Monarco, considerado um dos maiores compositores e cantores populares do Brasil, ícone de uma das principais escolas de samba do mundo, a Portela, qual ele era presidente de honra

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Mestre Monarco

 

Monarco, guardião do passado glorioso da Portela, deixa obra pautada pela nobreza do samba

 

Compositor de sucessos de Zeca Pagodinho e Martinho da Vila, o bamba carioca lega cancioneiro que conjugou lirismo, fidalguia e coloquialidade.

 

 

Hildemar Diniz (Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1933 — Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 2021), cantor e compositor carioca, conhecido popularmente como Monarco, foi um guardião do passado de glória da escola de samba Portela, tradicional agremiação carnavalesca da cidade do Rio de Janeiro (RJ).

 

Considerado um dos maiores compositores e cantores populares do Brasil, Monarco era ícone de uma das principais escolas de samba do mundo, a Portela, qual ele era presidente de honra.

 

O baluarte foi um grande poeta de uma das escolas de samba mais tradicionais do Rio de Janeiro. Entrou para a ala de compositores com apenas com 17 anos, em 1950, dando início a uma caminhada longa no mundo do samba.

 

Mestre Monarco nasceu em Cavalcante, na Zona Norte e ainda criança foi morar em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. Mais tarde voltou a capital, para Oswaldo Cruz, bairro que é um dos berços da Portela. Ele liderava a velha-guarda da escola desde 1995 após a morte do compositor Manaceia. Em 1960 entrou para a Unidos do Jacarezinho, mas voltou para a azul e branco em 1969. Em 1970 gravou o álbum “Portela, passado de glória”, obra que contou com a produção de Paulinho da Viola.

O baluarte compôs obras que marcaram a cultura carioca como “Nunca vi você tão triste”; “Passado de glória”; “Portela desde criança” e o grande sucesso “Vai vadiar”, todas conhecidas por dar o ritmo de rodas de samba em todo o país. Seu último disco foi lançado em 2018 e participou de documentários como Candeia e Mistérios do Samba, que conta a história da velha-guarda da Portela.

 

Ainda jovem chegou a ser perseguido pela polícia por ser parte do movimento dos sambistas.

 

Monarco simbolizava o que há de mais genuíno na cultura nacional. Prodígio, aos 17 anos já fazia parte da ala dos compositores da Majestade do Samba, como é conhecida a escola. Suas composições, além de vitoriosas na Marquês do Sapucaí, eram delicadas e incisivas, contando histórias de um povo sofrido do Rio de Janeiro e do País, por meio de suas composições e interpretações incomparáveis.

Monarco era o último remanescente da formação clássica da Velha Guarda da Portela, agregada em grupo por Paulinho da Viola em 1970. Presidente de honra da Portela, Monarco se eternizando como um dos símbolos mais nobres da escola.

 

Integrante da ala de compositores da Portela desde 1955, ano da criação do coletivo de autores da escola, Monarco deixa obra que extrapola o universo azul e branco da agremiação situada na fronteira entre os bairros cariocas de Madureira e Oswaldo Cruz, onde passou a residir aos dez anos de idade, vindo do município fluminense de Nova Iguaçu (RJ).

A discografia solo do cantor e compositor compreende seis álbuns relevantes. O primeiro álbum solo, Monarco, foi lançado em 1976, no rastro do sucesso obtido em 1973 pela gravação de Tudo menos amor – samba composto Monarco em parceria com Walter Rosa – por Martinho da Vila. O estouro de Tudo menos amor abriu as portas do mercado fonográfico para Monarco, que lançou em 1980 e o segundo álbum, Terreiro, e na sequência gravou disco para o Japão com músicas inéditas.

O derradeiro disco solo, Monarco de todos os tempos, apresentou em 2018 bela safra autoral de músicas inéditas. Muitas versavam sobre flores, o que legitimou a lembrança de Obrigado pelas flores (Monarco e Manacéa, 1979), samba lançado na voz de Beth Carvalho (1946 – 2019), cantora que, no álbum De pé no chão (1978), regravara Lenço (1976), obra-prima da parceria de Monarco com outro bamba portelense, Francisco Santana (1911 – 1988), o Chico Santana.

Com Paulo da Portela (1901 – 1949), Monarco assinou O quitandeiro e Linda borboleta, sambas lançados em discos em 1976 e 1978, respectivamente, décadas depois de terem sido compostos e apresentados na Portela.
Parceiro de diversos outros bambas do samba, Monarco deixa dois grandes sucessos compostos com Alcino Correia Ferreira (1948 – 2010), o Ratinho. Os sambas Coração em desalinho (1986) e Vai vadiar (1998) foram popularizados na voz de Zeca Pagodinho, admirador assumido de Monarco, compositor que Zeca sempre reverenciou como um mestre, assim como também fizeram Marisa Monte, Martinho da Vila e Paulinho da Viola.
Sozinho, Monarco compôs Proposta amorosa (1975), música apresentada em disco pelo cantor Roberto Ribeiro (1940 – 1996).
Baluarte do samba e cantor de notórios dotes, Monarco deixa obra majestosa, pautada pela elegância e pela fidalguia, sem perda da coloquialidade.

Monarco faleceu aos 88 anos, vítima de complicações decorrentes de cirurgia no intestino, Monarco virou constelação e foi morar no infinito – e a Portela chora a morte do poeta, criador de letras líricas, e do melodista de estirpe nobre. Contudo, é injusto restringir a obra de Monarco à Portela, escola na qual despontou em 1952 com o samba O passado da Portela, de criação solitária.

Ele estava internado desde o dia 21 de outubro no Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá.

(Fonte: GAÚCHAZH – ANO 58 – N° 20.203 – 13 DE DEZEMBRO DE 2021 – MEMÓRIA / TRIBUTO – Pág: 23)

(Fonte: https://istoe.com.br – EDIÇÃO Nº 2708 – SEMANAL / por Fernando Lavieri – 12/12/21)

(Fonte: https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2021/12 – O DIA – RIO DE JANEIRO – 11/12/2021)

(Fonte: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2021/12/11 – POP & ARTE / MÚSICA / Por Mauro Ferreira – 11/12/2021)

Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em ‘O Globo’ e ‘Bizz’.

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