Artur de Sousa Costa, foi o ministro da Fazenda no governo de Getúlio Vargas

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Gaúcho enfrentou a depressão pós-crise de 29 e liderou Brasil na Conferência de Bretton Woods em 44, nos Estados Unidos. 

Governo Vargas. O ministro da Fazenda, Arthur de Souza Costa (à direita), com os ministros Oswaldo Aranha (centro) e Eurico Gaspar Dutra (Foto: Arquivo / Agência O Globo)

Artur de Sousa Costa (Pelotas, 26 de maio de 1893 – Rio de Janeiro, 12 de abril de 1957), foi ministro da Fazenda no governo de Getúlio Vargas

Nascido em Pelotas, no Rio Grande do Sul, em maio de 1893, Souza Costa assumiu a pasta da Fazenda no governo de Getúlio Vargas, na década de 30, entre 24 de julho de 1934 a 29 de outubro de 1945, neste período assumiram o ministério interinamente: Orlando Bandeira Vilela, de 14 de junho a 9 de agosto de 1937, Romero Estelita Cavalcanti Pessoa, de 25 de janeiro de 1939 a 18 de março de 1941 e Paulo de Lira Tavares, de 23 de junho a 11 de agosto de 1944, tornando-se o seu mais longevo titular, durante 11 anos.

A escolha pelo presidente Getúlio Vargas do seu ministro da Fazenda, assim como nomes do mercado sondados por Vargas para o cargo, vinha de uma longa trajetória no setor financeiro.

Presidente do Banco do Brasil de 1931 a 1934, após ocupar diversos cargos durante duas décadas no Banco da Província do Rio Grande do Sul, de “praticante de contabilidade” na adolescência a presidente da instituição financeira, Souza Costa tomou posse como ministro em 24 de julho de 1934, sucedendo a Oswaldo Aranha. Na época, a “sorte financeira da República”, como diziam os jornais da época, estava abalada. O Brasil vivia os efeitos da crise global de 1929, quando a Bolsa de Valores de Nova York quebrou, e os Estados Unidos mergulharam na depressão econômica, arrastando os países ricos e os periféricos, produtores de matérias-primas. Eram tempos em que os preços do café despencaram e o produto-rei nacional era até queimado.

Por sinal, já nos anos 30, o país também tentava, tal como hoje, alcançar o equilíbrio fiscal, entre receitas e despesas do orçamento federal. O receituário de Souza Costa? “Economizar o máximo para tributar o mínimo” era a manchete do GLOBO, em 31 de julho de 1939, baseada em declarações do ministro, homem-forte de Getúlio, então em plena ditadura do Estado Novo (1937-1945) após chegar ao poder com a Revolução de 1930. Aqueles eram tempos ainda de missões ao exterior que levavam o nome dos ministros da Fazenda. Ficaram famosas a Missão Souza Costa aos Estados Unidos, à Inglaterra, ao Uruguai e à Argentina. Em fevereiro de 1942, na viagem aos Estados Unidos, o ministro brasileiro foi recebido, em Washington, pelo presidente Roosevelt. Na Casa Branca, apresentou um plano de aumentar as exportações brasileiras para o mercado americano, incluindo “borracha, minério e óleos vegetais”, auxiliando no esforço de guerra americano.

Souza Costa também liderou, em julho de 1944, a delegação brasileira que participou da Conferência de Bretton Woods, nos EUA. Estiveram no encontro líderes de 44 países convocados por Roosevelt, entre eles Lord Keynes. Eles estabeleceram a nova ordem econômica mundial após a Segunda Guerra, sob a hegemonia do dólar, e criaram instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird). No grupo brasileiro estavam, entre outros, o conselheiro Eugênio Gudin, um liberal e o criador do primeiro curso de Economia do país (na Universidade do Brasil, hoje UFRJ), e o então chefe da Divisão de Estudos Econômicos e Financeiros da Fazenda, Octávio Gouvêa de Bulhões. O mesmo que, décadas depois, foi titular da pasta da Fazenda após o golpe de 1964, ficando no cargo até 1967. Uma das preocupações do plano do Brasil na conferência era garantir aos países da América Latina mercados constantes para as suas matérias-primas no pós-guerra.

Apenas com o curso secundário, Souza Costa era um autodidata. Falava inglês, francês e espanhol, aprendeu russo e japonês, e tornou-se doutor honoris causa em universidades estrangeiras. Na sua gestão na Fazenda, o Brasil também começava a montar a sua indústria de base com a criação, em 1941, da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ), após acordo de empréstimos com os americanos. Ele também mudou a política de câmbio, tornando-o livre. Dentro do ideário nacionalista de Vargas, houve ainda a encampação da Itabira Mining Company, resultando na criação da Companhia Vale do Rio Doce, em 1942.

No seu período, uma das medidas de maior repercussão foi a instituição do cruzeiro como o novo padrão monetário, além do acordo para a liquidação da dívida externa. Para os cariocas, uma das marcas deixadas na cidade foi a construção do Palácio da Fazenda, na Esplanada do Castelo, no Centro, sede do ministério no Rio de Janeiro, então capital da República.

Nascido em Pelotas no dia 26 de maio de 1893, Souza Costa ficou no cargo até 29 de outubro de 1945. Depois, elegeu-se deputado federal pelo PSD e participou da Assembleia Nacional Constituinte de 1946 e, de 1949 a 1955, foi membro do Conselho Nacional de Economia. Na madrugada de 12 de abril de 1957, morreu “pobre” no Hospital da Beneficência Portuguesa, no Rio, “sem ter acumulado fortuna”, como O GLOBO noticiou em sua primeira página.

 

No período democrático, coube a Guido Mantega o recorde de permanência no ministério, superando os oito anos de Pedro Malan, que ocupou o cargo nos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 2002), durante a consolidação do Plano Real, lançado em 1º de julho de 1994. Com uma trajetória ligada à escola econômica heterodoxa, desenvolvimentista, Mantega, que ajudou a fundar o PT, chegou ao cargo em 27 de março de 2006. Ele assumiu o posto após a queda de Antonio Palocci por envolvimento em denúncias de corrupção, justamente o ministro que Lula escolhera para acalmar os mercados com uma política econômica mais ortodoxa, semelhante ao tripé macroeconômico de FH, de metas de inflação, câmbio flutuante e esforço fiscal.

(Fonte: http://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos -Ministro da fazenda de getulio souza costa o mais longevo no cargo 11 anos – 14626499#ixzz3refR5400 – FATOS HISTÓRICOS/ Por Gustavo Villela – ECONOMIAPublicado: 21/11/14)

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