Christian Boltanski, artista plástico francês, gigante da arte contemporânea com suas obras que, ao longo da carreira, investigaram a vida, a morte e as dores humanas

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O francês foi gigante da arte contemporânea

Um artesão da memória, era assim que se considerava o artista plástico Christian Boltanski

 

Christian Boltanski (Paris, 6 de setembro de 1944 – Cochin, em Paris, 14 de julho de 2021), artista plástico francês, com décadas dedicadas a um trabalho sensível em que tecia os elos entre o individual e o coletivo, entre os ritos e a experiência, entre a vida e a morte.

Autodidata, o artista afirmou ter “lutado contra o esquecimento e o desaparecimento” por meio de suas obras, sempre acessíveis, em uma mistura de objetos, vídeos, fotografias e instalações.

O artista plástico, que se tornou conhecido em 1971 ao expor na galeria Sonnabend, viajou o mundo com suas obras que, ao longo da carreira, investigaram a vida, a morte e as dores humanas. Durante muito tempo foi companheiro de Annette Messager, outra artista plástica renomada.

“Nunca quis falar de heróis, mas de pessoas comuns, porque cada um é único e tem coisas para contar. A grande história está nos livros. Eu me interessei à pequena história que faz de cada um diferente. Eu tive o desejo de criar um museu para cada indivíduo. Todo mundo é interessante, você pega uma pessoa qualquer puramente ao azar e ela é extremamente apaixonante”, afirmou Boltanski, em entrevista concedida à ocasião de sua retrospectiva no Centro Pompidou, em Paris.

Filho dos horrores da guerra

Christian-Liberté Boltanski nasceu durante a Segunda Guerra Mundial, em 6 de setembro de 1944, filho de um médico judeu de origem ucraniana e de uma católica corsa. Durante a ocupação nazista da França, sua mãe fingiu um divórcio e escondeu o marido no porão.

Após a morte de seu pai, Boltanski vai abordar a perseguição antissemita e os campos de concentração em obras como na instalação “Personnes”, montada no Grand Palais de Paris em 2010.

“O grande trauma da minha vida, sem dúvida nenhuma, (…) foi o fato de que quando eu era criança, a maior parte dos amigos dos meus pais eram sobreviventes do Holocausto e, durante horas, eles contavam atrocidades. Eu devia ter entre dois e cinco anos, realmente muito pequeno, e tenho lembranças dos horrores”, contou Boltanski em 2019.

Como artista, ele tinha como seu grande objetivo criar memória para cada pessoa. “Uma coisa que a gente não consegue entender é a importância de cada pessoa e sua morte. Desde que começamos a conversar, cerca de 500 mil pessoas morreram, todas elas únicas, todas elas extraordinárias. Eu faço o culto dos ancestrais e dos humanos”, afirmou Boltanski na mesma entrevista.

Em 2014, Boltanski fez uma instalação inédita que apresentou no Sesc Pompeia, em São Paulo. A Instalação ocupava 1.400 m² com 950 arranha-céus feitos de papelão e cobertos por páginas com nomes em uma lista telefônica.

Christian Boltanski faleceu no hospital de Cochin, em Paris, em 14 de julho de 2021.

O anúncio foi feito por Bernard Blistène, ex-diretor do museu de arte moderna do Centro Pompidou, que dedicou uma retrospectiva a Boltanski em 2019. “Ele estava doente. Ele era um homem modesto, que escondia as coisas o máximo que podia”, afirmou Blistène.

(Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2021/07/14 – ÚLTIMAS NOTÍCIAS – (Com informações da AFP) – 14/07/2021)

(Fonte: GAÚCHAZH – ANO 58 – N° 20.074 – 15 DE JULHO DE 2021 – MEMÓRIA / TRIBUTO – Pág: 29)

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