Antônio Marcelino do Nascimento, colecionador, cartofilista e fundador do Museu Tempostal, no Pelourinho, em Salvador, grande arquivo iconográfico que constitui um importante registro do desenvolvimento urbano de Salvador, Brasil

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Fundador do Museu Tempostal

 

Antônio Marcelino do Nascimento (Simão Dias, Sergipe, 13 de junho de 1929meu ip – Salvador, 22 de novembro de 2006), colecionador, cartofilista e fundador do Museu Tempostal, no Pelourinho, em Salvador, primeiro espaço oficial dedicado ao assunto.

 

Antônio Marcelino, o colecionador que vendeu seu acervo ao museu baiano, começou a juntar postais no final da década de 40 e chegou aos 30 000 cartões. Destacam-se na coleção os primeiros postais de Salvador, feitas no final do século XIX pelos fotógrafos Grensly, inglês, e Lindemann, alemão.

 

Eles fizeram várias fotos mostrando o povo nas ruas. Como a população da cidade, já naquela época, era majoritariamente de negros e mulatos, as fotos provocaram irritação na elite local. Em represália, foram contratadas vedetes de acordo com os padrões da época – brancas e gorduchas – para posar junto aos monumentos históricos da cidade. Os novos postais foram enviados à Europa como “desagravo” a Bahia. Omitindo-se apenas um detalhe: as tais vedetes eram todas alemãs, inglesas ou espanholas.

 

O forte da coleção é: as estampas urbanas. São 10 000 cartões que mostram Salvador, São Paulo, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba e muitas outras cidades em várias épocas. O primeiro postal retratando Belo Horizonte, por exemplo, é datado de 1902. Observá-los em conjunto é mapear o crescimento e as mudanças nas cidades brasileiras.

 

Antônio Marcelino foi uma pessoa preocupada com a memória histórica da cidade e do país. Seu acervo era impressionante. É um grande arquivo iconográfico que constitui um importante registro do desenvolvimento urbano de Salvador, Brasil e de diversas cidades do mundo.

 

O mais antigo cartão da coleção data de 1898 e mostra um marco arquitetônico de Salvador, o Elevador Lacerda, construído para ligar as cidades alta e baixa. Observá-los em conjunto é mapear o crescimento e as mudanças nas cidades brasileiras.

 

Colecionador eclético, desde garoto começou a juntar santinhos de catecismo, biscuits, estampas do sabonete Eucalol, entre outros. A coleção de mais de 45 mil imagens, entre postais e fotografias, foi reunida ao longo de 40 anos pelo sergipano.

 

O acervo, na sua grande maioria, é composto por cartões postais. Destaque para coleção da Belle Époque, postais paisagísticos antigos, de cidades da Bahia e de outros estados, além de imagens diversas de outros países. Mas a coleção também conta com bilhetes postais, que datam do final do século XIX, e as estampas Eucalol, as primeiras da coleção e que têm valor histórico, artístico e documental. Todo este acervo guarda histórias, costumes, o cotidiano, a arquitetura e os credos tanto da Bahia quanto de várias partes do mundo.meu ip

 

Bahia – Litoral e Sertão: A formação geopolítica e econômica da Bahia foi influenciada pelo intercâmbio do litoral com a região sertaneja. Essa relação, desenvolvida entre duas regiões distintas da Bahia, é o tema com postais e fotografias datadas do início do século XX.meu ip

 

Arquitetura religiosa na Bahia: As tendências do Barroco, do Rococó, marcaram a arquitetura religiosa da influente Igreja Católica, que ocupou um papel importante na política e administração do Brasil colonial. A partir de 75 imagens, é contada parte dessa história.meu ip

 

Testemunho de uma época, a coleção de cartões postais e fotografias de Antônio Marcelino foi adquirida em maio de 1995 pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria da Cultura e Turismo e abrigada no Museu Tempostal vinculado à Diretoria de Museus do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (DIMUS/IPAC).

