Abade Pierre, padre defensor dos pobres, religioso e intelectual francês, fundador da comunidade Emaús

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Abbe Pierre, padre defensor dos pobres

O abade Pierre, fundador da comunidade Emaús

 

Abade Pierre (Lyon, 5 de agosto de 1912 – Paris, 22 de janeiro de 2007), religioso e intelectual francês. Padre católico romano que renunciou à riqueza para defender os pobres e que se tornou um dos homens mais admirados da França.

 

Pierre, abade francês fundador da comunidade Emaús e uma das mais emblemáticas figuras da luta contra a pobreza. O padre, que passou a maior parte da vida defendendo pobres, era pouco conhecido fora da França, mas era considerado um santo moderno no país.

 

Nascido em agosto de 1912, Henri-Antoine Groues era o quinto filho de um comerciante de seda, mas abriu mão da vida confortável para tornar-se monge.

 

Ele ganhou o apelido Abbe Pierre – “abbe’” é um título tradicional de padres – durante a Segunda Guerra Mundial, quando forjou documentos de identidade para retirar refugiados da França.

 

Ele começou a defender os sem-teto em 1949 e ganhou fama em 1954, quando exigiu em público abrigo para milhares de pessoas ameaçadas de morte por um inverno muito frio.

 

Henri Antoine Groués — o nome de nascimento de Abbé Pierre, como era conhecido no país.

 

O abade Pierre, que se iniciou na ordem dos franciscanos capuchinhos, usou os microfones da Rádio Luxemburgo em 1954, com alertas para recolha de apoio para salvar os mais pobres da morte certa.

 

O seu trabalho começou mais cedo, ainda durante a II Guerra Mundial, dedicando-se a salvar os perseguidos pelo nazismo. Organizou um grupo de resistência armada até ser preso, mas conseguiu fugir escondido num saco do correio, num avião para a Argélia.

 

Depois da guerra, voltou a Paris e foi eleito deputado da Assembleia Nacional, que deixou por protesto contra uma lei eleitoral que julgava injusta, em 1951. A partir daí dedicou-se inteiramente ao Movimento Emaús, que está hoje presente em mais de 40 países.

 

Emaús é o nome de uma localidade na Palestina onde, segundo a Bíblia, Jesus apareceu aos seus discípulos após a Ressurreição.

 

Comunidade tem em Portugal 50 membros

 

O movimento está representado em Portugal por uma comunidade em Caneças, Loures, e dois grupos no Porto, cerca de 50 pessoas no total.

 

O fundador esteve em Portugal no ano passado para participar na assembleia regional do movimento, tendo-se deslocado a Fátima, onde rezou uma missa.

 

“Era uma pessoa fora do comum, completamente dada aos outros”, disse à agência Lusa Humberto Pereira, um dos responsáveis da comunidade Emaús de Caneças, que lhe serviu de motorista durante a sua estada no país.

 

O movimento instalou-se em Portugal em meados da década de 1980 e atualmente conta entre 20 a 30 membros na comunidade de Caneças e dois grupos de 10 companheiros (designação dada aos membros) cada no Porto.

 

Seu apelo gerou ondas de simpatia e sua rede de abrigos Emmaus está agora em 41 países.

 

Abade Pierre faleceu em 22 de janeiro de 2007, aos 94 anos. Estava internado com uma infecção pulmonar desde o dia 14 de janeiro. O abade Pierre acabou por falecer no Hospital Val de Grâce, em Paris.

 

Líderes franceses elogiaram o padre, dizendo tratar-se de um lutador incansável contra a pobreza e a favor dos desfavorecidos.

 

O presidente Jacques Chirac disse que a França perdeu “uma imensa figura, uma consciência, um homem que personificou a bondade’”.

“Abbe Pierre representou o espírito de rebelião contra a miséria, o sofrimento, a injustiça e a força da solidariedade’”, disse Chirac em comunicado.

(Fonte: Revista Caras – ANO 17 – EDIÇÃO 878 – 2 de setembro de 2010 – Citações)
(Fonte: http://www.publico.pt/mundo/noticia – MUNDO – POBREZA/ Por Laurent Gillieron/EPA – 22/01/2007)

(Fonte: https://oglobo.globo.com/cultura – CULTURA/ Por Crispian Balmer/ POR REUTERS/BRASIL ONLINE – PARIS (Reuters) – 22/01/2007)

 

 

 

 

A França perdeu um ícone nacional. O abade Pierre, fundador do Emaús e infatigável peregrino dos mais desfavorecidos morreu aos 94 anos. Uma perda que toca o coração de todos os franceses, disse Jacques Chirac. No Inverno glacial de 1954, o abade Pierre lançou aos microfones de uma rádio, um apelo simples que viria a desencadear uma enorme onda de solidariedade e descobre o poder dos media. Uma mulher morreu de frio durante a noite na rua.

A mensagem prosseguia: “quando à noite, nas vossas belas casas, beijarem os vossos filhos com a vossa boa consciência, terão aos olhos de Deus, provavelmente, mais sangue nas mãos inconscientes que alguma vez terá um desesperado”.

O movimento que criou em 1953, o Emaús, internacionalizou-se em 1971. Presente em quarenta países, entre os quais Portugal, reagrupa mais de 500 associações trabalhando em diferentes domínios. Acções a favor dos pobres, recorrendo à recuperação e revenda de materiais usados e trabalho agrícola. Sempre no terreno, o abade defende e apoia a ocupação de casas vazias pelos membros da associação Direito à Habitação, assim como as acções dos imigrantes clandestinos.

Em 2004, meio século depois do seu primeiro grito de alerta, continua a denunciar, desta vez não só a inoperância do Estado, mas também dos autarcas no alojamento dos mais desfavorecidos. Considerado pelos franceses, o terceiro francês mais importante da História, depois de de Gaulle e Pasteur, o abade Pierre é tido como o inventor da solidariedade nas sociedades de abundância.

Nos últimos anos tinha pedido que o seu nome fosse retirado das sondagens, mas o seu combate, nunca terminado, continua actual. Há apenas algumas semanas, nos cais de Paris e um pouco por toda a França, as tendas dos sem abrigo, forçaram o governo a criar uma nova lei que faz do direito à habitação um direito inalienável, como a saúde ou a educação. O homem que sempre quis morrer, ajudou ao longo da vida milhares de pessoas a viver melhor.

(Fonte: http://pt.euronews.com/2007/01/22 – MUNDO – 22/01/07 – CET)

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