Abilio Diniz, foi um dos mais importantes empresários do Brasil, esteve à frente do Grupo Pão de Açúcar, também possuía participação relevante no francês Carrefour, com quase 14% de fatia nos direitos de voto no segundo maior grupo varejista do mundo

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Empresário Abilio Diniz, ex-dono do Pão de Açúcar

Abilio construiu um império do varejo e se tornou um dos empresários mais importantes e ricos do país

Empresário Abilio Diniz 21/03/2018 (REUTERS/Ueslei Marcelino © Thomson Reuters)

Abilio dos Santos Diniz (nasceu no bairro do Paraíso, na Zona Sul de São Paulo, em 28 de dezembro de 1936 – faleceu em 18 de fevereiro de 2024), foi um dos mais importantes empresários do Brasil, fundador do Grupo Pão de Açúcar, nasceu em 28 de dezembro de 1936 em uma edícula na Rua Vergueiro, em São Paulo. “Éramos muito humildes. Minha mãe teve seis filhos, todos em casa”, contou o empresário em entrevista à Forbes para a matéria de capa da edição da revista de junho de 2017.

Sua fortuna é estimada em US$ 2 bilhões (R$ 9,9 bilhões), segundo a lista de bilionários da Forbes, o que o posiciona em 1526º lugar no ranking.

Durante décadas, Abilio esteve à frente do Grupo Pão de Açúcar, tornando-se um dos maiores empresários do país. O empresário, que estampou a capa da Forbes Brasil duas vezes – nas edições de janeiro de 2015 e de junho de 2017 –, ainda era um dos principais acionistas do grupo Carrefour Brasil, ocupando a vice-presidência do colegiado da varejista.

Por meio da Península, Abilio também possui participação relevante no francês Carrefour, com quase 14% de fatia nos direitos de voto no segundo maior grupo varejista do mundo.

Seu pai, o português Valentim dos Santos Diniz, que emigrou para o Brasil muito jovem, era padeiro. Abriu uma doceira que batizou de Pão de Açúcar. Foi lá que, aos 13 anos, Abilio começou a trabalhar. “Ele me incentivava a participar. O que eu mais gostava era de ir com o motorista fazer entregas.”

Ao lado do pai, ele construiu o grupo Pão de Açúcar e comandou uma das maiores companhias de alimento do mundo.

Mais adiante, a família abriu um serviço de bufê. “Meu trabalho era ir a igrejas e cartórios descobrir quem ia casar. Aí eu telefonava ou ia de porta em porta oferecer os serviços do bufê”, disse. “Começamos a ter uma vida melhor quando abrimos o primeiro supermercado, em 1959.” De lá para cá, a história de sucesso dos Diniz é bem conhecida.

Durante décadas, Abílio esteve à frente do Grupo Pão de Açúcar, tornando-se um dos maiores empresários do país. Mais recentemente, ele era um dos principais acionistas do grupo Carrefour Brasil, ocupando a vice-presidência do colegiado da varejista.

Por meio da Península, Abilio também possuía participação relevante no francês Carrefour, com quase 14% de fatia nos direitos de voto no segundo maior grupo varejista do mundo.

Filho de Valentim e Floripes, Abilio Diniz nasceu no bairro do Paraíso, na Zona Sul de São Paulo, em dezembro de 1936. Primeiro de seis filhos de uma família de origem portuguesa, viveu nos fundos de uma mercearia.

Em 1948, ainda menino, ajudou o pai na abertura de uma doceria, chamada Pão de Açúcar. Era o início da construção de um império em homenagem ao cartão-postal do Rio de Janeiro, primeira imagem que o pai avistou ao chegar ao Brasil de navio.

Formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), Diniz pensou em se especializar nos Estados Unidos, mas o convite do pai falou mais alto, e em 1959, abriram a primeira loja do Pão de Açúcar, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, no coração de São Paulo.

No final dos anos 1960, já eram mais de 60 lojas em 17 cidades.

Em 1971, Diniz inaugurou o Jumbo, primeiro hipermercado do Brasil. Cinco anos depois, com empréstimo do BNDES, comprou a Eletroradiobraz, e seguiu comprando, crescendo e inovando.

