Primeiro contato oficial entre os lusos e os tupiniquins.

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O PRIMEIRO PORTUGUÊS A DESEMBARCAR OFICIALMENTE NO BRASIL
Nicolau Coelho, capitão e um dos heróis do Descobrimento do Brasil. Nicolau Coelho foi quem, na manhã de 23 de abril de 1500, manteve o primeiro contato com os nativos, no Sul da Bahia. Três anos antes, Coelho havia acompanhado Vasco da Gama em sua longa viagem para o Oriente e fora um dos descobridores do caminho marítimo para a Índia.
Na verdade, coubera a ele comunicar aquele extraordinário feito ao rei de Portugal, dom Manuel. Como Vasco da Gama permaneceu algumas semanas ancorado nos Açores, foi Nicolau Coelho quem desembarcou em Lisboa, em julho de 1499, com a notícia de que a Índia fora enfim “achada e descoberta”.
No dia 9 de março de 1500, oito meses depois de ter sido feito cavaleiro da Casa Real e de receber uma pensão vitalícia de 50 mil ducados, Nicolau Coelho partiu novamente para o mar. Foi escalado para ocupar um dos cargos de maior destaque na aramada de Cabral, enviada para a Índia com a missão de fundar um entreposto comercial e desafiar a supremacia árabe no Oceano Índico.
No entardecer de 22 de abril, a frota de Cabral avistou o Brasil. Na manhã do dia seguinte, a bordo de um pequeno escaler, acompanhado por outros três homens, Nicolau Coelho zarpou em direção a terra. As 13 naus e caravelas que compunham a frota de Cabral estavam ancoradas a 3 quilômetros da costa e a 19 metros de profundidade, em frente à foz do atual Rio Caí, 65 quilômetros ao sul de Porto Seguro. Foi ali que Nicolau Coelho deparou com “cerca de 18 ou 20” nativos – desnudos, pardos, desconfiados, armados. O barulho do mar impediu que portugueses e indígenas pudessem travar qualquer diálogo. Mas Coelho conseguiu trocar um gorro por um cocar de penas e um colar de búzios. Foi o primeiro contato oficial entre os lusos e os tupiniquins.
Dois dias mais tarde, sábado 25 de abril de 1500, quando os portugueses enfim desembarcaram, o primeiro homem a colocar o pé em terra foi novamente Nicolau Coelho. Naquele momento, ele estava acompanhado por outro herói dos descobrimentos: o grande Bartolomeu Dias. E, como Dias, Nicolau Coelho – o primeiro português a desembarcar oficialmente no Brasil – também estava destinado a morrer no mar.
AUDÁCIA E ALEGRIA
Dos 1 500 homens que tomaram parte na viagem de Pedro Álvares Cabral para o Brasil e a Índia, apenas 500 sobreviveram. O capitão Nicolau Coelho estava entre eles. Ele retornou a Lisboa em julho de 1501. Seis meses depois, partiu outra vez para a Índia – sua terceira viagem de volta para Portugal, em novembro de 1504, que Nicolau Coelho sucumbiu em um naufrágio.
BRASÃO SEM PODER
Embora fosse uma das figuras mais importantes a bordo da esquadra de Cabral, Nicolau Coelho era o quinto em comando. Além do comandante-geral, o próprio Cabral, estavam acima de Coelho o vice-comandante Sancho de Tovar e os fidalgos da Casa Real Simão de Miranda de Azevedo e Aires Gomes da Silva. Nenhum deles jamais havia navegado pelo Atlântico. Todos haviam sido escolhidos para seus cargos em função de boas relações na corte. Embora tivesse ganho o direito de possuir um brasão – como prêmio pela ajuda que prestara a Gama no descobrimento do caminho para as Índias -, Nicolau Coelho era de origem plebéia e morreu sem jamais ter ocupado o posto de comandante de uma armada portuguesa.

(Fonte: Revista ÉPOCA – ANO II – N.º 62 – Eduardo Bueno 500 ANOS – Editora Globo – 26 de julho de 1999 –Pág. 78)

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