Celso Furtado, economista e expoente do pensamento econômico da esquerda não-marxista

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Celso Furtado (Pombal (PB), 26 de julho de 1920 – Rio de Janeiro (RJ), 20 de novembro de 2004), economista e Ministro do Planejamento do governo João Goulart, em 1963. Foi eleito membro dia 7 de agosto de 1997, aos 77 anos, no Rio de Janeiro para a Academia Brasileira de Letras, ficou com a cadeira que pertencia a Darcy Ribeiro.
(Fonte: Veja, 13 de agosto de 1997 – ANO 30 – N° 32 – Edição 1508 – DATAS – Pág; 112)

 

 

 

 

Furtado, o polêmista que militou no governo Goulart, o homem de governo, crítico do oficialismo.

À exceção do curto período em que ocupou o Ministério do Planejamento do governo João Goulart, o professor Celso Furtado sempre esteve do lado oposto às políticas econômicas oficiais.

Foi desse veio crítico que este expoente do pensamento econômico da esquerda não-marxista tirou a inspiração para a maior parte de sua prolixa produção literária, cheia de altos e baixos, abastecida à média de um livro por ano.

Seu melhor momento, como franco-atirador no campo das ideias, aconteceu ainda em sua juventude intelectual, quando desembarcou em Santiago do Chile, em 1948, aos 28 anos, para participar do grupo fundador da Comissão Econômica para a América Latina – a Cepal, um órgão de estudos das Nações Unidas.

Furtado ficou lá dez anos, tempo em que se convenceu de que, sem a criação de indústrias e a proteção do mercado interno contra a concorrência internacional, a América Latina continuaria perpetuamente na pobreza.

Furtado foi o propagador no Brasil dos fundamentos da chamada escola estruturalista, que tinha na Cepal o seu grande reduto e no economista argentino Raúl Prebisch o seu mentor. A ela se contrapunha, na década de 50, a escola monetarista, personificada na época pelos economistas Eugênio Gudin e Octávio Gouvêa de Bulhões, segundo a qual a industrialização “cepalina” fomentaria a inflação, não traria maior desenvolvimento e desembocari numa forte e maléfica presença estatal na economia.

Os ácidos, apaixonantes duelos ideológicos travados então entre as duas escolas compõem a espinha dorsal deste A Fantasia Organizada, livro de Furtado. Nele, o futuro embaixador brasileiro na Comunidade Econômica Europeia, não se coloca como o centro dos acontecimentos, mas como uma testemunha privilegiada de uma época.

Furtado acreditava que a descrição dos conflitos do pensamento econômico nos anos 50 poderia estimular, a retomada do pensamento sobre o que fosse essencial para o Brasil. Escrevendo sobre o passado, mas referindo-se sutilmente ao presente, Furtado destacou, que a inflação não poderia ser vista estritamente como um fenômeno monetário – uma vez que por trás da alta incessante de preços haveria o que ele chamava de “antagonismo de vontades”. Ou seja: grupos da soceidade que procuram defender suas rendas, aumentando preços ou salários, à custa de outros grupos.

Essa discussão atravessou três governos anteriores a 1964 e se reacendeu na gestão Sarney, na qual o grupo do ministro da Fazenda, Francisco Dornelles, procurava dar uma ênfase ao combate à inflação que o ministro do Planejamento, João Sayad, considerava excessiva para o crescimento econômico. Furtado apoiou Sayad.

Eleito:

dia 7 de agosto de 1997, no Rio de Janeiro, o economista Celso Furtado, 77 anos, para a Academia Brasileira de Letras. Ministro do Planejamento do governo João Goulart, em 1963, ficou com a cadeira que era do educador e político Darcy Ribeiro.

 

(Fonte: Revista Veja, 13 de agosto de 1997 – ANO 30 – Nº 32 – Edição 1508 – DATAS – Pág: 112)

(Fonte: Veja, 7 de agosto de 1985 – Edição 883 – LIVROS/ Por Antônio Machado – Pág; 133)

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