Carlo Azeglio Ciampi, ex-presidente italiano, uma autoridade moral em seu país

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Considerado um dos “pais” do euro e da própria Itália, que liderou nos tempos da grande crise das ligações entre máfia e política que fez implodir o sistema partidário.

 Carlo Azeglio Ciampi em 2004, quando era Presidente da República (Foto: Eesti Paevaleth/AFP)

Carlo Azeglio Ciampi em 2004, quando era Presidente da República (Foto: Eesti Paevaleth/AFP)

O ex-presidente italiano Carlo Azeglio Ciampi, era uma autoridade moral em seu país

Carlo Azeglio Ciampi (Livorno, 9 de dezembro de 1920 – Roma, 16 de setembro de 2016), foi o décimo Presidente da República de Itália (1999-2006), governador do Banco de Itália (1979-1993), chefe do Governo (1993-94) e ministro do Tesouro e do Orçamento.

Principal artífice da entrada da Itália no euro e respeitado de forma unânime em seu país, Ciampi entrou na política muito tarde, aos 72 anos, ao tomar as rédeas de um governo de transição em abril de 1993.

Em uma Itália em plena tempestade com a operação anticorrupção “Mani Pulite” (Mãos Limpas), este servidor do Estado que não pertencia a nenhuma família política e que havia sido durante 14 anos governador do Banco Central lançou as reformas institucionais apoiadas pelo país e defendeu a lira.

Com a chegada de Silvio Berlusconi à frente do governo, em maio de 1994, voltou a se converter em simples cidadão e não reapareceu na política até maio de 1996, à frente de um superministério de Economia de efêmeros governos de centro-esquerda, antes de ser eleito triunfalmente como presidente da República em 1999.

Afável e reservado, Ciampi atuou em muitas ocasiões durante os sete anos em que ocupou a presidência, convocando constantemente a ordem a Berlusconi, que acabava de voltar ao poder, em particular em matéria de imprensa, justiça, imigração e assuntos europeus.

Nascido em dezembro de 1920 em Livorno, Toscana, teve a cargo por anos a política monetária e financeira da Itália – de 1978 e 1993 – como governador do Banco da Itália, e precisou enfrentar diversas crises, entre elas a desvalorização da lira em 1992, o economista liderou o país entre 1999 e 2006, quando foi sucedido por Giorgio Napolitano. Ele também atuou como premier entre 1993 e 1994, quando presidiu um governo de transição em um complicado momento para a política italiana.

Ele também liderou a Banca d’Italia (o Banco Central italiano) por mais de uma década, entre 1979 e 1993, e teve um papel fundamental para a adoção da moeda única europeia, o euro, no país. Atualmente senador vitalício, Ciampi também atuou como ministro de diversas pastas, entre elas do Interior e do Tesouro. Além disso, ele ocupou importantes cargos no exterior dentro da Comunidade Europeia, do Fundo Europeu de Cooperação Monetária e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Formado pelos jesuítas, estreitamente vinculado ao antifascista Guido Calogero (1904-1986), seu professor na prestigiada Escola Normal de Pisa (Toscana), foi recrutado em 1941 pelo exército italiano como piloto na Albânia.

Ao retornar, se uniu às fileiras da resistência contra o regime fascista de Benito Mussolini e, ao fim da guerra, se transferiu a Livorno, onde se formou como advogado com uma tese sobre a lei eclesiástica. Ali se casou com sua esposa Franca, com quem teve dois filhos.

Além da política, Ciampi foi autor de inúmeros estudos, livros e artigos, como “O Desafio do desemprego: como promover a competitividade europeia” e “Um método para governar”.

Ciampi devolveu à população o orgulho de serem italianos, retomando celebrações como a “Festa da República”, que havia sido cancelada na década de 1970.

Carlo Azeglio Ciampi faleceu em Roma, em 16 de setembro de 2016, aos 95 anos.

Ao anunciar a morte de Carlo Azeglio Ciampi, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, homenageou um homem que trabalhou “intensamente” pelo país e o serviu “com paixão”.

Já o presidente da República, Sergio Mattarela, declarou que “os italianos não o esquecerão. Era um exemplo de competência, dedicação, generosidade e paixão”.

(Fonte: https://www.publico.pt/mundo/noticia – MUNDO – SOFIA LORENA – 16/09/2016)

(Fonte: Zero Hora – ANO 53 – Nº 18.571 – 16 de setembro de 2016 – TRIBUTO – Pág: 35)

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