A vida e o mundo, nas frases de Pedro Nava
Eu sou um pobre homem do Caminho Novo das Minas dos Matos Gerais. (Baú de Ossos)
Ouvi pela primeira vez a palavra greve dita por uma de minhas tias, tão baixo e com um ar de tal escândalo, que pensei que fosse uma indecência (…) e corei até as orelhas.
(Baú de Ossos)
Eu faço é memórias. Autobiografia, só quem podia fazer era Napoleão Bonaparte. E assim mesmo resultou num péssimo livro.
(Entrevista à imprensa)
“Foi um bom e sábio pontapé. Dele, nunca me arrependi. Arrependi-me, sim, dos que não dei por essa porca da vida afora – com tanta canela precisando.”
(Balão Cativo)
Ninguém esquece coisa nenhuma.
(Entrevista)
Sou mineiro de propósito.
(Entrevista)
Digo sempre seja o que Deus quiser, graças a Deus, Deus me livre disso ou daquilo, mas não passam de expressões de momento. Sei que estou pedindo socorro em vão.
(Entrevista)
De piora em piora, vi o Brasil cair até a situação em que está hoje. É um país pelintra, caloteiro, sem saída, à beira do caos, e, no entanto, ninguém percebe isso. (Entrevista)
Só me falta uma experiência: morrer. (Entrevista)
Eu gosto da vida, apesar de não ser feliz. Gostaria de prolongar a vida um pouco mais, mesmo sabendo que muita coisa vai diminuindo com a idade.
(Entrevista)
Não dou a mínima importância ao chamado amor puro. O amor que interessa é o amor físico. (Entrevista)
Ele era político. Como político, capaz de idas e vindas, avanços e recuos, dos embustes, das negaças, das fintas, dos pulos-de-gato, dos blefes que são o lote de todos os que pertencem a tal estado do Príncipe de Maquiavel, de Luís XI, Churchill, ao último vereador de Santo Antônio do Desterro.
(Galo das Trevas)
Pedro Nava (1903-1984), o maior memorialista brasileiro. Poeta, e pintor nas horas vagas, e médico
(Fonte: Veja, 23 de maio, 1984 Edição n.° 820 Memória/ Pág; 80 Datas Pág; 75)