Bob Rafelson, criador de “Os Monkees”, era sobrinho de Samson Raphaelson (“A Loja da Esquina”), o roteirista favorito de Ernst Lubitsch

0
Powered by Rock Convert

Bob Rafelson: Diretor de filmes clássicos

 

Criador de ‘The Monkees’ e diretor de ‘Cada um Vive como Quer’

 

 

Robert Rafelson (Nova York, 1933 – Aspen, Colorado, 23 de julho de 2022), cineasta criador dos Monkees e considerado o responsável por trazer sensibilidade europeia ao cinema americano nos anos 1970.

 

O diretor, roteirista e produtor ganhou fama como cocriador do seriado “The Monkees”, que nos anos 1960 tentou emular o sucesso dos Beatles com seu rock psicodélico e rebelde. Ele pavimentou o caminho para os intérpretes de “I’m a Believer” e “Daydream Believer” extrapolarem a televisão e ganharem também as rádios, o que resultou ainda no filme “Os Monkees Estão de Volta”, dirigido por ele próprio.

 

Na sequência, Rafelson trilhou carreira no cinema. Foram duas indicações ao Oscar, ambas em 1971 e por “Cada um Vive como Quer”, ou “Five Easy Pieces”, sobre um desertor do Exército americano que começa a trabalhar numa plataforma de petróleo. Rafelson apareceu nas disputas de melhor filme e melhor roteiro.

 

Robert Rafelson era sobrinho de Samson Raphaelson (“A Loja da Esquina”), o roteirista favorito de Ernst Lubitsch (1892-1947). Nascido em Nova York em 1933, ele estudou Filosofia, trabalhou como radialista, fez traduções de filmes japoneses e começou a escrever para a TV em 1959, adicionando diálogos na série de teleteatro “Play of the Week”.

 

Ele passou a trabalhar como produtor nos anos 1960, em atrações como “The Greatest Show on Earth” e “Channing”, antes de conceber seu primeiro sucesso: “Os Monkees”.

 

A série dos Monkees foi imaginada como a resposta americana ao fenômeno dos Beatles, e seus integrantes foram selecionados por meio de audições de diferentes músicos, que também precisavam demonstrar suas capacidades de atuação para serem aprovados.

 

Lançada em setembro de 1966, “Os Monkees” não demorou a virar febre e popularizar diversos hits cantados em seus episódios. Mas foi cancelada após dois anos e dois Emmys (Melhor Série de Comédia e Direção).

 

Ironicamente, o final da série marcou o começo da carreira cinematográfica de Rafelson, que reuniu os músicos mais uma vez para lançar seu primeiro longa-metragem como diretor em 1968, “Os Monkees Estão Soltos” (Head), co-escrito pelo ator Jack Nicholson.

 

A trama altamente psicodélica refletia ideais contraculturais de Rafelson e seu parceiro, o produtor Bert Schneider (1933-2011), com quem formou a Raybert (posteriormente rebatizada como BBS), produtora responsável por marcos como “Easy Rider – Sem Destino” em 1969 e “A Última Sessão de Cinema” em 1971.

 

Seu segundo filme, “Cada um Vive como Quer”, estrelado pelo parceiro Jack Nicholson, foi o ponto mais alto de sua carreira – e do cinema da época. O filme atingiu um sucesso de crítica impressionante e projetou a carreira de Nicholson, ao incorporar pela primeira vez a influência da nouvelle vague francesa no cinema americano. Até o mestre sueco Ingmar Bergman elogiou e expressou admiração pela obra de Rafelson.

 

“Cada um Vive como Quer” era um road movie com personagens que refletiam a visão de Rafelson sobre um outsider (Nicholson) aflito por uma dor profunda, criativa e não revelada. Em entrevista, ele confessou era a história dele mesmo, como alguém que não suportava a família e buscava fugir para longe de tudo. “Eu estava tentando escapar do meu passado desde os 14 anos”, disse o diretor, lembrando do alcoolismo de sua mãe.

 

Indicado a quatro Oscars, incluindo Melhor Filme, a obra também sinalizou a entrada de Jack Nicholson ao time dos grandes astros, com sua primeira indicação ao troféu de Melhor Ator.

