Sérgio Ricardo, compositor ícone da bossa nova e do cinema novo, atuou em movimentos que redefiniram a cultura brasileira

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Músico Sérgio Ricardo, foi compositor ícone da bossa nova e do cinema novo

 

Cantor e compositor atuou em movimentos que redefiniram a cultura brasileira, como a bossa nova e o cinema novo.

 

Sérgio Ricardo (Marília, interior de São Paulo, 18 de junho de 1932 – Rio de Janeiro, 23 de julho de 2020), cantor e compositor que atuou em movimentos que redefiniram a cultura brasileira, como a bossa nova e o cinema novo.

 

Cantor, compositor, ator e diretor foi um dos principais nomes da cultura de protesto dos anos 1960 e trabalhou com Glauber Rocha no cinema novo.

 

O músico, escritor, pintor e cineasta foi um dos integrantes de primeira hora da bossa nova, autor de “Zelão” e também da belíssima “Folha de Papel”, gravada por Tim Maia, Sergio ficou conhecido nacionalmente, a contragosto, por ter quebrado um violão no II Festival da Música Brasileira em 1967, quando foi vaiado ao apresentar a canção “Beto Bom de Bola”.

 

Anos mais tarde, no princípio da década de 1990, escreveu uma autobiografia que batizou de “Quem Quebrou meu Violão”.

 

Mas antes do banquinho e o violão, ele já era conhecido pela câmera na mão. Sergio Ricardo, que na verdade se chamava João Lutfi, seu nome de batismo, começou a filmar em 1962 sem nunca ter quebrado recordes de bilheteria. Mesmo assim criou um trio de clássicos do cinema brasileiro.

 

Ao todo, ele assinou seis filmes, incluindo dois curtas, a maioria com participação importante de seu irmão Dib Lufti, um dos mais famosos diretores de fotografia do Brasil. O primeiro curta, “Menino da Calca Branca” (1962), ainda contou com apoio de outro mestre do Cinema Novo, o cineasta Nelson Pereira dos Santos, que realizou sua montagem. A história do menino favelado que sonhava com uma calça nova foi lançada no Festival Karlovy Vary, na então Tchecoslováquia, e acabou premiada no Festival de San Francisco, nos EUA.

 

O primeiro longa, “Êsse Mundo É Meu”, foi um drama social estrelado por Antonio Pitanga e abordava a vida dura na favela. Além de escrever e dirigir, Sergio Ricardo compôs sua trilha sonora, lançada em disco – a música-título também foi gravada por Elis Regina. E sua qualidade chamou atenção da crítica internacional.

 

Na época, o critico e diretor francês Luc Moullet, em artigo publicado na revista Cahiers du Cinema, condenou a ausência da obra de Sérgio Ricardo no festival de Cannes de 1965 e listou “Êsse Mundo É Meu” entre os melhores filmes de 1964.

 

Mas pouca gente viu, inclusive no Brasil, onde foi lançado em 1 de abril de 1964, junto do golpe militar que esvaziou as ruas e os cinemas do país.

 

Sergio Ricardo costumava brincar que tinha sido seu primeiro fracasso cinematográfico. Vieram outros.

 

Romance engajado, “Juliana do Amor Perdido” (1970) denunciava como fanatismo religioso mantinha o povo escravizado numa comunidade de pescadores, e foi exibido no Festival de Berlim.

 

Mais proeminente, “A Noite do Espantalho” (1974) consagrou-se como a primeira ópera “rock” brasileira ou o primeiro filme-cordel. Rodada no “palco a céu aberto” de Nova Jerusalém, onde anualmente é encenada a Paixão de Cristo, a trama registrava a luta de camponeses contra um poderoso coronel latifundiário, que agia comandado por um dragão. Em meio a surrealismo e psicodelia sertaneja, o filme ainda revelou, de uma só vez, os talentos de Alceu Valença e Geraldo Azevedo. E arrancou elogios da crítica mundial, com sessões lotadas no Festival de Cannes e de Nova York.

 

Seus três longas formaram uma trilogia não oficial sobre a crise social brasileira. O diretor começou na favela urbana, foi para o litoral distante e acabou no sertão nordestino. E nesse trajeto evoluiu do neorealismo preto e branco para o psicodelismo colorido, criando uma obra digna de culto.

 

Mas apesar da grande repercussão internacional, os filmes do diretor não receberam a devida valorização no Brasil.

 

Sem incentivo, ele acabou se afastando das telas.

