Dylan Thomas, poeta, jornalista, beberrão inveterado e mestre em se meter em brigas e confusões.

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Thomas: episódios da infância e adolescência

Dylan Thomas (Swansea, País de Gales, 27 de outubro de 1914 – Greenwich Village, Nova York, 9 de novembro de 1953), poeta, jornalista, beberrão inveterado e mestre em se meter em brigas e confusões galês.

Retrato do Artista Quando Jovem Cão, publicado três anos antes da morte de Thomas, uma coletânea de contos de inspiração autobiográfica, foi recebido como mais uma excentricidade do jovem poeta.

Seus contos, no entanto, são muito mais do que o capricho de alguém acostumado a lidar com versos.

Em Collectd Poems (1952) -, Retrato do Artista funciona como um agradável convite à leitura da obra desse escritor original e vigoroso, estranho, mas também sedutor.

São dez histórias curtas que nem sempre oferecem a clássica estrutura narrativa de começo-meio-fim, como chega a ser comum na escola anglo-americana. Todas elas trazem à tona, com propriedade, episódios da infância e adolescência de Thomas, sem que o autor, contudo, se deixe levar pela tentação de atribuir a si mesmo o centro do universo – atitude fadada à fogueira das vaidades. Esse prodígio é alcançado através de um texto ágil, seguro, que não precisa de pinceladas demais para traçar um perfil impecável.

ECOS – Em Os Pêssegos, o primeiro texto da coletânea, não são necessárias mais do que duas linhas para que o protagonista, Tio Jim, um admirador incorrigível da bebida, se mostre por inteiro ao leitor: “Ele entrou que nem o diabo, de cara vermelha e nariz melado, mãos trêmulas e peludas”. Os cenários e as condições em que se movem os personagens têm o mesmo tratamento.

Sem ser uma obra-prima, como muitos dos poemas, Retrato do Artista Quando Jovem Cão – título que remete ao também autobiográfico Retrato do Artista Quando Jovem, do irlandês James Joyce, de longe o maior nome da literatura inglesa do século 20 – revela um contista em paz com sua arte. Mais do que isso: um autor capaz de fazer a prosa disputar com os versos a primazia de dizer mais com o mínimo de elementos.

(Fonte: Veja, 15 de maio de 1991 – ANO 24 – N° 20 – Edição 1182 – LIVROS/ Por Alessandro Porrro – Pág; 89)

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