Luiz Felipe Lampreia, sociólogo e diplomata, foi ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique Cardoso

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Sociólogo foi ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique

O embaixador Luiz Felipe Lampreia - (Foto: André Teixeira / Agência O Globo / 18-5-2007)

O embaixador Luiz Felipe Lampreia – (Foto: André Teixeira / Agência O Globo / 18-5-2007)

Luiz Felipe Lampreia (Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1941 – Rio de Janeiro, 2 de fevereiro de 2016), sociólogo e diplomata, foi ministro das Relações Exteriores do governo Fernando Henrique Cardoso entre janeiro de 1995 e janeiro de 2001.

A objetividade e o pragmatismo sempre foram marcantes no embaixador. Quando era ministro das Relações Exteriores no governo Fernando Henrique Cardoso, Lampreia não gostava de conversas longas. Costumava resolver tudo em menos de meia hora, enquanto ouvia cantos gregorianos em seu gabinete.

Nascido no Rio de Janeiro em 19 de outubro de 1941, Luiz Felipe Palmeira Lampreia ingressou no Instituto Rio Branco em 1962, mesmo ano em que concluiu o curso de Sociologia na PUC do Rio de Janeiro. Além de ministro, ele desempenhou também as funções de secretário-geral do Itamaraty, subsecretário de Assuntos Políticos Bilaterais, representante permanente do Brasil junto a organismos internacionais em Genebra, embaixador em Lisboa e em Paramaribo, capital do Suriname, e porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores do governo Fernando Henrique Cardoso (Foto: Marcos D'Paula/Estadão Conteúdo)

Luiz Felipe Lampreia, ex-ministro das Relações Exteriores do governo Fernando Henrique Cardoso (Foto: Marcos D’Paula/Estadão Conteúdo)

Serviu em Portugal, Paramaribo, no Suriname, e Genebra, na Suíça — como representante do Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC), até ser convidado por Fernando Henrique Cardoso a assumir a pasta das Relações Exteriores, na qual permaneceu de 1995 a 2001.

Crítico ao governo do PT, Lampreia escreveu artigos contra a entrada da Venezuela no Mercosul e os passos dados pelo seu sucessor, Celso Amorim, no Itamaraty. Um deles foi o fim das negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Apesar das divergências, Lampreia sempre teve o Estado como prioridade. Assim, há cerca de um mês, assinou, junto com mais 40 embaixadores aposentados de todas as tendências políticas, um manifesto em favor do governo brasileiro no impasse com Israel. As autoridades israelenses tornaram público o nome do líder de assentamentos em territórios palestinos, Dani Dayan, para ser embaixador em Brasília, antes mesmo da concessão do agrément, ou seja, da autorização do Brasil.

Mesmo aposentado, Lampreia nunca parou. Mantinha um blog no GLOBO, escrevia artigos e participava de debates e entrevistas sobre política externa com frequência. Era vinculado ao Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e presidente do Conselho de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Bastante respeitado entre colegas e representantes da classe produtiva brasileira, o diplomata também fazia parte de conselhos de instituições e empresas nacionais e estrangeiras. São exemplos a Partex Oil and Gas, a Souza Cruz, a Coca-Cola e o banco português Caixa Geral de Depósitos.

Luiz Felipe Lampreia morreu, aos 74 anos, em 2 de fevereiro de 2016, após uma parada cardíaca durante a manhã, um mês depois de ter alta do Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro. Ele havia sido internado para tratar um tumor de pulmão.

COLEGAS E AUTORIDADES LAMENTAM

O ex-ministro de Relações Exteriores do governo Lula, Celso Amorim, lamentou a morte do também ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia. Amorim divulgou uma nota de pesar:

“Com tristeza tomei conhecimento do falecimento do Ministro Luiz Felipe Lampreia, a quem sempre tive em alta consideração como profissional e colega. Lampreia e eu mantínhamos relação de respeito e lealdade recíprocos, nas várias posições que ocupamos, independentemente de nossas eventuais diferenças políticas. Recentemente, tive o prazer de ver seu nome em um abaixo assinado, que eu só viria a firmar mais tarde, sobre a questão do pedido de agrément do embaixador israelense. Sucedi Luiz Felipe Lampreia como embaixador em Genebra (inclusive no sistema GATT/OMC), secretário-geral e ministro das relações exteriores (e vice-versa). Posso dar testemunho da elevada reputação de que gozava entre seus pares de outros países”.

O Ministério das Relações Exteriores também lamentou a morte de Lampreia: “É com imenso pesar que o Ministério das Relações Exteriores registra o falecimento, no Rio de Janeiro, em 2 de fevereiro, do Embaixador Luiz Felipe Lampreia, que foi Ministro das Relações Exteriores de 1995 a 2001 (…) Os funcionários do Ministério que, no Brasil e no exterior, sempre admiraram as qualidades pessoais e profissionais do Embaixador Luiz Felipe Lampreia, unem-se no sentimento de perda e dor pela partida prematura do ex-Chefe, colega e amigo, e transmitem aos seus familiares os seus mais sentidos pêsames e a certeza de que a sua memória e o seu o exemplo continuarão presentes no Itamaraty, guiando-os no serviço ao País, a que o Embaixador Lampreia tanto se dedicou”, diz trecho da nota.

A presidente Dilma Rousseff também se manifestou, em nota, sobre a morte do diplomata: “Recebi com profunda tristeza a notícia do falecimento do Embaixador Luiz Felipe Lampreia, ex-Ministro das Relações Exteriores. Lampreia foi embaixador do Brasil em Lisboa e representante permanente do Brasil junto aos organismos internacionais sediados em Genebra. Neste momento de grande pesar, transmito minhas condolências aos familiares e amigos do ex-ministro, recordando sua contribuição para o Brasil, ao longo de quase quatro décadas de trabalho dedicado ao serviço público”.

“Era um grande diplomata, um colega e um amigo. E até mesmo um correligionário botafoguense”, afirmou Luiz Augusto de Castro Neves, ex-embaixador do Brasil no Paraguai, China e Japão. Castro Neves ressaltou a contribuição de Lampreia para os estudos das relações internacionais no Brasil pela criação do Conselho Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri).

José Botafogo Gonçalves, ex-ministro de Indústria e Comércio e ex-embaixador do Brasil na Argentina, disse que Lampreia representa a diplomacia que não se sujeita a interesses partidários.

“Ainda que servindo a um governo, na verdade ele sempre teve em linha os interesses permanentes do Brasil, ao contrário do que se sucedeu na política externa brasileira, quando a diplomacia brasileira ficou refém de um partido”, afirmou Gonçalves. “Tinha com ele uma grande amizade, respeito, carinho. É uma perda muito grande para a diplomacia brasileira e para a intelectualidade. Ele dedicou sua vida à diplomacia”, declarou.

Rubens Barbosa, que foi embaixador do Brasil em Londres e em Washington, disse que Luiz Felipe Lampreia ajudou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso a projetar o Brasil no cenário internacional.

“Foi um funcionário exemplar, dedicado inteiramente à política externa e ao Itamaraty. Todos nós perdemos um amigo e um grande diplomata”.

Luiz Felipe Lampreia ingressou no Instituto Rio Branco em 1962. Foi Ministro das Relações Exteriores, Secretário-Geral do Itamaraty, e embaixador em Portugal, Suriname e representante permanente do Brasil junto a Organismos Internacionais em Genebra.

(Fonte: http://oglobo.globo.com/brasil -18591276 – BRASIL – POR O GLOBO – BRASÍLIA — 02/02/2016)

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