 

Só foi voltar recentemente, em 2018, para seu quarto e último longa-metragem, “Bandeira de Retalhos”, que sintetizou seus temas. O filme acompanhava a luta de moradores de uma favela carioca contra a desapropriação de suas casas, que políticos poderosos tinham negociado com empresários do setor imobiliário. A história, inspirada numa tentativa da Prefeitura do Rio de transformar o Vidigal num empreendimento de luxo em 1977, foi encampada pela ONG Nós do Morro e filmada com poucos recursos. Novamente com Antonio Pitanga em papel de destaque, além de Babu Santana. Mas pela primeira vez sem Dib Lufti atrás das câmeras, falecido em 2016, o que fez toda a diferença.

 “Bandeira de Retalhos” foi exibida na Mostra de Tiradentes, festival de filmes independentes, e nunca estreou comercialmente. O diretor acabou lançando o filme por conta própria no YouTube, em maio de 2020, no começo da pandemia de covid-19.
Além do trabalho como cineasta, Sergio Ricardo ainda contribuiu com outros talentos para o cinema brasileiro. São dele as trilhas de clássicos como “Deus e o Diabo na Terra do Sol” (1964), “Terra em Transe” (1967) e “O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro” (1969), para citar só obras de Glauber Rocha, entre muitas outras colaborações.

 

Ele também foi ator, embora tenha desempenhado poucos papéis, como no clássico infantil “Pluft, o Fantasminha” (1962) e como narrador de “Terra em Transe”, além de aparecer em dois de seus filmes e ter estrelado a minissérie “Parabéns pra Você” em 1983, na rede Globo.

 

 

Perfil

 

Sérgio Ricardo fez carreira ao lado de grandes nomes da música brasileira, tendo ficado conhecido pela participação em festivais de música. Ele também dirigiu e atuou no cinema e na TV, além de ter feito trilhas sonoras.

Nascido em 18 de junho de 1932 em em Marília, interior de São Paulo, e batizado como João Lufti, Sérgio Ricardo começou a estudar música aos 8 anos no conservatório de música da cidade.

Mudou-se em 1950 para o Rio de Janeiro, onde iniciou a carreira profissional como pianista em casas noturnas. Foi nessa época que conheceu Tom Jobim e, pouco depois, começou a compor e cantar.

Em 1960, gravou o LP “A bossa romântica de Sérgio Ricardo”, lançado, com destaque para a canção “Pernas”. Fez sucesso também com músicas como “Zelão”, “Beto bom de bola” e “Ponto de partida”.

Festival de Bossa Nova em Nova York

Sérgio Ricardo quebra o violão, e depois o arremessa no público, após ser vaiado ao cantar a música ‘Beto Bom de Bola’, no Terceiro Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record de São Paulo, em 1967 — Foto: Estadão Conteúdo/Arquivo

Em 1962, participou do histórico Festival de Bossa Nova, no Carnegie Hall de Nova York (EUA), ao lado de Carlos Lyra, Tom Jobim, Roberto Menescal, João Gilberto e Sergio Mendes, entre outros.

No Terceiro Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record de São Paulo, em 1967, quebrou seu violão e jogou na plateia após ser vaiado pelo público, em uma cena que entrou pra história da década e é mostrada no documentário “Uma noite em 67” (2010).

 

Trabalhos na TV e no cinema

Na década de 50, havia feito testes para trabalhos de atuação e foi contratado pela TV Tupi, onde participou de novelas e programas musicais.

Anos mais tarde, dirigiu e atuou em filmes como “Êsse mundo é meu” (1964), “Juliana do amor perdido” (1970) e “A noite do espantalho” (1974).

Também compôs músicas para as trilhas sonoras de “Deus e o diabo na terra do Sol” e “Terra em transe”, grandes símbolos do cinema novo, dirigidos por Glauber Rocha.

Em 1968, escreveu o roteiro musical para a peça de Ariano Suassuna “O Auto da Compadecida”, levada ao cinema pelo diretor George Jonas.

Em 1991, publicou o livro “Quem Quebrou meu Violão”, um ensaio sobre a cultura brasileira desde os anos 1940. Também se dedicou a obras de poesia, entre elas o livro “Canção Calada”, lançado em 2019.

Sérgio Ricardo faleceu em 23 de julho de 2020, aos 88 anos, no Hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio de Janeiro.

Sérgio estava internado desde abril, quando contraiu Covid-19, e teve uma insuficiência cardíaca. A filha do músico, Adriana Lutfi, contou que ele tinha se curado do novo coronavírus, mas precisou permanecer no hospital.

(Fonte: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/07/23 – RIO DE JANEIRO / NOTÍCIA / Por G1 Rio – 23/07/2020)

(Fonte: https://www.msn.com/pt-br/cinema/noticias – ENTRETENIMENTO / CINEMA / NOTÍCIAS / PIPOCA MODERNA / Por  Marcel Plasse – 23/07/2020)

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