 

Em novembro de 1997 o Museu Tempostal foi inaugurado, garantindo a preservação do acervo iconográfico.

 

Antônio Marcelino morava em frente ao Museu de Arte Sacra, no Centro, em um casarão que batizou “Alfarrábio Cultural”. Lá, guardava mais de quatro mil peças de antigas quinquilharias como xícaras, bules, móveis, imagens de santos, livros e utensílios, que colecionava por puro prazer.

 

A dedicação com as coleções começou no fim dos anos 40. Sergipano de Simão Dias, nascido em junho de 1929meu ip, mudou-se para Salvador em 1947 para estudar no Colégio Central, onde conheceu a moda das coleções de fotos, chaveiros, selos e moedas. Mas o que realmente despertou a paixão do então estudante foram os cartões postais.

 

Ao longo de toda a vida coletou mais de 35 mil exemplares de imagens de todo o mundo, que já havia exposto ao público em 1965, época em que trabalhou como secretário na Faculdade de Teatro da Universidade Federal da Bahia.

 

Em 1995, o Governo do Estado reconheceu a importância da coleção e comprou o acervo de Marcelino, criando o Museu Tempostal, que expõe o material reunido ao longo de sua vida.

 

Em entrevista cedida ao A Tarde em junho, o colecionador revelou que nutria o desejo de transformar sua casa em um museu, para revelar as histórias de Salvador e de sua vida. O sonho estava longe de se realizar, pois a Defesa Civil havia notificado o “Alfarrábio Cultural” por ameaça de desabamento. O idoso vivia sozinho no casarão desde que chegou à capital.

 

A mostra é permanente e pode ser conferida das 13 às 18h no museu, que fica na Rua Gregório de Matos nº 33, Pelourinho.

Antônio Marcelino do Nascimento, 77 anos, morreu dia 22 de novembro, a caminho do Hospital Geral do Estado (HGE). O aposentado passou mal no início da manhã e foi socorrido por vizinhos, mas não resistiu e faleceu antes de receber socorro médico.

 

Legado – O diretor do Museu Tempostal, Edgard Oliveira Filho, lamenta a perda do colecionador, que havia visitado o local na segunda-feira (20). O museólogo, que conviveu com Marcelino por 11 anos, surpreendeu-se com a notícia da morte do amigo, que aparentava boa saúde e disposição durante a última visita.

“Ele estava bem-disposto e muito alegre. Muito animado por ter conseguido um livro antigo para uma pesquisa solicitado por uma professora. Ele veio ao museu me mostrar o livro e ver a nova exposição do Tempostal, à qual ele não havia comparecido no dia da inauguração”, lembra.

Egdard Oliveira Filho revela que um projeto aprovado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) em 2006 proporcionou vida mais longa ao acervo. A verba, destinada ao museu em 2007, foi revertida para promover maior segurança aos cartões postais e melhorar as condições de armazenamento com climatização e iluminação adequadas. “É uma justa homenagem ao homem e à sua obra. Como ele costumava dizer, os cartões eram importantes porque através deles conheceu o mundo inteiro”, recorda.

(Fonte: http://g1.globo.com/bahia/noticia/2014/05 – BAHIA – NOTÍCIA / Do G1 BA – 31/05/2014)

(Fonte: https://fontesdahistoriadesergipe.blogspot.com/2011/11 – SOCIEDADE E CULTURA SERGIPANA / por Andrade Adailton – novembro 17, 2011)

(Fonte: http://atarde.uol.com.br/bahia/salvador/noticias – SALVADOR – NOTÍCIAS – BAHIA / Por Lucas Esteves – 22/11/2006)

(Fonte: Revista Veja, 22 de outubro de 1997 – ANO 30 – Nº 42 – Edição 1518 – Memória / Por Cândida Silva e Celso Masson – Pág: 138/139)

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