Jacques Attali, foi por dez anos conselheiro do presidente francês François Mitterrand (1916-1996), fundou o Banco Europeu pela Reconstrução e Desenvolvimento e a PlaNet Finance, ONG de captação de microcréditos para países pobres

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Jacques Attali (Argel, Argélia, 1º de novembro de 1943), economista francês, judeu franco-argelino, foi por dez anos – de maio de 1981 a abril de 1991 -, conselheiro do presidente francês François Mitterrand (1916-1996), com apenas 27 anos, fundou e foi o primeiro presidente do Banco Europeu pela Reconstrução e Desenvolvimento (Berd) e a PlaNet Finance, ONG de captação de microcréditos para países pobres, e presidiu a ACA, escritório especializado em consultoria para governos de países em desenvolvimento da África, Ásia, Europa do Leste e América Latina.

Oriundo de uma família judia, é doutorado em ciências econômicas e licenciado pela École Polytechnique (major de promotion), da École des Mines, do Institut d’Etudes Politiques de Paris e da ENA.

Polivalente, é um dos maiores e mais respeitados intelectuais da França, entre seus mais de trinta livros há ensaios, biografias, romances e até uma peça em parceria com o ator Gérard Depardieu.

É autor de relevante e célebre obra em que aborda a tese em “Os Judeus, o Dinheiro e o Mundo”, numa visão sem preconceitos da relação dos judeus com o dinheiro, os fundadores da religião monoteísta – foram também os pioneiros do espírito capitalista, pela ambição de abarcar, de Abraão a Ariel Sharon.

Quando as capitais do mundo eram Babilônia ou Alexandria, lá estavam eles inventando o cheque, aletra de câmbio e outras técnicas de lastrear o esplendor. Sem o financiamento dos judeus conversos, Colombo não teria descoberto a América. Sem o apoio dos banqueiros Rothschild, tesoureiros da “Santa Aliança”, Napoleão Bonaparte possivelmente não teria sido derrotado.

Emprestar, mesmo que a juros elevadíssimos, era o passaporte para a tolerância: reis precisavam dos judeus para pagar suas guerras; comerciantes dependiam de seus créditos. O que nunca impediu, entretanto, violentas ondas de anti-semitismo nessa clientela. Em Alexandria elas eram endêmicas. Os reis espanhóis Fernando e Isabel, mais ela que ele, instigada pelo seu confessor dominicano, Torquemada, retribuíram a generosa contribuição de Isaac Abravanel, que lhes permitiu reconquistar Granada dos muçulmanos em 1492, com um decreto oferecendo aos judeus a conversão forçada ou a expulsão.

Nessa eterna convivência de soslaio, a era de ouro para os judeus foi sob as asas do Islã. Os judeus jamais conheceram melhor lugar para residir que esse Islã do século VIII. Os de Damasco receberam os muçulmanos como libertadores. O califa Omar confiou-lhes a coleta de impostos e contou com a ajuda de guerreiros judeus para conquistar Alexandria.

O califa Harun al-Rachid (763 d.C.-809 d.C.), o das “Mil e Uma Noites”, cercou-se de conselheiros judeus, enviando um deles como seu embaixador junto a Carlos Magno. Pode não estar no Corão, mas está na Bíblia: abominável é a pobreza, o juro é sinal da fertilidade da riqueza. Essa saudável perspectiva vem desde Salomão, o mesmo do Cântico dos Cânticos, que, ao inaugurar seu célebre Templo no século X a.C., inaugurava também um sistema de taxação e o primeiro banco com caixa-forte da história.

(Fonte: Veja, 19 de novembro de 2003 – ANO 36 – Nº 46 – Edição 1829 – Veja Essa/ Por Marilia Pacheco Fiorillo – Pág: 112/113/114)

 

 

 

 

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