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“Fui a primeira mulher negra a ser economista-chefe no Brasil”

O Minha Jornada mostra Laiz Carvalho, profissional vinda da periferia paulistana que hoje ocupa o topo do mercado financeiro

 

Em seu primeiro estágio, na área de asset management do banco Safra, a então estudante de economia Laiz Carvalho se deu conta que, ao pegar na mão seu primeiro holerite, recebia uma bolsa maior que o salário de seus pais juntos. A partir desse momento, começou a entender o fluxo do dinheiro e o perfil dos clientes que investiam no banco – e se deu conta do que poderia conquistar a partir daquele estágio. A partir da vaga conquistada na USP (Universidade de São Paulo), vem trilhando uma carreira impecável em alguns dos principais bancos brasileiros.

 

 

Nascida no extremo Leste de São Paulo, Laiz nunca havia entrado no MASP, o Museu de Arte de São Paulo, ou caminhado pela Avenida Paulista, onde fica a sede do Safra. “Senti que estava colocando os pés em outro mundo e entendi o que eu poderia ser”, diz. Hoje, aos 32 anos, ela é economista-chefe do banco francês de investimentos BNP Paribas, um dos maiores bancos europeus, e um exemplo perfeito do que chamamos de self made woman.

 

 

Laiz Carvalho hoje se destaca em um mercado tradicionalmente dominado por homens brancos, vindos de famílias com renda dezenas de vezes acima dos ganhos da sua. “Há bem pouco tempo me dei conta da importância do lugar que eu ocupo. A ficha caiu há uns dois anos, quando uma repórter me perguntou como eu me sentia sendo uma a única mulher e a única negra a ocupar um posto de economista-chefe.” [Hoje há mais uma mulher preta: Natalie Victal, economista chefe da Sul América desde março.]

 

 

Uma economista-chefe em um banco de investimentos é a responsável por fazer as projeções macroeonômicas que irão guiar as escolhas da instituição. Em outras palavras, é Laiz quem dá a base para que se construa a estratégia de investimentos dos clientes. E foi justamente por acertar nas projeções que ela vem sendo reconhecida. “O Banco Central faz um ranking dos bancos a partir de quanto acertam as projeções macroeconômicas e, quando eu entrei na Brasilprev, fazia uns três anos que eles não entravam. Mas no ano em que estive lá, chegou ao terceiro lugar.”

 

Foi com esse currículo que ela foi chamada para uma processo seletivo no BNP Paribas. Logo na entrevista inicial, Laiz Carvalho deixou claro que, apesar de estar disposta a trabalhar muito, essa não seria a sua única ocupação. Há um ano, ela fundou o Black Swan, um programa de apoio a mulheres pretas no mercado financeiro. “Conforme fui subindo, passei a perceber que era exemplo para outras mulheres como eu. Primeiro dentro da minha própria família, depois em palestras e eventos que participo, quando elas me procuram e dizem que me acompanham.”

 

 

Por meio do Black Swan, Laiz sozinha mentora 20 outras mulheres. Mas ela conseguiu ajuda e mais de uma centena de outras com histórias semelhantes já passaram por essas mentorias. “Para cada uma que passa pela mentoria, eu peço o compromisso de ajudar uma outra mulher negra”, diz. Com isso, pretende que diversas outras meninas pretas da periferia, como ela, possam circular pelos corredores do coração do mercado financeiro do país.

 

 

Quem me apoia

 

 

“Como eu sempre me vi em espaços muito masculinos, procurei pessoas que faziam ou eram o que eu queria ser no futuro. Quem poderia me ensinar? Quado ainda não se falava nisso formalmente, procurei mentores para apoiar minha subida na carreira. E tem também as Swans que me apoiam no meu projeto de ajudar mulheres negras a crescer no mercado.”

 

 

Primeiro cargo de liderança

 

 

“Foi quando eu me tornei economista-chefe da Brasilprev em 2020.”

 

 

O que ainda quero fazer

 

 

“Eu amo ser economista e um dos meus objetivos é continuar progredindo na carreira. Mas meu coração bate diferente quando o assunto é diversidade, equidade e inclusão. E eu acredito muito que as coisas realmente só mudam quando a alta liderança entende a importância desse assunto e, pra isso, eu preciso estar nas salas de tomada de decisão. Então tenho vontade de seguir carreira em conselho para que mais pessoas, principalmente aquelas que se consideram mulheres e negras, tenham acesso às oportunidades.”

 

 

Causas que abraço

 

 

“Fundei a plataforma Black Swan para apoiar mulheres negras a subirem no mercado financeiro. Em um ano, mais de 100 mulheres passaram pelas mentorias.”

 

 

(Fonte: https://forbes.com.br/forbes-mulher/2022/09 – FORBES MULHER / por Fabiana Corrêa – 29 de setembro de 2022)

A cada quinzena, a seção Minha Jornada traz as histórias de vida e carreira de profissionais inspiradoras.

 

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