Américo Vespúcio, navegador, mercador e explorador italiano.

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Américo Vespúcio (Florença, 9 de março de 1451- Sevilha, 22 de fevereiro de 1512), navegador, mercador e explorador italiano foi quem primeiro descreveu, em 1503, o arquipélago de Fernando de Noronha, formado por erupções vulcânicas há 12 milhões de anos. Diante do seu relato, a coroa portuguesa resolveu tomar posse das ilhas – e as doou ao financiador da expedição, o nobre Fernão de Loronha. Com o tempo, o nome do arquipélago mudou.
(Fonte: Super Interessante – ANO 10 – Nº 3 – Março de 1996 – Pág; 75)

Vespúcio, Américo

Amerigo Vespucci nasceu em Florença a 18 de Março de 1454 tendo recebido uma sólida formação humanista, em grande medida por influência familiar e em consonância com o centro cultural que era a Península Itálica e a sua cidade-natal à data. Virá a ingressar no serviço de Lorenzo di Pier Francesco de Medici, o Popolano, detentor de importante casa comercial deslocando-se, por isso, para Sevilha.

Só no final da década de 1490 Vespúcio se iniciará na actividade de mareante do que dispomos, como principal fonte documental, das controvertidas cartas vespucianas, em número de seis, duas das quais impressas. A sua autenticidade (problematizável pelo cruzamento com os dados presentes em cartas de agentes comerciais e diplomáticos, bem como documentos produzidos por outros nautas), é critério decisivo na aceitação da cronologia e número de viagens realizadas por Vespúcio o que, desde cedo, provocou acesos debates. É no entanto possível comprovar a participação de Vespúcio na expedição de Alonso de Hojeda (como tripulante) que partiu de Cádis a 18 de Maio de 1499 e aí regressou em Junho de 1500, tendo descoberto a costa que se estende do Suriname a Pária, percorrendo a costa já anteriormente reconhecida por Colombo e descobrindo um segundo troço, das ilhas Testigos até Chichibacoa. Nesta viagem não deverá ter tido lugar o percurso da costa brasileira com descoberta das embocaduras do Pará e Amazonas (como é frequentemente aventado), uma vez que o regime regional de ventos e correntes o tornava inviável tendo em conta as capacidades técnicas dos navios envolvidos.

Uma segunda viagem, a decorrer de 1501 a 1502, num dos três navios da armada comandada, muito provavelmente, por Nicolau Coelho, conduziu à descoberta da maior parte do litoral brasileiro, provavelmente do actual Rio Grande do Norte até a um ponto a Sul da Ilha da Cananeia (25º ou 26º S) com este percurso a ser fundamentado pelos dados astronómicos aduzidos e pela toponímia e avanços cartográficos coevos. A atribuição a Vespúcio do comando da armada não deverá passar de uma das muitas fábulas construídas em torno da sua figura (para o que o próprio em muito contribuíu). Terá sido nesta viagem que, em contacto com os nautas portugueses, realizou o aprendizado do cálculo de latitudes a partir de alturas meridianas do Sol.

Uma terceira viagem (1503-1504) comandando um de seis navios de nova armada capitaneada por Gonçalo Coelho, com estabelecimento de uma feitoria-fortaleza em território do que viria a ser o Brasil, muito provavelmente em Cabo Frio.

Algures no decurso de 1504-1505 terá regressado a Sevilha, participando na Junta de Toro. Naturaliza-se em Castela. No âmbito da Junta de Burgos (1508) foi criado o cargo de piloto-mor sendo nomeado para o mesmo (o que é atestado das suas capacidades enquanto nauta). Exerceu o cargo durante quatro anos, falecendo a 22 de Fevereiro de 1512. Excelente piloto com significativo currículo, na naútica prática e no seu ensino e consolidação em Castela, foi aqui divulgador (senão introdutor) da escola náutica portuguesa, v.g., a determinação da latitude em alto mar com recurso ao astrolábio, tábuas de declinação solar e regimento do Sol.

O nome “América” atribuído ao continente descoberto por Colombo (novo para os Europeus), em consequência das navegações do final da centúria de Quatrocentos, tem a sua origem em Américo Vespúcio que afirma, no Mundus Novus, ter estado no continente. A sede de informações sobre os novos territórios do Ocidente Atlântico e sucessivas edições dos seus registos (com o que carregam de verdade e exagero) viriam a contribuir decisivamente para a estabilização de América como a designação do continente por parte da civilização que se assumiria como dominante.

(Fonte:http://cvc.instituto-camoes.pt/navegaport – Navegações Portuguesas/ Por Duarte Nuno G. J. Pinto da Rocha)

Bibliografia
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CORTESÃO, Armando, História da Cartografia Portuguesa, Lisboa, 1970.

História da Colonização Portuguesa do Brasil, dir. De Carlos Malheiro Dias, Porto, Litografia Nacional, 1921-1924, tomo II.

GUEDES, Max Justo, “As primeiras expedições de reconhecimento da costa brasileira”, in História Naval Brasileira, Rio de Janeiro, 1975, vol. I, tomo I.

IDEM, Amerigo Vespucci e as suas viagens, São Paulo, Instituto Cultural Italo-Brasileiro, 1954.
MOTA, Avelino Teixeira da, Novos Documentos sobre uma expedição de Gonçalo Coelho ao Brasil, entre 1503 e 1505, Lisboa, Junta de de Investigações Científicas do Ultramar, 1969.

SOUZA, T. O. Marcondes de, O Descobrimento do Brasil, 2ª edição, São Paulo, Gráfica-Editora Michalany, 1956.

VESPÚCIO, Américo, El nuevo mundo: cartas relativas a sus viajes y descubrimientos, Buenos Aires, 1951.

VIGNAUD, Henry, Americ Vespuce: sa bibliographie, sa vie, ses voyages, ses découvertes, l”atribution de son nom à l”Amérique, ses relations authentiques et contestées, Paris, 1917.

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