Axl von Leskoschek, estudou na Escola de Belas Artes de Graz e na Escola de Artes Gráficas de Viena.

0
Powered by Rock Convert

Axl von Leskoschek (Graz, Áustria, 3 de setembro de 1889 – Viena, Áustria 12 de fevereiro de 1975), gravador, pintor, ilustrador, professor, cenógrafo e desenhista. Nascido em Graz, na Áustria em 1889, Leskoschek estudou na Escola de Belas Artes de Graz, sua cidade natal e na Escola de Artes Gráficas de Viena, em 1919, e tem aulas com Hofbauer, Hermann Cossmann (1884 – 1966) e Schorotter. Em 1939, fugindo do nazismo – os alemães já o haviam expulsado da cátedra onde ensinava gravura -, veio para o Brasil. Ficou no Rio de Janeiro até 1948. E foi no Rio de Janeiro que em pouco tempo se tornou o centro de um grupo de artistas e intelectuais de vanguarda.

Anos tropicais – Durante esses oito anos, desenvolveu intensa atividade e se tornou muito conhecido como gravador. Em uma época na qual os livros brasileiros eram ilustrados com caprichado mau gosto, Leskoschek deu novo vigor à profissão. De Dostoiévski (“O Jogador”, “O Eterno Marido”, “Os Irmãos Karamázovi”) a Graciliano Ramos (o livro de contos “Dois Dedos”) seu ativo buril percorreu muita literatura. Inclusive a de um jornalista na época pouco falado, de nome Carlos Lacerda.

Formado na escola do expressionismo, Leskoschek parece ter trazido da Áustria seu mundo nitidamente delineado. Ele não emigrou para o Brasil: refugiou-se aqui. O Rio de Janeiro e algumas cidades do interior por onde passou lhe forneceram temas. O espírito, porém, nunca andou longe da Europa. Por isso, suas ilustrações para as obras de Dostoiévski constituem, certamente, a parte mais alta de sua genialidade. Nelas, dando à xilogravura uma sensibilidade que só os mestres conseguem, Leskoschek retrata todas as sutilezas do contraditório universo do romancista, quase sempre em tons sombrios, mas não sem um humor que se diverte em ser negro. Por exemplo, a última vinheta de “O Jogador”: ela representa o infeliz herói preso por um alfinete, como uma borboleta, sobre a palavra Fim.

CONTRASTES MARCADOS – Se as xilogravuras constituem o melhor da suas ilustrações, suas aquarelas e desenhos a cor exibem um artista de inegável talento. Poucos brasileiros, além dos que frequentavam seu atelier ou assistiram às suas exposições ainda na Escola Nacional de Belas-Artes (em 1946) ou no Ministério da Educação e Cultura (em 1948), sabiam dessa faceta de seu talento. Ela é inegável. A cor, em todo caso, não acrescenta nada de essencial à qualidade do artista. É no mundo do preto e branco e dos contrastes incisivamente marcados que Leskoschek se mostra mais à vontade.

Isso fica evidente em algumas das melhores obras apresentadas: os “Ex-libris”, vinhetas, letras iniciais e cartões de circunstância. Nelas, a representação figurativa é frequentemente dispensada. E isso revela em Leskoschek uma curiosa personalidade artística, que consegue encontrar um equilíbrio entre a violência expressionista e a serenidade plástica de um grafismo abstrato.

Por mais importante que foi sua obra, o que marcou fundamentalmente a estada de Leskoschek no país foi a influência por ele exercida. E, embora a gravura fosse o meio de vida, sua principal atividade foi uma intensa militança política contra o nazismo. Por outro lado, como professor da Fundação Getúlio Vargas, formou toda uma geração de gravadores e pintores brasileiros, entre os quais Ivan Serpa (1923-1973), Edith Behring (1916-1996), Renina Katz e Fayga Ostrower (1920-2001). Esses ex-alunos o relembram com saudade: “Foi mais que um professor. Era uma presença viva num quase deserto.”

(Fonte: Veja, 20 de março de 1974 – Edição n° 289 – ARTE/ Por Marinho de Azevedo – Pág; 104, 105 e 106)

Powered by Rock Convert
Share.