Gustave Kobbé, tornou-se um dos mais conhecidos escritores sobre óperas nos Estados Unidos.

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Gustave Kobbé (Nova York, 4 de março de 1857 – 27 de julho de 1918), é autor de obra definitiva sobre o canto lírico (The Complete Opera Book), uma das melhores e mais bem organizadas enciclopédias do gênero e que, desde 1954, vem sendo enriquecida pelo conde de Harewood, um dos mais notáveis críticos musicais britânicos.

Kobbé nasceu em Nova York em março de 1857, fez seus estudos musicais em sua cidade natal e depois em Wiesbaden, e tornou-se um dos mais conhecidos escritores sobre óperas nos Estados Unidos, tendo inclusive sido enviado a Bayreuth em 1882 pelo New York World para assistir à estreia do Parsifal, última ópera de Richard Wagner.

Kobbé estava prestes a concluir seu livro, cerca de uma centena de resumos e análises musicais de diferentes óperas, quando morreu tragicamente em julho de 1918 num acidente com seu barco a vela.

TRABALHO NOTÁVEL – O original de Kobbé refletia o repertório de seu tempo, particularmente o do Metropolitan Opera sob a direção de Gatti-Casazza, muito rico em Richard Wagner e Puccini, mas pobre em Mozart e até em Verdi.

Assim, apenas duas óperas mozarteanas foram comentadas por Kobbé, Don Giovanni e A Flauta Mágica, e mesmo assim em súmulas que pediam revisão.

O autor não dedicou nenhuma linha a obras-primas como Cosi Fan Tutti e Bodas de Fígaro, para ficar só nas óperas compostas em italiano, sobre versos de Lorenzo da Ponte – o genial libretista do Don Giovanni. Em matéria de Verdi, Kobbé ficou no Ernani, Rigoletto, O Trovador, La Traviata, Baile de Máscaras e Aida, esquecendo-se do Nabucco, do Macbeth, do Simon Boccanegra, da Força do Destino, do Don Carlos, do Otello e do Falstaff.

Como se observa, o título O Livro Completo da Ópera sugere uma listagem exaustiva que tornaria a obra inadministrável, já que desde 1600 foram compostas dezenas de milhares de óperas, a maioria delas relegada ao esquecimento.

O mérito de Kobbé foi iniciá-lo e conceber sua estrutura.

EPOPEIA LÍRICA – Méritos para Kobbé, pois organizar uma enciclopédia sobre óperas é uma questão mais complicada. A sequência em ordem alfabética é útil para consultas isoladas, mas aproxima obras sem nenhuma afinidade estética, como Aida, de Verdi, e Alceste, de Gluck.

A organização do Kobbé permite que o livro se preste tanto a consultas específicas quanto a uma leitura contínua, esta última servindo como um curso sobre história da ópera.

A técnica consiste em dividir o livro antes de 1800, o século XIX e o século XX; dentro de cada parte, aglomerar capítulos sobre a ópera em cada país, destacando capítulos especiais para compositores especialmente influentes, como Wagner e Verdi, e subdividindo a obra de cada compositor em ordem cronológica, para que se tenha uma noção de sua evolução estética. De fato, o mérito do Kobbé é que ele pode ser lido com uma epopeia do gênero lírico e não apenas consultado como um dicionário de verbetes.

(Fonte: Veja, 17 de julho de 1991 – Ano 24 – N° 29 – Edição 1191 – LIVROS/ Por Mário Henrique Simonsen – Pág: 90/91)

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