Abraham Polonsky, diretor e roteirista que foi responsável por filmes como de Corpo e Alma de Rossen

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Abraham Polonsky (Nova York, 5 de dezembro de 1910 – Beverly Hills, 26 de outubro de 1999), diretor e roteirista norte-americano que foi responsável por filmes como de “Corpo e Alma” (1947), de Robert Rossen. Em 1951, entrou na lista negra do Comitê de Atividades Antiamericanas.

Premiado com o Oscar de 1947 por seu magnífico roteiro de CORPO E ALMA, dirigido pelo grande Robert Rossen, realizou o policial noir A FORÇA DO MAL, em 1948, tendo como ator principal o também comunista John Garfield.

O filme, desprezado pelos críticos americanos, se tornou um clássico no resto do mundo, o que não evitou de que tanto diretor e ator fossem perseguidos e caçados pelo furor macarthista. Garfield teve um final de vida patético.

Polonsky passou o pão que o diabo amassou e sobreviveu escrevendo, sob nomes falsos, roteiros para a televisão. Tudo porque se recusou a confirmar ou desmentir suas ligações com o Partido.

Se houve alguma coisa memorável na vida do ator Robert Redford, foi justamente ter possibilitado o banido Abraham Polonsky voltar à direção em 1969, com o político e belíssimo western WILLIE BOY. O crítico Silvestri explicita em seu texto a sua perplexidade diante do silêncio da mídia americana (talvez por isso, nenhum jornal brasileiro tenha dado a notícia), afirmando que Hollywood jamais o reabilitou totalmente. Tanto Polonsky quanto Cy Endfield foram militantes comunistas até o final da vida.

Endfiel, assim como Joseph Losey e Ogden Stewart, preferiu sair da “lista negra” via Inglaterra, onde dirigiu alguns poucos filmes. Polonsky, mesmo caído em desgraça, permaneceu na América defendendo seus direitos de cidadão íntegro e de consciência cristalina.

Quando, na entrega de um Oscar recente, o talentoso diretor e complacente delator Elia Kazan foi homenageado com um prêmio honorário, as câmeras se detiveram na expressão gélida e contrafeita do ator Nick Nolte.

Poucos minutos depois, ele declararia a um canal de televisão a cabo, que se houvesse bom senso na Academia, o tributo deveria ir para as mãos limpas de Polonsky. Ponto a favor do rebelde e belo ator Nick Nolte.

Quem redimiu Polonsky como roteirista de Hollywood foi, o erroneamente chancelado de reacionário, Don Siegel. Um dos grandes méritos de seu cultuado OS IMPIEDOSOS / MADIGAN (67), é justamente a latente ambiguidade ideológica de seu roteiro. É irônico observar que Polonsky, herói de guerra na Unidade Especial em Oss, teve seu passaporte e os direitos de cidadão de nível universitário cassados, somente por apelar pela Quinta Emenda. Polonsky dirigiu na Inglaterra uma versão, não creditada, de Édipo Rei, em 1968, que acabou sendo assinada por Philippe Saville.

Considerado “estática, própria só para estudantes” por alguns críticos idiotas, consta no Dicionário de Cinema, de Jean Tulard (editado no Brasil pela LPM, com adendos e comentários do crítico gaucho Goida), como o melhor filme de Saville. Basta conhecer os filmes subsequentes deste realizador de mão peso-chumbo para se perceber o equívoco.

O último longa metragem realizado por Polonsky foi filmado na Europa. Trata-se de ROMANCE DE UM LADRÃO DE CAVALOS (71), um filme cheio de frescor e originalidade, apreciadíssimo pelo Cahiers Du Cinema, mas um grande fracasso comercial. Polonsky morreu sem conseguir levar adiante seu sonhado projeto de filmar MÁRIO E O MÁGICO de Thomas Mann.

Da obra americana de Cyryl Raker Endfield, destacam-se SOB O MANTO DA INTRIGA (Underworld Story – 50) e JUSTIÇA INJUSTA (The Sound Of Fury – 50) pelas idéias avançadas que destilam. Da fase inglesa, os mais notáveis são ZULÚ (64) pelo teor anti-racista, e PERDIDOS NO KALAHARI (64) que, alem de uma cinematografia exuberante, possui um desfecho de enorme impacto com o protagonista Stuart Whitman sendo estraçalhado por babuínos.

Abraham Polonsky morreu em 26 de outubro de 1999, aos 88 anos, em decorrência de enfarte, nos EUA.

(Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/vale/vl3010199914 – FOLHA DE S.PAULO – 30 de Outubro de 1999)
(Fonte: http://www.terra.com.br/cinema/opiniao/opus16 –
CARLOS REICHENBACH)

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