Golda Meir, ex-primeira-ministra de Israel. Foi embaixadora de seu país em Moscou

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Golda: uma história que se confunde com a de Israel

A morte da ex-primeira-ministro marca o fim de uma geração de líderes israelenses

3 de maio de 1898 – Nascimento, em Kiev, Ucrânia, de Golda Meir, ex-primeira-ministra de Israel, falecida em Jerusalém em 8 de dezembro de 1978.

Golda Meir (Kiev, Ucrânia, 3 de maio de 1898 -– Jerusalém, 8 de dezembro de 1978), ex-primeira-ministra de Israel. Teve um papel fundamental na implantação e na consolidação do Estado de Israel. Foi embaixadora de seu país em Moscou, ministro do Trabalho, ministro das Relações Exteriores, secretária geral do Partido Trabalhista e, finalmente, chefe de governo.

“UM PESO” – Golda Meir praticamente se afastara da política em 1974, quando deixou o cargo de primeiro-ministro. Desde que chegara à Palestina, em 1919, junto com milhares de outros pioneiros sionistas, ela fora embaixadora de seu país em Moscou, ministro do Trabalho, ministro das Relações Exteriores, secretária geral do Partido Trabalhista e, finalmente, chefe de governo. Em 1974, ao renunciar ao cargo em meio a mais uma das tantas crises que Israel atravessou nesses anos todos, a senhora Meir parecia afinal cansada. “Eu atingi o fim do caminho”, disse então durante um discurso. “Este é um peso que não quero mais carregar.”

Na verdade, ela já estava se considerando aposentada, “devido à idade e à saúde”, em 1969, quando foi chamada para assumir o governo, em função da morte do então primeiro-ministro Levi Eshkol (1895-1969). Seu nome parecia, então, o único capaz de arrancar o país do impasse político em que se encontrava e a indicação foi aprovada pelo Comitê Central do Partido Trabalhista por 70 votos a favor e nenhum contra. Da parte dos religiosos ortodoxos de todo o país, no entanto, não deixou de haver espanto. A designação de uma mulher parecia-lhes um desafio às leis divinas. Principalmente no caso de Golda, uma judia que não era religiosa nem praticante. “Eu acredito em Deus”, explicara certa vez. “Mas acho que há certas coisas que só eu mesma posso fazer.” Entre essas coisas estava o governo de um país sob constante ameaça de guerra – tarefa sem dúvida das mais pesadas, mesmo para uma senhora que, aos 75 anos, já provara sua firmeza sob as mais variadas circunstâncias.

TÁBUAS NAS PORTAS – Na verdade, os 80 anos de vida de Golda Meir, nascida Mabovitch, foram um exercício de tenacidade. Ela apontava como sua lembrança mais antiga uma cena de infância ocorrida na Rússia, onde nasceu: seu pai pregando tábuas em portas e janelas para defender a família dos cossacos, diante de rumores de que ocorreria um pogrom. Quando Golda tinha 7 anos, a família Mabovitch trocou a Rússia pelos Estados Unidos, mais precisamente pela cidade de Milwaukee, Wisconsin. Foi lá que, com 14 anos de idade, Goldie, como era chamada, iniciou-se na militância sionista.

Ela fazia discursos e organizava quermesses para angariar fundos para o movimento. E, com 15 anos, saiu de casa porque sua mãe a impedia de continuar os estudos. Golda trbalhava durante o dia numa lavanderia, para pagar o aluguel de um quarto, e, à noite, participava de intermináveis reuniões políticas. Foi nessa época que encontrou pela primeira vez David Ben Gurion (1886-1973), mais tarde fundador de Israel, que viajara aos Estados Unidos para convidar jovens sionistas a mudaram-se para a Palestina. Foi também nessa época que Golda conheceu o estudante Morris Meyerson, com quem se casaria em 1917.

VESTIDA COMO ÁRABE – De Morris, Golda exigiu, como presente de casamento, que ele concordasse em partir com ela para a Palestina. O noivo disse sim – e estava dado um fundamental passo na vida da futura primeiro-ministro. Golda estava com 21 anos quando desembarcou na Palestina com uma mala, 50 dólares no bolso e a determinação de empenhar todo seu esforço para a criação de um Estado judeu. Se a viagem já fora cheia de dificuldades, o começo de vida no Oriente Médio seria um desastre. A Palestina não era uma terra vazia como proclamava a propaganda sionista. Os árabes não viam com bons olhos as levas de judeus recém-chegados. E as condições de vida no kibutz de Merhavia, onde o casal foi morar, estavam longe do razoável.

Nada disso abalou a perseverança da senhora Meyerson, que mais tarde, já separada do marido, mudaria seu nome para Meir. Em Merhavia, ela trabalhava na lavoura, criava galinhas e cuidava de crianças. Nos anos seguintes, quando começou a atuar no movimento sindical, canalizou a mesma energia para a vida política. Sua capacidade em angariar verbas para a causa sionista era insuperável. Apenas em uma viagem aos Estados Unidos, pouco antes da fundação do Estado de Israel, ela levantou 50 milhões de dólares, que seriam usados para a compra de armas pelo novo país. Golda viajava por todo o mundo defendendo a causa sionista. E, em 1946, teve um lance de coragem que se tornou lendário. Vestida como uma mulher árabe, enfrentou perigos variados para encontrar-se, uma noite, com o rei Abdullah, da Transjordânia, avô do rei Hussein da Jordânia. Corre a versão de que ela conseguiu convencê-lo a aceitar a existência de um Estado judeu na Palestina, motivo pelo qual Abdullah teria sido depois morto pelos próprios árabes, em Jerusalém.

