Groucho Marx, pseudônimo de Julius Henry Marx, foi um comediante e ator americano

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Groucho Marx (Nova York, 2 de outubro de 1890 – Los Angeles, 19 de agosto de 1977), pseudônimo de Julius Henry Marx, foi um comediante e ator americano

No último dos catorze filmes em que atuou – “Skidoo Se Faz a Dois”, dirigido por Otto Preminger em 1969 -, interpretava um gangster chamado Deus. Seria apenas mais uma irreverência de quem, na tela como na vida, caracterizou-se sempre pelo inesperado, pela inteligência e pelo humor de tudo o que disse ou fez em público. Fora das câmaras, porém, quem prevalecia era um Groucho Marx dotado da perseverança dos que desde muito cedo aprendem a lutar pela sobrevivência.

 

Filho de um alfaiate que jamais usava a fita métrica (“Era fácil reconhecer os fregueses de papi na vizinhança: todos usavam uma perna mais curta ou uma manga mais comprida que a outra”, recordava-se ele), Groucho preferiu seguir o rumo que lhe indicava a família da mãe – o avô era mágico e ventríloquo, a avó tocava harpa. A mesma e forte influência, na verdade, inclinaria para o teatro de comédia – e mais tarde para o cinema – todos os cinco filhos do casal Sam e Minna Schoenberg Marx.

 

Ainda adolescentes, assim, viajariam pelo interior dos Estados UNidos, montando espetáculos burlescos, os Irmãos Marx: Leonard (Chico), Arthur (Harpo, pseudônimo tirado da harpa da avó materna), Julius (Groucho), Milton (Gummo) e Herbert (Zeppo, agora o último sobrevivente).

 

Gummo, que morreu em abril de 1977, não participaria da carreira cinematográfica dos quatro irmãos, iniciada em 1929, quando assinaram contrato com a Paramount. Ali, eles encenariam uma série de comédias ainda hoje considerada excepcional: “No Hotel da Fuzarca”, “Os Galhofeiros”, “Batutas Burlescos”, “Os Gênios da Pelota” e “O Diabo a Quatro”. Foi depois de reduzidos a três, no entanto, com o afastamento de Zeppo, que os Irmãos Marx alcançaram os mais entusiasmados e duradouros elogios dos críticos e dos frequentadores de cinema. Dessa fase, encerrada em 1950, constam clássicos da grandeza de “Uma Noite na Ópera”, “Um Dia nas Corridas” e “Uma Noite em Casablanca”.

 

O último desses, aliás, provocaria uma das mais comentadas piadas paralelas de Groucho. Pouco antes, fora  lançado, com enorme sucesso, o filme “Casablanca”, da Warner Brothers.  E “Uma Noite na Ópera” foi então acusado de invadir um terreno já ocupado. Ameaçado de processo pelos Irmãos Warner, Groucho escreveu-lhes afirmando que nõa podiam reclamar a propriedade da cidade africana de Casablanca e, ironicamente conciliador, assegurava-lhes que dificilmente alguém confundiria a estrela de “Casablanca”, Ingrid Bergman, com a estrela de “Uma Noite…” – ele próprio.

 

Mais adiante, Groucho negava aos Warner Brothers a primazia na utilização do vocábulo Irmãos Warner – pois antes deles houvera os Marx e, antes ainda, os Karamázovi. Mais curioso de tudo foi que a Warner levou a sério a argumentação de Groucho, encarregando seu departamento jurídico de estudar o caso – que afinal deu em nada.

 

Só na velhice, entretanto, Groucho começaria a ouvir elogios ao seu humor literário, reunido em uma dezena de livros, como “Many Happy Returns” (onde ele ensinava a burlar o fisco) e “Memoirs of a Mangy Lover” (uma história humorística do amor). A literatura, o cinema, o teatro, além do temperamento expansivo – tudo issorendeu a Groucho Marx uma longa notoriedade nos meios artísticos americanos.

 

E a televisão, que reproduz seus filmes em todos os cantos do mundo, ampliaria ainda mais a extensão de seu nome e de sua figura, durante os dez anos, a partir de 1947, em que animou o programa “You and Your Life”, também este frequentemente reprisado em outros países. Junto com o renome, a variada atividade permitiu que Groucho acumulasse uma fantástica fortuna. Em 1969, por exemplo, quando se divorciou de sua terceira mulher – alegando que ela era péssima cozinheira -, teve de se comprometer a pagar-lhe 210 000 dólares mensais, durante sete anos, como pensão alimentar, mais 337 000 dólares como parte de seus contratos na televisão e metade do que fosse obtido na venda da mansão do casal, avaliada em 250 000 dólares.

 

Em torno dessa fortuna, nos últimos meses de vida de Groucho, armou-se uma acirrada disputa judicial. Um de seus três filhos, Arthur, contratou um detetive particular para investigar o tratamento que lhe dispensava a bela Erin Fleming, de 34 anos, secretária, enfermeira e última mulher na vida de Groucho.

Segundo apurou o detetive, Erin conduzia os negócios de Groucho de maneira que ela acabasse herdando seus bens. Por sua vez, Erin garantia que seu desvelo não tinha outro interesse senão o de amparar um homem velho e abandonado pelos parentes. A decisão judicial, por fim, beneficiou Andrew, um neto de Groucho. Nesse tempo, todavia, o grande comediante já quase nada percebia do que se passava à sua volta. Como disse em 1976, na festa de seu 85.º aniversário, sentia-se “perfeitamente bem de saúde – salvo mentalmente”.

Groucho faleceu em Los Angeles, dia 19 de agosto de 1977, depois de dois meses hospitalizado, com pneumonia, aos 86 anos.

(Fonte: Veja, 24 de agosto de 1977 – Edição 468 – DATAS – Pág: 91)

 

 

 

 

Memórias de Um Amante Desastrado

(Fonte: Veja, 12 de dezembro de 1990 – Ano 23 – Nº 49 – Edição 1160 – LIVROS – Pág: 107)

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