Amílcar Lobo, ex-psicanalista foi acusado de participação em atos de tortura nos anos 70, militar teve seu registro médico cassado em 89

0
Powered by Rock Convert

Médico Amílcar Lobo foi acusado de participação em atos de tortura nos anos 70, militar teve seu registro médico cassado em 89

 

Amílcar Lobo Moreira da Silva (Rio de Janeiro, 1939 – Rio de Janeiro, 22 de agosto de 1997), ex-psicanalista que teve seu registro profissional cassado por participar de sessões de tortura durante o regime militar.

Lobo era acusado de ter presenciado o interrogatório do deputado Rubens Paiva, morto em 1971.

O médico e psicanalista Amílcar Lobo, foi o primeiro médico na América Latina a ser punido sob acusação de participação em atos de tortura.

Em 1989, ele teve seu registro de médico cassado pelo CFM (Conselho Federal de Medicina) sob a acusação de envolvimento com tortura, decisão da qual recorreu. O recurso ainda tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Militar, ele serviu de 1970 a 1974 como segundo-tenente médico no quartel da Polícia do Exército na rua Barão de Mesquita (na Tijuca, zona norte do Rio), onde funcionava também o Doi-Codi.

De acordo com denúncias de ex-presos políticos, a função de Lobo seria a de examinar os presos para avaliar se poderiam continuar a ser torturados.

Lobo nunca admitiu ter participado de sessões de tortura. Admitia ter examinado presos políticos após sessões de tortura, mas não com o objetivo de verificar se poderiam continuar a ser torturados.

O próprio médico contou, em 1986, ter sido uma das últimas pessoas a ver o deputado Rubens Paiva ainda com vida, em 1971, no prédio da rua Barão de Mesquita. Ele teria examinado Paiva e constatado hemorragia causada por torturas.

“É lamentável que ele tenha morrido sem ter contado tudo o que viu nas prisões políticas”, disse a presidente do grupo Tortura Nunca Mais, Cecília Coimbra.

Coimbra foi uma das responsáveis pelas acusações que levaram Amílcar Lobo a ter seu registro médico cassado pelo CFM em 89.

Ela foi presa em 1970 e levada para o Doi-Codi. “Ele me examinou, mediu minha pressão e perguntou se eu tinha algum problema cardíaco. Depois, disse para outra pessoa que eu podia ir. Fui levada para a sala de tortura”, afirma.

As ligações de Amílcar Lobo com a tortura causaram reflexos no meio psicanalítico. Ao surgirem as primeiras denúncias de seu envolvimento com a tortura, Lobo fazia sua formação como analista.

Seu analista didata (responsável pela formação) era o psicanalista Leão Cabernite. Segundo os psicanalistas Hélio Pellegrino e Helena Bessermann Vianna, Cabernite teria sido conivente com Lobo por não ter denunciado, à época em que o analisava, seu envolvimento com a tortura.

Afastado da medicina, Lobo passou a ter problemas cardíacos.

Morreu no dia 22 de agosto de 1997, aos 58 anos, de cardiopatia isquêmica, no Rio de Janeiro.

Internado havia 24 dias no hospital da Beneficência Portuguesa (centro do Rio), Lobo teve como causa da morte pneumonia, choque séptico e cardiopatia isquêmica.

(Fonte: Veja, 27 de agosto de 1997 – ANO 30 – Nº 34 – Edição 1510 – Datas – Pág; 112)

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil – FOLHA DE S.PAULO – BRASIL / Por CRISTINA GRILLO da Sucursal do Rio – São Paulo, 23 de agosto de 1997)

Todos os direitos reservados.

Powered by Rock Convert
Share.