“SÓ BOAS INTENÇÕES” – Episódios como este poderiam ter levado a um papel de heroína. Mas Golda Meir era simples demais para isso. Mesmo como primeiro-ministro, não hesitava, às vezes, em confessar candidamente sua ignorância sobre determinados assuntos. Também foi sempre extremamente pragmática. Sabia ser ferina com os inimigos políticos e pontilhava quase todos seus discursos com tiradas de humor. Há quem a tenha considerado “uma grande cabeça política”, como é o caso do ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger. Mas também não falta quem afirme, como o chanceler austríaco Bruno Kreisky (1911-1990) – seu inimigo desde que Kreisky tomou medidas contra a passagem pela Áustria de judeus que emigravam da União Soviética para Israel -, que Golda Meir foi “apenas uma pobre mulher cheia de boas intenções”.

Com os árabes, em todo o caso, Golda era inclemente. Para ela, os palestinos não existiam, eram “uma invenção do inimigo”. Seu governo também se caracterizou por defender a manutenção dos territórios árabes anexados por Israel e por uma política de incentivo à imigração de judeus para Israel. Os próprios israelenses, contudo, não viam a senhora Meir exatamente como uma belicista. Ela era antes um típico exemplar de mãe judia e administrava o país como se as questões de Estado não passassem de assunto de família. Eram frequentes as reuniões de gabinete na cozinha de sua casa enquanto os ministros tomavam xícaras de café.

Golda gostava de preparar pessoalmente sua refeição da manhã e dispensava qualquer tipo de privilégio. Defendia um estilo de vida frugal e, neste sentido, funcionava até certo ponto como um símbolo da velha geração dos fundadores do Estado de Israel, apegados a seu socialismo idealista. Em seu discurso de renúncia, em 1974, Golda Meir mostrou-se desgostosa com o “comportamento materialista” de seu povo. Disse que os ideais sionistas haviam sido traídos. Ela não via motivos, por exemplo, para considerar a chegada do vigésimo milésimo automóvel Mercedes-Benz importado um indício de progresso, como faziam então muitos israelenses. Golda sentia que seu país avançava em direções que ela não previra. “Às vezes digo a mim mesma que este não é mais o meu mundo, não é mais minha geração. Quantos dos nossos sobraram? Muito poucos …”

No dia 29 de novembro de 1978, numa quarta-feira, a ex-primeiro-ministro de Israel, Golda Meir, de 80 anos, fez um pedido aos médicos do Hospital Hadassa, de Jerusalém, onde estava internada para tratamento de um tipo de leucemia. Golda queria que os boletins sobre seu estado de saúde, fornecidos diariamente à imprensa, fossem suspensos. E justificava: “Não sou mais ninguém, apenas uma pobre velha doente. Não quero que se fale mais de mim”. O apelo foi atendido mas nem por isso os israelenses deixaram de se interessar por ela.

Sua morte era esperada para qualquer momento, e já havia mesmo algumas providências tomadas para as homenagens fúnebres. Embora sem provocar surpresa, porém, o desaparecimento de Golda acabou pegando os israelenses desprevenidos. Golda Meir morreu às 16h30 de sexta-feira, dia 8 de dezembro de 1978, quando Jerusalém, sob a chuva, se recolhia para o shabat. Não havia quase ninguém nas ruas. E mesmo o primeiro-ministro Menahem Begin estava fora do país – ele viajara para Oslo, na Noruega, a fim de receber o Prêmio Nobel da Paz, no dia 10 de dezembro. Uma morte discreta: com Golda, no hospital, havia apenas dois familiares. Bem ao contrário da movimentadíssima vida dessa mulher que tev um papel fundamental na implantação do Estado de Israel.
(Fonte: Correio do Povo – ANO 117 – Nº 216 -– Cronologia -– 3 de maio de 2012)
(Fonte: Veja, 13 de dezembro de 1978 –- Edição 536 –- ISRAEL -– Pág; 44/45)

 

14 de maio de 1948 – David Ben Gurión proclama a independência do Estado de Israel, em Tel Aviv, ao concluir o mandato britânico na Palestina. Durante a noite, tropas árabes atacam o novo Estado.
(Fonte: www.correiodopovo.com.br – ANO 117 – Nº 227 -– Cronologia -– 14 de maio de 2012)

 

 

Em 17 de março de 1969, Golda Meir torna-se primeira-ministra de Israel. Ela ficou no cargo até 1974.

(Fonte: Zero Hora – ANO 51 – Nº 18.052 – 17 de março de 2015 – Almanaque Gaúcho/ Ricardo Chaves – Pág: 36)

 

 

10 de abril de 1974 – A primeira-ministra israelense, Golda Meir, renunciou ao cargo por divergências dentro do Partido Trabalhista e críticas ao seu governo.
(Fonte: http://www.guiadoscuriosos.com.br/fatos_dia – 10 de abril)

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