André Schiffrin, um dos principais editores de livros dos EUA, fundador da editora New Press.

0
Powered by Rock Convert

Ex-editor-chefe da Pantheon Books, ele foi um dos principais homens de letras dos EUA no século XX

André Schiffrin (Paris, 14 de junho de 1935 – Paris, 1° de dezembro de 2013), um dos principais editores de livros dos Estados Unidos por 50 anos, fundador da editora New Press.

Filho de um editor parisiense que fugiu da França ocupada pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, Schiffrin cresceu em meio a um ambiente literário socialista em Nova York e se tornou um dos mais influentes homens de letras dos EUA.

Como editor-chefe da Pantheon Books, um selo da Random House que nunca teve o lucro como objetivo, publicou romances e outros livros de importância cultural, social e política de vários escritores internacionais, normalmente de autores de esquerda.

Seu pai, Jacques Schiffrin, fez sucesso no mercado livreiro parisiense ao criar a “Bibliothèque de la Pléiade” — selo literário que se tornou símbolo do prestígio literário para escritores. A “Pléiade” publica até hoje edições consideradas definitivas de autores como Jean-Paul Sarte, Marcel Proust e Cláude Lévi-Strauss, Shakespeare, entre outros clássicos.

Judeus, os Schiffrin precisaram fugir para Nova York quando Paris foi ocupada pelos nazistas, em 1941. E foi nos EUA que André se tornou conhecido, como editor-chefe da Pantheon Books, editora de alta literatura fundada por seu pai dentro da Random House, um dos cinco maiores conglomerados editoriais do mundo. Lá, Schiffrin consolidou sua carreira como editor de visão.

Prova disso é ele ter publicado autores hoje considerados cruciais na cultura: Marguerite Duras, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Julio Cortázar, entre outros. André Schiffrin também foi o primeiro editor de Michel Foucault nos Estados Unidos.

Mas em 1990, após 28 anos na Pantheon, foi demitido por Alberto Vitale, diretor-executivo da Random House, em meio a um debate causado por perdas crônicas, com Schiffrin se recusando a aceitar cortes e outras mudanças. Sua saída rendeu manchetes de jornal nos EUA, levou a pedidos de demissão de outros colegas, uma marcha de protesto apoiada por autores renomados e reverberou na indústria literária em artigos e debates.

Já Vitale dizia que a demissão era a consequência natural do prejuízo causado pela Pantheon Books, que chegariam a US$ 3 milhões. Os opositores viam no caso um vilão: o milionário S. I. Newhouse Jr., dono da Condé Nast, editora de revistas como a “The New Yorker” e a “Vanity Fair”, que havia comprado a Random House nos anos 1980. Schiffrin manteve-se em silêncio, porque seu acordo de demissão tinha cláusulas de confidencialidade.

Em 1992, Schiffrin e Diane Wachtell, ex-editora na Pantheon, fundaram a New Press como uma editora independente, sem fins lucrativos para livros de “interesse público”, com financiamento de grandes fundações. Ele comparou o negócio a televisão e rádios públicas, um lugar para complementar a universidade publicando livros mais arriscados. O negócio deu certo e Schiffrin, editor-chefe por mais de uma década, se manteve diretor-fundador até o fim da vida.

Autor de vários livros próprios, Schiffrin oferece um relato sombrio do mundo editorial em suas memórias, “The Business of Books: How International Conglomerates Took Over Publishing and Changed the Way We Read” (2000) — publicado no Brasil como “O negócio dos livros — Como as grandes corporações decidem o que você lê”, pela Casa da Palavra.

Na obra, que também é um relato de memória, Schiffrin defende que a entrada de grandes conglomerados na indústria editorial diminui a qualidade dos títulos à disposição dos leitores. O editor também retoma a polêmica da Pantheon Books.

Segundo ele, Newhouse fez uma mudança no rumo do negócio ao comprar a Random House: em vez dos 4% de margem de lucro que eram o comum em editoras de livros, o milionário queria uma margem de 10%, praticado no mercado de revistas. A diferença, protestava Schiffrin, é que livros não publicam anúncios.

Schiffrin deixa a esposa, Maria Elena de la Iglesia, com quem se casou em 1961, duas filhas Natalia e Anya (casada com Joseph Stiglitz)

André Schiffrin morreu em Paris em 1° de dezembro de 2013, aos 78 anos, em decorrência de um câncer pancreático.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA – O Globo com NYT – 2 de dezembro de 2013)

Powered by Rock Convert
Share.