Adelino Moreira, compositor e autor de clássicos da MPB, gravada por dezenas de intérpretes

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Adelino Moreira: o autor de A Volta do Boêmio

 

Adelino Moreira, o poeta da dor-de-cotovelo

 

Adelino Moreira de Castro (Portugal, 28 de março de 1918 – Rio de Janeiro, 7 de maio de 2002), compositor e autor de clássicos da MPB, como “A Volta do Boêmio”, famosa na voz de Nelson Gonçalves, e “Negue”, gravada por Maria Bethânia e por dezenas de outros intérpretes.

 

 

Adelino foi o autor de “Negue”, “Fica Comigo Esta Noite” e “A Volta do Boêmio”, lançadas por Nelson Gonçalves. Conhecido como autor de boleros dor-de-cotovelo, Moreira fez menos sucesso depois do advento da bossa nova, no fim dos anos 50.

 

 

Adelino foi o autor de alguns dos maiores êxitos da música de dor-de-cotovelo: Negue, Fica Comigo Esta Noite, A Volta do Boêmio – todas lançadas por Nelson Gonçalves.

 

 

Durante um tempo, nos anos 50, tornou-se o compositor favorito de Ângela Maria, para quem escreveu, entre outros números, a balada Cinderela – de gosto duvidoso, foi um dos maiores sucessos da cantora.

 

 

Nascido no Porto, em Portugal, em 28 de março de 1918, Adelino Moreira de Castro era filho de joalheiro. A família veio para o Brasil em 1919 e fixou-se no subúrbio carioca de Campo Grande. Adelino abandonou os estudos no segundo grau e foi trabalhar com o pai, que adorava música. Não foi bom joalheiro. Tornou-se compositor.

 

 

Começou, em 1938 (já casado com a primeira mulher, Maria da Conceição, com quem viveria até 1951), tocando bandolim, que trocou, em seguida, pela guitarra portuguesa. A joalheria do pai patrocinava o programa Seleções Portuguesas, da Rádio Clube do Brasil, onde Adelino começou a se apresentar – como cantor.

 

 

Foi Braguinha quem o lançou para o sucesso. Dirigia a gravadora Continental e, em 1945, convidou Adelino para gravar, como autor e intérprete. As primeiras gravações foram dois fados (Olhos dAlma e Anita), um samba (Mulato Artilheiro) e uma marcha (Nem Cachopa, nem Comida).

 

 

Em 1948, Adelino foi tentar a sorte como artista em Portugal. Gravou discos, por lá, e participou, como cantor, de teatro musical. Voltou ao Brasil dois anos depois e, em 1951, lançou a marcha Parafuso, parceria com Zé da Zilda e Zilda do Zé, sucesso nas vozes da dupla.

 

 

A sorte viria, mesmo, no ano seguinte, quando foi apresentado ao novato Nelson Gonçalves, a quem mostrou a composição Última Seresta, uma parceria com Sebastião Santana. Daí em diante, Nelson seria, além de amigo íntimo, por muito tempo, seu principal intérprete. Nelson gravou, em 1955, Meu Vício É Você, e, no ano seguinte, A Volta do Boêmio; outros sucessos deles foram os boleros Escultura (1958) e Êxtase (1959), além do bolero Fica Comigo Esta Noite (1961).

 

 

No anos 60, o tipo de música chorosa, dramática, feita por Adelino, foi jogada para escanteio – a bossa nova, com seu coloquial econômico e visão de mundo pertinente à zona sul do Rio, pôs no ostracismo os autores de boleros e sambas-canções.

 

 

Alguns desses autores foram, com o tempo, reabilitados – é o caso do gaúcho Lupicínio Rodrigues. Adelino continuou sendo “o cafona” – mesmo gravado por alguns dos nomes mais importantes da música brasileira, a começar por Maria Bethânia, que, nos anos 70, deu ao samba-canção Negue a versão definitiva e insuperável – a música foi também gravada pelo grupo Camisa de Vênus, em 1986, e por Ney Matogrosso e Raphael
Rabello, 1991. Ângela Rô Rô gravou, em 1980, Fica Comigo Esta Noite, bolero que deu título ao disco da cantora Simone em 2000. As irmãs Tetê e Alzira Espíndola regravaram, em 1998, Garota Solitária.

 

 

Sim, e Tom Jobim, com Miúcha, Chico Buarque, Cristina Buarque e turma gravaram, no disco Tom e Miúcha, a engraçadíssima marcha Turma do Funil – poucos associam aqueles versos gaiatos (“Chegou a turma do funil/ Todo mundo bebe, mas ninguém dorme no ponto/Nós é que bebemos/ E eles que ficam tontos”) ao autor compositor de boleros sofridos.

 

 

Autor de cerca de 200 músicas, Adelino teve gestão longa e controvertida à frente da sociedade arrecadadora de direitos autorais Sbacem, cargo que manteve até há pouco tempo. Brigou com Nelson Gonçalves, lançou um imitador dele – Carlos Nobre – e abriu, nos anos 70, uma churrascaria, em Campo Grande, refez a amizade. Nunca foi reconhecido como grande compositor. Mas foi um dos grandes autores da MPB.

 

 

Adelino Moreira faleceu em 7 de maio de 2002, aos 84 anos, de infarto do miocárdio, no Rio de Janeiro. Estava com 84 anos e morava
em Campo Grande, na zona oeste carioca, com a segunda mulher, Arzina.

(Fonte: Veja, 15 de maio de 2002 – ANO 35 – N° 19 – Edição 1751 – DATAS – Pág: 102/103)

(Fonte: https://www.terra.com.br/istoegente/145/aconteceu – Edição 145 – ACONTECEU / por Dirceu Alves Jr. – 13/05/2002)

(Fonte: http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2002 – CADERNO 2 – MÚSICA – ARTE E LAZER – 7 de Maio de 2002)

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