Brian Friel, considerado o grande dramaturgo irlandês da sua geração

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Provavelmente o mais importante dramaturgo irlandês da segunda metade do século 20

Brian Friel (Foto: www.telegraph.co.uk)

Brian Friel em foto de 1963 – (Foto: www.telegraph.co.uk)

Premiado dramaturgo irlandês

Brian Friel (Killcogher, 9 de janeiro de 1929 – Greencastle, Donegal, 2 de outubro de 2015), o mais conhecido dramaturgo irlandês da segunda metade do século 20

Considerado o grande dramaturgo irlandês da sua geração, escreveu dezenas de peças, várias delas adaptadas ao cinema, como Philadelphia, Here I Come ou Dancing at Lughnasa.

O dramaturgo irlandês Brian Friel, a quem chamavam “o Tchékov irlandês”, era considerado o mais importante dramaturgo irlandês da sua geração, as suas peças ajudaram a formar muitos actores que depois se distinguiriam no cinema, como Liam Neeson ou Stephen Rea.

Em suas obras, grande parte situada na cidade irlandesa fictícia de Ballybeg, Friel retratou a sociedade da Irlanda e mostrou relacionamentos, conflitos e contradições de ressonância universal.  Suas peças incluem “Dançando em Lúnassa”, “The Faith Healer” e “Translations”, traduzidas e encenadas em vários países.

O dramaturgo irlandês Brian Friel observando um retrato seu na National Gallery, em Dublín (Foto: Aidan Crawlay/Efe)

O dramaturgo irlandês Brian Friel observando um retrato seu na National Gallery, em Dublín (Foto: Aidan Crawley/Efe)

Nascido em Killcogher, perto de Omagh, County Tyrone na Irlanda do Norte em janeiro de 1929, filho de um professor primário e político de convicções nacionalistas e da responsável dos correios de Glenties, Friel manter-se-ia sempre fiel à sua herança familiar e, a exemplo de um William Faulkner na ficção, conquistaria reconhecimento internacional com uma obra profundamente enraizada na realidade local do mundo em que cresceu.

Friel mudou-se com sua família para Londonderry aos dez anos. Frequentou o St. Columb’s College junto ao poeta Seamus Heaney (2013).

Friel graduou-se no St. Pat’s College em 1948 e se qualificou como professor no St. Joseph’s Training College em Belfast, mas pouco depois se envolveu com a escrita e o teatro.

Friel ganhou três prêmios Tony em 1992, por “Dançando em Lúnassa”, peça sobre cinco tias solteiras na Irlanda nos anos 1930. Ela foi adaptada para o cinema com Meryl Streep em 1998.

A sua peça mais conhecida é talvez Dancing at Lughnasa (1990), que o cineasta Pat O’Connor adaptou ao cinema em 1998 no filme homônimo interpretado por Meryl Streep e Michael Gambon. Em 1975, John Quested já levara ao grande ecrã Philadelphia, Here I Come (1964), recorrendo a dois atores, Donald McCann e Des Cave, para interpretar respectivamente a faceta pública e privada do protagonista, Gar.

Suas peças também venceram o prêmio Evening Standard, o Olivier e o New York Drama Critic’s Circle.

Friel escreveu 24 peças publicadas, duas coleções de contos e adaptou obras de Ibsen, Tchékhov e Turgenov.

Boa parte das suas peças têm como cenário Ballybeg – anglicização de Baile Beag, que significa “pequena povoação” em gaélico irlandês –, um lugar imaginário inspirado em Glenties, a vila onde morava a sua mãe. Depois de um primeiro festival internacional dedicado à obra de Friel em 1991, e de um segundo em 2008, Glenties voltou já este ano a acolher uma iniciativa semelhante, à qual o dramaturgo, doente há vários anos, já não pôde comparecer.

O rótulo de Tchékov irlandês, não o deve apenas ao facto de ter um talento comparável ao do contista e dramaturgo russo. Brian Friel traduziu várias obras de Tchékov, e este foi uma influência determinante na sua própria dramaturgia, que inclui várias peças construídas sobre enredos e personagens tchekovhianos, como The Yalta Game (2001), inspirado num dos seus contos, ou Afterplay (2002), que imagina um encontro, num café de Moscou, entre o André de As Três Irmãs e a Sónia do Tio Vânia.

Brian Friel começou a publicar no final dos anos 50, e em meados da década seguinte alcançara já uma considerável projecção, sobretudo desde a bem sucedida apresentação de Philadelphia, Here I Come! na Broadway. Mas deve a sua consagração internacional a Dancing at Lughnasa (1990), uma peça de ressonâncias autobiográficas inspirada na vida da sua mãe e das suas tias na Irlanda dos anos 30, contada por um adulto a partir das suas memórias de criança. Antes de ser adaptada ao cinema, a peça já conseguira a façanha de conquistar simultaneamente um Tony, o prêmio Laurence Olivier e o prestigiado prêmio do New York Drama Critics Circle.

Antes de se tornar dramaturgo, começou por escrever contos no início dos anos 50. No final dessa década tentou o teatro radiofônico, e em 1963 viajou para Minneapolis, nos Estados Unidos, a convite do diretor e produtor teatral inglês Tyrone Guthrie, que ali acabara de fundar um teatro. “Foi a minha primeira saída da claustrofóbica Irlanda”, diria mais tarde Friel a respeito desta viagem.

É Guthrie que o estimula a escrever Philadelphia, Here I Come, cujo sucesso na Broadway o irá decidir a tornar-se um escritor a tempo integral. Conhecido pelo seu recato – frequentava pouco os meios teatrais e raramente dava entrevistas –, Friel deixa uma vasta obra, construída ao longo de seis décadas, e que inclui dois volumes de contos, textos para rádio, 24 peças originais e ainda versões de Tchékhov, Turguenev ou Ibsen.

Brian Friel, o Tchékhov irlandês (Foto: DR)

Brian Friel, o Tchékhov irlandês (Foto: DR)

Brian Friel morreu na sua casa de Greencastle, na região irlandesa de Donegal, em 2 de outubro de 2015 aos 86 anos.

“Ele interrogou retoricamente nossa própria história, nossa história de colonização, as nossas relações com a Grã-Bretanha, as nossas relações com o inimigo interno, e, às vezes, foi implacável nisso”, disse Fiach McConghail, diretor do Teatro Abbey, à emissora estatal RTE.

O Abbey, teatro nacional da Irlanda, produziu a primeira peça de Friel, “The Enemy Within”, em 1962, enquanto ele ainda estava trabalhando como professor.

O presidente da Irlanda, Michael Higgins, descreveu o dramaturgo como “um gigante da literatura e do pensamento irlandês.”

Em declaração à imprensa, o primeiro-ministro Enda Kenny disse que “a nação e o mundo perderam um dos gigantes do teatro.”

(Fonte: http://br.reuters.com/article/entertainmentNews/idBRKCN0RW1HB20151002 – NOTÍCIAS – CULTURA/ Por Michael Roddy – 2 de outubro de 2015)

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(Fonte: Zero Hora – ANO 52 – N° 18.250 – TRIBUTO – 2 de outubro de 2015 – Pág: 36)

(Fonte: http://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia -1709933 – CULTURA ÍPSILON/ Por   – 02/10/2015)

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