Adrian Cowell, foi o maior documentarista da Amazônia

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Cowell gravou 50 anos da maior floresta tropical úmida do mundo.

Ele deixou sete toneladas de filmes, que estão na PUC de Goiás.

Adrian Cowell (Foto: www.mundosustentavel.com.br/Reprodução)

Adrian Cowell (Foto: www.mundosustentavel.com.br/Reprodução)

Adrian Cowell (Tongshan, 2 de fevereiro de 1934 – Londres, 11 de outubro de 2011), maior documentarista da Amazônia, explorou as mazelas que marcaram a exploração e a devastação da Amazônia desde o início da sua ocupação recente, engendrada durante a Ditadura. 

Cowell foi companheiro dos irmãos Villas Boas em expedições e registou tanto o cotidiano dos índios quanto o trabalho dos sertanistas e as ameaças por garimpeiros e fazendeiros

Com um trabalho histórico de registro da destruição da Amazônia, Cowell foi companheiro dos irmãos Villas Boas em expedições antes mesmo da criação do Parque Indígena do Xingu, registando tanto o cotidiano dos índios, quanto o trabalho dos sertanistas e as ameaças, por garimpeiros e fazendeiros. 

Trabalhou também com Apoena Meirelles (1949-2004), outro grande sertanista, no contato dos índios uru-eu-wau-wau, em Rondônia. Filmou, quase ininterruptamente, por 50 anos no Brasil. Seu trabalho começou em 1958, quando ainda era estudante. Foi mais intenso, sobretudo, nos anos 1980, quando fez a premiada série para TV “A Década da Destruição.

Adrian Cowell nasceu em Tongshan na China, em 2 de fevereiro de 1934, e concluiu seus estudos na Universidade de Cambridge. 

O cineasta, que vinha finalizando um filme que aborda a violência no Sul do Pará “Killing For Land” (Matando pela terra, em tradução livre), deixa um legado de 50 anos de gravações dos mais diferentes cenários e situações da Amazônia.

Nada escapou às lentes de Cowell. Ele filmou a destruição da maior floresta tropical úmida do mundo, a situação dos povos indígenas, os sertanistas, garimpeiros e fazendeiros. É considerado o maior documentarista da Amazônia.

Quando Adrian Cowell decidiu filmar a destruição da Amazônia, em um trabalho documental de fôlego inigualável,  tudo podia acabar. Os índios, os seringueiros, a floresta. A Amazônia em sua totalidade. O trator do desenvolvimento, em curso e a todo vapor durante a ditadura militar, queria trazer o progresso, ou a ideia de “um progresso”, sobre um território visto como hostil e inabitado. Mas haviam os índios, os seringueiros e a biodiversidade no caminho.

Na década de 1980, “nunca tanta matéria viva foi queimada como em Rondônia em toda a história”, apresenta o narrador de “A Floresta que virou Cinza”, da premiada série de cinco filmes chamada “A Década da Destruição”, em que ele filmou, ao longo de dez anos, a maior destruição já vista de um ambiente. Ganhou reconhecimento público em premiações como da British Academy (BAFTA), o Emmy Founders e o Golden Gate.

“A Década da Destruição” é o maior projeto de documentação da devastação da Amazônia jamais realizado. A seriedade, o comprometimento demonstrado pelo documentarista ao longo dos dez anos, surpreendem pelo acompanhamento incansável das histórias dos personagens, que são acompanhados por esse período. Também a coragem, como nas filmagens de tiroteios entre posseiros de terra e pistoleiros, em festas e tiroteios em garimpos, como o registro de um garimpeiro morto por um tiro de fusil, a escravidão na produção de carvão, ameaças de fazendeiros.

Enquanto ainda era pouco conhecido pela imprensa brasileira, Chico Mendes já era filmado por Cowell, tanto os empates que fazia nos seringais, quanto em reuniões internacionais. Amigo pessoal do seringueiro, o filme, “Chico Mendes, eu quero viver”, foi concluído em 1991. O mesmo com o Padre Josimo, assassinado no Tocantins.

Uma outra série de extremo fôlego é “Os últimos isolados”, sobre os povos indígenas que vivam, ainda isolados, na floresta, enquanto se produzia a ocupação engendrada pelo regime militar. O documentarista acompanhou de perto o trabalho dos sertanistas da Funai, descrevendo o entorno dos territórios onde viviam os índios ameaçados – e que deveriam travar o primeiro contato com a sociedade ocidental. A “Destruição do Índio”, outra série memorável, reporta a difícil relação entre os povos indígenas e a colonização.

Cowell deixou sete toneladas de filmes. Esse acervo foi doado à Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Goiás, e está disponível para consultas.

Por um longo período, ele alternou viagens entre áreas de conflito na Amazônia e Myanmar, filmando a guerra civil no país, que viria a ser o objeto da série Opium, filmada ao longo de oito anos.

Adrian Cowell morreu em Londres em 10 de outubro de 2011, aos 77 anos.

(Fonte: Veja, 12 de dezembro de 1990 – Ano 23 – Nº 49 – Edição 1160 – BRASIL – Pág: 30/31)

(Fonte: http://g1.globo.com/natureza/noticia/2011/10 – NATUREZA – Do G1, com informações da Globo News – 12/10/2011)

(Fonte: http://www.cartacapital.com.br/sustentabilidade/documentarista- SUSTENTABILIDADE / por Felipe Milanez — publicado 11/10/2011)

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