e visionário, dedicou à formação de grandes profissionais a mesma paixão que alimentava pela vela. Por todas essas marcas, será sempre um exemplo para todos nós”, acrescenta.

 

O grupo Lorentzen vendeu em 2008 sua participação na Aracruz para a Votorantim, após mais de 30 anos de atuação na gestão da produtora de celulose de eucalipto, em operação que deu origem à Fibria.

 

Erling Sven Lorentzen faleceu em 9 de março de 2021, aos 98 anos, em Oslo na Noruega.

Seu falecimento repercute na imprensa internacional também por causa do vínculo com a monarquia norueguesa.

Em longa homenagem ao empresário, a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) aponta que Lorentzen é reconhecido por sua marcante atividade empresarial e socioambiental. Foi fundador e presidente da Aracruz, que deu origem à Fibria — incorporada pela Suzano em 2019 —, na década de 70 e, mesmo após vender a que é considerada a primeira fábrica de celulose em linha do Brasil, continuou ativo no setor florestal.

 

Em comunicado, o presidente da Ibá e ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, diz que o “exemplo de Lorentzen de empreendedorismo, busca por sustentabilidade, visão empresarial, representa um marco importante não só do setor, mas também para o Brasil e para a indústria mundial de celulose”.

 

“Hoje o setor de base florestal emprega mais de 3,75 milhões de pessoas no Brasil, é líder mundial em exportação e é protagonista no investimento em novas aplicações e novos produtos de base florestal. Só chegamos até aqui pois tivemos na nossa fundação líderes como Erling Lorentzen, que mudou o paradigma de um país exportador de commodities sem valor agregado e sem industrialização, inovou no entendimento de que o valor precisa ser compartilhado com a comunidade e com o meio ambiente, e que se não nos anteciparmos ao futuro, ficaremos no passado”, afirma.

 

(Fonte: https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/03/09 – EMPRESAS / NOTÍCIA / Por Stella Fontes, Valor — São Paulo – 09/03/2021)

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