Diniz também foi o primeiro a criar supermercado em shopping e a abrir suas lojas 24 horas. Foi um dos fundadores da associação brasileira de supermercados e foi um dos pioneiros na criação de programas de trainees do Brasil, uma maneira de recrutar e treinar talentos nos negócios.

Mas um dos maiores líderes empresariais do país também conheceu crises e esteve no centro de conflitos. Por dez anos foi membro do conselho monetário nacional.

Em 1987, com o Pão de Açúcar e o país mergulhados em uma crise econômica, vendeu a sede imponente e voltou ao prédio onde tudo começou.

Em 1989, outro revés. Diniz foi sequestrado quando ia de carro para o trabalho e ficou uma semana nas mãos de sequestradores, nove estrangeiros e um brasileiro. A polícia descobriu o cativeiro, mas a libertação só ocorreu depois de uma longa negociação.

Em 1991, o Pão de Açúcar pagou as dívidas e deu lucro. Diniz se preparou para enfrentar gigantes do varejo internacional no Brasil. Em 1995, abriu o capital do Pão de Açúcar e, com dinheiro em caixa, voltou a comprar supermercados menores, até que encontrou um acionista internacional, o grupo francês Casino.

Depois, decidiu profissionalizar a administração do grupo e tirar os filhos da sucessão. Entrou no ramo de eletroeletrônicos pelo varejo e, depois de 54 anos, deixou o grupo Pão de Açúcar em 2013.

“É um dia muito importante hoje para mim e para minha família. É o dia em que estou passando o controle do grupo Pão de Açúcar para o grupo Casino”, disse na ocasião.

Depois, comandou a BRF – uma das maiores companhias de alimentos do mundo – e criou uma empresa de investimentos, que comprou ações do Carrefour.

Trajetória no varejo

A trajetória de Abílio Diniz se confunde com a história do varejo brasileiro. A família inaugurou o primeiro supermercado em 1959, com inovações para a época, como colocar os produtos nas prateleiras para permitir a escolha pelos clientes, o que reduziu drasticamente o gasto com mão de obra. Na década de 1960 o Pão de Açúcar adquiriu a rede Peg-Pag. A expansão seguiu pelas décadas seguintes.

Nos anos 1970, o grupo adquiriu o grupo Eletroradiobraz e inaugurou o primeiro hipermercado do País, denominado Jumbo. O crescimento se manteve na década seguinte, quando o grupo chegou a ter 150 lojas e a empregar 15 mil pessoas. Nessa época ocorreu também a primeira expansão internacional, com a inauguração da rede Supão, em Portugal.

A década seguinte foi complicada para Diniz. A empresa passou por dificuldades financeiras devido ao crescimento acelerado. O grupo chegou a ter um departamento de análise econômica com dezenas de profissionais. Um deles, o economista Luiz Carlos Bresser Pereira, chegou a ser ministro da Fazenda durante o Governo Sarney, logo após o Plano Cruzado, de 1986.

Nessa época ocorreu a primeira e única aproximação do empresário com Brasília. Nos anos 1980, Diniz integrou o Conselho Monetário Nacional (CMN). Mais tarde, Diniz chamou esse período de “década perdida”. “Não ajudei o Brasil e prejudiquei a empresa da família”, disse ele após a experiência.

Em 1989, no episódio mais traumático de sua vida, Diniz foi sequestrado a caminho do trabalho por terroristas ligados ao grupo chileno Movimiento de Izquierda Revolucionaria (MIR), poucos dias antes do primeiro turno da eleição presidencial. Diniz ficou em cativeiro por seis dias até ser libertado pela polícia, sem que o resgate de US$ 30 milhões fosse pago.

Conflito com o Casino

O Pão de Açucar abriu capital na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), atual B3, em 1995, captando cerca de US$ 11o milhões. Dois anos depois abriu capital na Bolsa de Nova York arrecadando mais de US$ 172 milhões. Os recursos permitiram ao grupo fazer novas aquisições, comprando as redes Mambo e Barateiro. Nos anos 1990 Diniz tentou fechar outra parceria internacional. E fechou um acordo com o grupo francês Casino, chefiado pelo executivo Jean-Charles Naouri.

