Alceu Penna (1915 – 1980), considerado um dos pais da moda no Brasil

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Alceu Penna, considerado um dos pais da moda no Brasil e o primeiro e único brasileiro a publicar charges na revista Esquire, conta os primórdios da moda no País. O traço e a tipologia de Penna, que influenciou a imprensa, a publicidade, o design e a moda.
Penna criou vestidos de Carmen Miranda e chegou a ser intérprete de Walt Disney.
(Fonte: www.moda.ig.com.br – Dicas de moda – Andressa Zanandrea – 15/12/2010)

Alceu Penna foi o primeiro e único brasileiro a publicar charges na badalada revista americana Esquire.

ANO 1960
Alceu Penna: “as garotas do Alceu”
Um grande nome da moda nacional, desde os anos 1950, ilustrava a revista semanal O Cruzeiro com a coluna “As Garotas do Alceu”.

O que Alceu sugeria como moda era feito pelas costureiras brasileiras. As roupas eram desenhadas com as texturas e as cores das estações.

Alceu Penna desenhou e escreveu a coluna ‘As Garotas do Alceu’, na revista ‘O Cruzeiro’ entre 1938 e 1964. O espaço na mais importante publicação semanal da época abordava temas variados e, em pouco tempo, tornou-se uma referência para as mulheres.

Sob influência de grandes nomes da costura francesa, começou a criar peças nas quais adaptava as tendências européias às características brasileiras. Alceu Penna foi ainda um dos pioneiros das histórias em quadrinhos no Brasil.

Alceu Penna (1915 – 1980), é um dos primeiros a desenvolver a técnica dos quadrinhos no Brasil. Cria para O Globo Juvenil adaptações em quadrinhos dos clássicos da literatura, como O Fantasma de Canterville, Um Yankee na Corte do Rei Arthur, Sonhos de uma Noite de Verão e Alice no País das Maravilhas. Os desenhos são feitos em preto-e-branco e o roteiro é do escritor Nelson Rodrigues (1912 – 1980). Esses trabalhos são publicados entre 1933 e 1939 ao lado de quadrinhos estrangeiros como Mandrake, Fantasma e Brick Bradford. Nos anos 1950, Alceu Penna faz para a revista A Cigarra os quadrinhos Marido da Madame, em que os personagens Gonçalo e Lolita vivem situações do cotidiano de um típico casal de classe média alta da época. O texto é da cronista Helena Ferraz, que usa o pseudônimo “Álvaro Armando”, e apresenta uma série de diálogos escritos em rima, que lembram a literatura de cordel.

Seu trabalho de maior expressão é a seção As Garotas, publicado semanalmente na revista O Cruzeiro, do final da década de 1930 até meados da década de 1960. Representando moças jovens, na faixa dos 18 a 25 anos, As Garotas inauguram uma nova forma de representar a feminilidade ao valorizar mais sensualmente o corpo da mulher. Os cabelos estão mais compridos, volumosos e realçados com acessórios; brincos e bijuterias são obrigatórios; a maquiagem marca e aumenta o contraste nos rostos; o quadril afina, os ombros se alargam e as pernas expostas do joelho para baixo não são mais o foco de sedução; os seios passam a ser valorizados, transbordando ou insinuando-se sobre os decotes, ao contrário do colo anteriormente liso; o bronzeado opõe-se à brancura anteriormente valorizada. A delicadeza e suavidade d’As Garotas de Alceu Penna substituem a eletricidade das melindrosas de J. Carlos (1884 – 1950). O desenhista traz para as páginas da imprensa brasileira uma nova modalidade de sensualidade. O desenho é ao estilo das pin-ups norte-americanas, porém As Garotas atraem também o público feminino, jovens adolescentes e pós-adolescentes que passam a copiar os penteados, roupas e os gestos dos tipos criados por Alceu Penna. Por meio d’As Garotas, Penna dita a moda carioca dos anos 1940 e 1950, transportando para O Cruzeiro as novidades publicadas nas revistas estrangeiras. As Garotas passam a figurar também nas folhinhas (calendários) que são distribuídas gratuitamente pelos representantes dos produtos da S. A. Moinho Santista Indústrias Gerais. Nessas folhinhas, diferentemente d’O Cruzeiro, As Garotas surgem mais maduras, mais sensuais e com menos roupa – os desenhos são, por vezes, até censurados pela empresa, que obriga o desenhista a vestir sua criação.

Como estilista, Alceu Penna assina suas primeiras criações para shows e espetáculos teatrais, já na década de 1930. É responsável pelo figurino dos espetáculos do Cassino da Urca, no Rio de Janeiro, além da decoração e das fantasias para bailes de carnaval. Nos Estados Unidos, o desenhista sugere a renovação do figurino da cantora Carmem Miranda (1909 – 1955) e de seus músicos. Para a cantora, desenha saias multicolores, turbantes e sapatos de solas grossas; para os músicos, calça de smoking, camisas listradas e, na cabeça, chapéu panamá. Na década de 1960, Alceu Penna é contratado pela Companhia Rhodia para desenhar os modelos para os grandes desfiles anuais organizados pela empresa. É um dos pioneiros do desenho de moda no Brasil, e viaja periodicamente para a Europa, especialmente para a França, para observar as tendências do setor. Ao voltar, utiliza essas tendências como referência nas suas criações para a indústria de tecelagens e para os figurinos das exposições anuais da Rhodia.

O interessante na biografia de Alceu Penna, que é considerado como grande colorista, é o fato de ele ser daltônico. Isso porém, não é problema para o artista, que utiliza o recurso de marcar por escrito as cores nos tubos de tintas.

(Fonte: http://www.itaucultural.org.br – 23/12/2005)

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