Conde Francesco Matarazzo, criou a dinastia do clã, ao iniciar o império que faz dele um nome fundamental da industrialização do Brasil

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Matarazzo: legendário sobrenome do mapa industrial brasileiro

Francesco Matarazzo construiu um dos maiores impérios empresariais da América Latina (Foto: Acervo/Estadão/Divulgação)

Francesco Matarazzo construiu um dos maiores impérios empresariais da América Latina (Foto: Acervo/Estadão/Divulgação)

Conde Francesco Matarazzo (Castellabate, 9 de março de 1854 – São Paulo, 10 de dezembro de 1937), um italiano da região de Salermo que chegaria a figurar entre os homens mais ricos do mundo, criou a dinastia do clã dos Matarazzo, ao iniciar o império industrial construído pelo imigrante um século atrás, em Sorocaba, ganhou força em instalações como o complexo da Água Branca (SP) e, depois de ser o maior do Brasil.

O conde Francesco Matarazzo veio da Itália para o Brasil em 1881 e nos 55 anos seguintes construiu um dos maiores impérios empresariais da América Latina. O homem que começou sua aventura no Brasil como mascate, em Sorocaba, no interior de São Paulo, deixou ao morrer, em dezembro de 1937, um patrimônio que, nos valores de hoje, alcançaria a casa dos 20 bilhões de dólares.

Francesco Matarazzo chegou a ter 200 fábricas, o que faz dele um nome fundamental da industrialização do Brasil.

O império que se confunde com a própria história da indústria e do capitalismo no Brasil, e que criou o logotipo das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, antigo símbolo do império que espraiou-se pelas fronteiras da industrialização do país.

Honra, fé e trabalho, as três armas, são palavras que frequentam obrigatoriamente qualquer descrição da saga dos Matarazzo, erigida sob uma divisa que circundam o emblema da dinastia.

O patriarca Francesco, teve suficiente coragem para em 1881, aos 27 anos, deixar sua cidade de Castellabate com uma carga de toucinho e um punhado de liras cujo total ele jamais revelou e cruzar o oceano.

No Rio de Janeiro, nas águas da Baía de Guanabara, a barca que transportava os produtos do navio para o cais afundou – e Francesco teve força para instalar-se em Sorocaba, no interior de São Paulo, e ali abrir já no ano seguinte uma fábrica de banha de porco.

Enfim, se não lhe sobrasse confiança, dificilmente se arriscaria a inaugurar em São Paulo, em 1904, a Fiação e Tecelagem Mariangela, sua primeira grande fábrica e ponta-de-lança do império que nascia.

Francesco já era, àquela altura, uma celebridade festejada por brasileiros impressionados com a história do milionário, que virtualmente recomeçara do nada. Na verdade, a lenda do “começar do nada” é um velho mito que acompanha os Matarazzo desde a época do fundador da dinastia.

Dependendo do clima, o conde se apresentava como um imigrante que chegou ao Brasil com poucos recursos (imagem conveniente para períodos de ascensão populista), ou como um descendente de pequenos nobres do século XV (conveniente para períodos anti-populistas).

Francesco Matarazzo, que indiscutivelmente sofreu um revés ao perder a carga, chegou ao Brasil com capital e ligações suficientes para se estabelecer no comércio.

Na memória do país, os idos de 1934, quando o 80.° aniversário do pioneiro conde Francesco Matarazzo, título nobiliárquico que lhe fora concedido durante a I Guerra Mundial pelo rei da Itália, grato à ajuda do imigrante milionário ao esforço bélico do país natal, foi comemorado com festas e cifras igualmente impressionantes.

Enquanto 30 000 operários festejavam o aniversário do chefe, a Light informava que “7% da energia hidráulica produzida em São Paulo são consumidos pelo industrial Matarazzo”. E os jornais assinalavam que a renda bruta anual das empresas do grupo equivalia ao dobro da receita de Minas Gerais e era apenas ligeiramente inferior à de São Paulo.

Um dos símbolo do esplendor dos Matarazzo, era o edifício-sede do grupo no Vale do Anhangabaú, inaugurado em 1937, com 170 000 toneladas de mármore de carrara.

O sobrenome do pioneiro da industrialização em São Paulo criou as três etapas da saga da família. Primeiro, construiu o império com a verticalização de suas atividades, partindo do comércio e industrialização de alimentos.

Como comercializava cereais, Francesco Matarazzo abriu uma fábrica de sacos para acondicioná-los. Como tinha uma fábrica de sacos, passou a produzir também fios e tecidos – e assim seria sucessivamente.

Depois viu-se horizontalizar as atividades do grupo, e penetrar em terrenos já habitados por concorrentes prontos para a disputa. Enfim herdou-se empresas roídas por métodos de produção antiquados.

O grupo Matarazzo se transformou numa empresa de segunda linha, posta ao largo da corrente central por onde navegam as grandes indústrias brasileiras, e notável muito mais como símbolo do que como uma genuína força econômica.

Francesco Matarazzo morreu em dezembro de 1937, vítima de falência renal, às vésperas de completar 83 anos.

(Fonte: Veja, 27 de julho de 1983 – Edição 777 – Economia e Negócios – Pág: 68/69)

(Fonte: Veja, 10 de novembro de 2004 – ANO 37 – Nº 45 – Edição 1 879 – Veja recomenda/ Livros – “Matarazzo – A Travessia” e “Matarazzo – Colosso Brasileiro” , do historiador e economista Ronaldo Costa Couto – Pág: 160/161)

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