O Casino pagou R$ 1,5 bilhão em 1999 por 22% do capital do Pão de Açúcar. Em 2005, os franceses injetaram mais R$ 2 bilhões no Pão de Açúcar. O contrato elevou a participação do Casino para 50% e garantiu ao grupo uma opção de compra para assumir o controle do Pão de Açúcar em 2012.

Na época, Diniz, que negociou o acordo ao lado da filha Ana Maria, disse ter rezado na catedral de Notre Dame, em Paris, antes de assinar o acordo. As orações não pouparam o empresário de um conflito acirrado com Naouri na década seguinte. Durante muito tempo Diniz tentou impedir o negócio e em 2011 tentou costurar uma fusão entre o Pão de Açúcar e o Carrefour, arquirrival do Casino na França. Naori contestou a tentativa na Justiça.

A paz só seria fechada em 2013, quando o Casino assumiu o controle do Pão de Açúcar. Diniz trocou suas ações ordinárias por preferenciais, sem direito a voto, e renunciou ao cargo de presidente do Conselho do Pão de Açúcar. No ano seguinte, o empresário investiu pesadamente na BRF, empresa resultante da fusão da Sadia com a Perdigão, e comprou 10% das ações do Carrefour. Ainda hoje a família é o segundo maior acionista do varejista francês, perdendo apenas para a família fundadora.

Sempre esportista, foi tricampeão brasileiro de motonáutica, em 1970, e ganhou, com o irmão Alcides, as milhas de Interlagos. Com isso, criou um portal sobre hábitos saudáveis, que inspirou o livro “Caminhos e escolhas: o equilíbrio para uma vida mais feliz”.

Casado com Auriluce, teve quatro filhos: Ana Maria, João Paulo, Pedro Paulo e Adriana. Depois, do casamento com Geyse Marchesi, teve mais dois: Rafaela e Miguel.

Em 2022, perdeu o filho João Paulo, de 58 anos, vítima de um infarto, em Paraty, no Rio. Na ocasião, Diniz escreveu: “Toda vez que olho essa foto me emociono. Mais do que pai e filho, éramos quase irmãos, dois grandes amigos.”

João Paulo e o pai, Abilio Diniz — (Foto: Reprodução: Facebook/ João Paulo Diniz)

Adepto da disciplina do esporte e da ousadia nos negócios, Abilio Diniz se tornou um dos mais importantes empresários brasileiros e dizia enxergar um futuro de grandeza e liderança também para o país.

“Esse país é muito grande, muito forte e não tenho dúvida nenhuma que nós vamos avançar”, disse em 2016.

Abilio Diniz faleceu no domingo 18 de fevereiro de 2024, aos 87 anos, vítima de insuficiência respiratória em função de uma pneumonite, informou a assessoria de imprensa da holding Península, que administra os investimentos da família.

Abilio estava internado no hospital Albert Einstein em São Paulo há alguns dias. O empresário deixa cinco filhos, esposa, netos e bisnetos. Em 2022, ele havia perdido um filho, João Paulo.

Em sua publicação mais recente no Instagram, de 17 de janeiro, ele comentou que estava de férias, se recuperando de duas cirurgias no joelho, em um local externo tomado pela neve, onde lamentou não poder esquiar por causa do período de recuperação.

Em uma publicação na rede social X, antigo Twitter, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), lamentou a morte Abilio.

“Perdi um amigo. O país perdeu um exemplo de empreendedor, de competência. Sempre viu o Brasil com otimismo, com esperança e fé inquebrantável no nosso futuro”, escreveu Lira.

Também na rede X, o vice-presidente Geraldo Alckmin lamentou o falecimento de Abilio, qualificado por ele como “um dos maiores empresários brasileiros”.

“Sua vitalidade, dedição ao trabalho e fé no Brasil formaram grandes lições de vida. Que seu exemplo continue a inspirar as próximas gerações de empresários no Brasil”, disse Alckmin.
(Créditos autorais: https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2024/02/18 – SÃO PAULO/ NOTÍCIA/ Por g1 – 18/02/2024)
(Créditos autorais: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil – Reuters/ NOTÍCIAS/ BRASIL/ História de Reuters (Por Fabrício de Castro) – SÃO PAULO (Reuters) – 18/02/2024)
(Créditos autorais: https://forbes.com.br/forbes-money/2024/02 – FORBES MONEY/ Redação (com Reuters) – 18 de fevereiro de 2024)
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