David Gulpilil, grande ator australiano e marco da representação indígena no cinema, de ‘The Leftlovers’ e ‘Crocodilo Dundee’

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David Gulpilil (1953–2021), ator indígena australiano, de ‘The Leftlovers’ e ‘Crocodilo Dundee’

 

 

David Gulpilil Ridjimiraril Dalaithngu (Maningrida, Austrália, 1° de julho de 1953 – Murray Bridge, Austrália, 29 de novembro de 2021), grande ator australiano, e marco da representação indígena no cinema, de longa carreira e filmografia repleta de clássicos.

 

Entre as obras nas quais teve participação de David, que pertencia à etnia Yolngu, estão o A longa caminhada (1971) e a série de filmes Crocodilo Dundee. Ao todo, foram mais de 23 filmes com atuação do australiano. Ele chegou a ganhar o Prêmio Cannes Un Certain Regard de Melhor Ator, pelo papel do protagonista no drama O país de Charlie, do cineasta Rolf de Heer. Além de ator, Gulpilil também era dançarino e pintor. Era considerado um dos maiores artistas do seu país natal.

 

Integrante do clã Mandhalpingu do povo YolNGu, ele foi criado da maneira tradicional na terra de Arnhem e, graças a uma carreira de mais de 50 anos em filmes e séries, tornou-se o aborígene mais conhecido do mundo.

 

Gulpilil apareceu pela primeira vez nas telas em 1971 no clássico absoluto “A Longa Caminhada”, de Nicolas Roeg (1928-2018), como um jovem aborígene que ajuda dois irmãos, uma adolescente e um menino brancos criados na cidade grande, a sobreviverem na região desértica do outback. Exibido em festivais do mundo inteiro, inclusive em Cannes, foi o cartão de visitas de uma carreira que teria muitos outros filmes marcantes.

 

Um destes marcos foi “A Última Onda” (1977), de Peter Weir. Mistura de fantasia apocalíptica e drama jurídico, o longa girava em torno de um advogado (Richard Chamberlain) que passava a ter sonhos místicos e premonitórios após ser designado para defender um grupo de aborígenes acusado de assassinato, entre eles Gulpilil. O filme foi premiado nos festivais de Avoriaz e Sitges, os principais eventos mundiais do cinema fantástico, e fez deslanchar a carreira do ator – assim como a do diretor.

 

Ele fez sua estreia em Hollywood numa sequência mística do filme “Os Eleitos” (1983), história do programa espacial americano, que venceu quatro Oscars. E em seguida teve um dos papéis principais de “Crocodilo Dundee” (1986), um dos filmes australianos mais populares de todos os tempos.

 

Sua filmografia ainda destaca “Até o Fim do Mundo” (1991), do alemão Wim Wenders, e o impactante drama “Geração Roubada” (2002), de Phillip Noyce, como o rastreador de garotas aborígenes em fuga de serviços forçados (escravidão mesmo) nos anos 1930, além da carta de amor do cineasta Baz Luhrmann a seu país natal, “Austrália” (2008), com Nicole Kidman e Hugh Jackman.

 

Mas seu principal trabalho como ator só veio em 2013, quando estrelou (e roteirizou) seu primeiro papel de protagonista em “O País de Charlie”, de Rolf de Heer, como um velho aborígene que, descontente com as leis dos brancos, parte para o interior australiano para viver segundo seus costumes, iniciando uma série de desventuras e eventos. Pelo desempenho, foi premiado como Melhor Ator na mostra Um Certo Olhar (Un Certain Regard) do Festival de Cannes e Melhor Ator nos AACTA Awards (o Oscar australiano), além de ser coberto de honrarias na Austrália.

 

Entre seus últimos papéis, estão uma participação importante na última temporada da série “The Leftlovers”, em 2017, como o sábio Christopher Sunday, o filme de zumbis “Cargo” (2017), com Martin Freeman, e o drama “Amigos Para Sempre” (2019), onde atuou ao lado de Geoffrey Rush e Jai Courtney.

 

Com a saúde deteriorando, ele ainda gravou depoimentos para um documentário dedicado à sua vida e carreira, “My Name is Gulpilil”, lançado em maio de 2021.

 

Pioneiro

 

As habilidades de David Gulpilil com a dança tribal chamaram a atenção do cineasta britânico Nicolas Roeg, que acabou escalando o jovem de apenas 16 anos como protagonista do aclamado A longa caminhada, lançado em 1971. Antes disso, as representações indígenas australianas no cinema eram basicamente inexistentes.

 

Atuação, dança e carisma fizeram com que o aborígene se tornasse um astro mundial. Mais tarde, em 1986, Gulpilil estreou Crocodilo Dundee, franquia de comédia ambientada no Outback australiano e na cidade de Nova York (EUA). A produção foi a segunda de maior bilheteria daquele ano, depois de Top Gun.

Em quase cinco décadas de carreira artística, Gulpilil atuou em cerca de 40 obras, entre filmes e séries, entre eles Geração roubadaThe leftovers e Austrália, no qual atuou ao lado de Nicole Kidman e Hugh Jackman.

David Gulpilil faleceu aos 68 anos e sofria de câncer de pulmão desde 2017.

A informação foi confirmada na segunda-feira (29/12) pelo primeiro-ministro da Austrália do Sul, Steven Marshall. “É com profunda tristeza que compartilho com o povo da Austrália do Sul o falecimento de um artista icônico e único que moldou a história do cinema australiano e da representação aborígine na tela — David Gulpilil Ridjimiraril Dalaithngu”, comunicou Marshall. Gulpilil lutava contra um câncer de pulmão desde 2017.

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/cinema/noticias – CINEMA / NOTÍCIAS / ENTRETENIMENTO / por Pipoca Moderna – 29/11/2021)

(Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/diversao-e-arte/2021/11 – Correio Braziliense / DIVERSÃO E ARTE –  29/11/2021)

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