 

Em menor escala, os filmes seguintes de Rafelson também foram reconhecidos por sinalizarem uma nova profundidade no cinema americano, incluindo “O Rei da Ilusão” em 1972 e “O Guarda-Costas” em 1976. Mas sua carreira foi afetada logo no começo por uma tragédia, quando sua filha de 10 anos, Julie, morreu na explosão de um fogão a gás em sua casa em Aspen em 1973. A partir daí, seus lançamentos passaram a ser mais esparsos e pessimistas.

 

Rafelson se fixou em temas do cinema noir em dois lançamentos seguidos: a nova parceria com Nicholson em “O Destino Bate à sua Porta” (1981) e o filme de femme fatale “O Mistério da Viúva Negra” (1987), estrelado por Debra Winger e Theresa Russell. A fase rendeu bilheteria saudável e muitos elogios na Europa, onde a reputação de Rafelson permaneceu em alta.

 

Entre os dois filmes, o cineasta ainda participou da História dos clipes musicais, ao dirigir o vídeo do hit de 1983 de Lionel Richie, “All Night Long (All Night)”, combinando a balada pop contagiante com um retrato colorido e abstrato de uma festa ao pôr do sol.

 

Ele assinou seu filme de maior orçamento em 1990: “As Montanhas da Lua”, mistura de drama biográfico e aventura sobre o explorador Sir Richard Burton e sua missão de encontrar a nascente do Rio Nilo, na África.

 

Para compensar o trabalho mais convencional, fez mais dois filmes com Nicholson: “O Cão de Guarda” (1992) e “Sangue & Vinho” (1996). E embora o ator considerasse Rafelson parte de sua “família”, o filme de 1992 foi o pior trabalho da carreira de ambos.

 

Como produtor, esteve por trás de “A Última Sessão de Cinema”, de Peter Bogdanovich, um dos títulos essenciais para lançar o movimento conhecido como Nova Hollywood, geração de cineastas mais autorais, que transformou profundamente a indústria, da qual também fizeram parte Martin Scorsese, Steven Spielberg, Brian De Palma e Francis Ford Coppola.

 

Depois disso, o diretor voltou ao gênero noir para comandar o telefilme “Poodle Springs”, da HBO, que trazia James Caan como o detetive Philip Marlowe. E só assinou mais um longa nos cinemas, o thriller policial “Sem Risco Aparente”, estrelado por Samuel L. Jackson e Milla Jovovich, que implodiu nas bilheterias em 2002.

 

Refletindo sobre sua própria carreira em uma entrevista de 2004, Rafelson foi filosófico: “Se acontece de as pessoas se identificarem com seu trabalho, bem, você tem muita sorte… isso lhe dá permissão para continuar fazendo filmes. Mas se você não receber os aplausos, bem, há outras coisas. Quero dizer, afinal, há sua vida para viver.”

 

Bob Rafelson faleceu na noite de sábado (23/7) em sua casa em Aspen, Colorado, aos 89 anos, cercado por sua família.

“Os Monkees” foi uma série de comédia de TV dos anos 1960, que contava a história de um quarteto de rock, inspirado nos Beatles. Dolenz, cantor e baterista dos Monkees, foi ao Twitter para expressar sua dor e confirmar os relatos da morte de Rafelson.

“Infelizmente, Bob faleceu ontem à noite, mas eu tive a chance de enviar uma mensagem para ele dizendo o quão eternamente grato eu estava por ele ter visto algo em mim. Obrigado do fundo do meu coração, meu amigo”, disse ele ao contar a história de como eles se conheceram.

(Fonte: https://www.terra.com.br/diversao/gente – DIVERSÃO / GENTE / por Pipoca Moderna – 4 jul 2022)

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/entretenimento/noticias – ENTRETENIMENTO / NOTÍCIAS / por (FOLHAPRESS) – SÃO PAULO, SP – 24/07/22)

(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/noticia/2022/07/25 – POP & ARTE / NOTÍCIA / Por g1 – 25/07/2022)

Powered by Rock Convert
Share.